Corinthians: Promotor Sugere Intervenção Judicial ao MP por Gastos Suspeitos

A integridade administrativa do Sport Club Corinthians Paulista encontra-se sob escrutínio severo, com uma proposta de intervenção judicial formalmente apresentada ao Ministério Público. A sugestão partiu do promotor Cássio Roberto Conserino, figura central na investigação de despesas questionáveis de dirigentes do clube, conforme noticiado pelo GE e corroborado pelo Estadão.

Diante da gravidade da situação, o Corinthians optou por não emitir posicionamento oficial. A iniciativa de Conserino foi materializada em uma representação dirigida à Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social, que agora detém a prerrogativa de avaliar a viabilidade da medida. É relevante notar que, embora atuante no âmbito do MP, a especialidade do promotor Conserino reside na esfera criminal, o que o coloca fora da alçada direta para propor tal intervenção.

No documento protocolado, o promotor delineia um conjunto de 25 justificativas, todas extraídas do inquérito em andamento, que sustentam a imperiosidade de submeter o clube do Parque São Jorge a uma intervenção judicial.

Corinthians Sob Ameaça: A Proposta de Intervenção Judicial e Seus Fundamentos

A investigação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) sobre o manejo inadequado de recursos no Corinthians teve seu pontapé inicial em agosto do ano corrente. A ação foi desencadeada após uma reportagem do GE trazer à luz movimentações financeiras consideradas suspeitas durante a gestão de Duílio Monteiro Alves.

Um dos exemplos mais flagrantes das irregularidades apontadas refere-se a um gasto de R$ 32,5 mil, efetuado apenas na última semana de outubro de 2023, em um estabelecimento denominado Oliveira Minimercado. As apurações da promotoria revelaram que o endereço indicado para o suposto comércio não exibe "qualquer comércio ou resquício de comércio".

A lista de despesas controversas é extensa, abrangendo desde itens de consumo básico a artigos de luxo e até mesmo produtos inusitados. Foram constatadas aquisições de cerveja, picanha, sorvete, uma variedade de frutas e legumes, produtos de limpeza como água sanitária e amaciante, além de detergentes, pizzas, peixes, doces, isqueiros, flores, ração animal, bijuterias femininas e até mesmo um cachorro de pelúcia.

Gastos Questionáveis: O Rastro das Despesas Indevidas no Timão

À época em que as informações vieram à tona, o então presidente Duílio Monteiro Alves se manifestou sobre as acusações, buscando esclarecer a situação. Ele declarou: "Supostas planilhas e faturas da minha gestão, divulgadas em perfis anônimos com objetivo político de assassinar reputações nas redes sociais, requeri ao clube acesso a tais documentos, a fim de que pudesse checar sua veracidade."

A controvérsia em torno do uso indevido de cartões corporativos já havia ganhado destaque semanas antes, em junho, quando faturas detalhadas do cartão do clube foram vazadas em plataformas digitais.

Nesse contexto, o ex-presidente André s Sanchez admitiu ter utilizado o cartão, alegando um equívoco ao confundi-lo com seu próprio cartão pessoal durante uma viagem de Réveillon entre o final de 2020 e o início de 2021. O montante envolvido foi de R$ 9.416, e em entrevista ao Estadão, ele assegurou ter efetuado o ressarcimento ao clube no valor de R$ 15 mil.

Escândalos Passados e Denúncias Atuais: A Situação de Ex-Dirigentes

Em desdobramentos mais recentes, no mês de outubro, André s Sanchez e Roberto Gavioli, então diretor financeiro do clube, foram formalmente denunciados pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP). As acusações incluem crimes de apropriação indébita e lavagem de dinheiro. Além disso, André s permanece sob suspeita de falsidade de documento tributário.

Há, ainda, um pedido para a constituição de crédito tributário em relação ao ex-mandatário, motivado por acréscimos patrimoniais considerados ilícitos. Como consequência das denúncias, Gavioli foi desligado de suas funções pelo clube, enquanto André s solicitou seu afastamento do Conselho Deliberativo (CD), onde detém uma cadeira vitalícia, e do Conselho de Orientação (Cori), do qual é membro nato.

A defesa de André s argumenta que o tratamento dado ao caso por Conserino é "espetacularizado", e protocolou um pedido de anulação da denúncia junto à Justiça. Gavioli, por sua vez, manifestou-se apenas uma vez, afirmando que está em contato com seu advogado e que se pronunciará no momento oportuno.