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Bastidores: Como Bruno Spindel atuou no Corinthians antes do recuo

Por Redação FuTimão em 28/12/2025 05:45

O desfecho das negociações entre Corinthians e Bruno Spindel revelou uma dinâmica de bastidores muito mais avançada do que a nota oficial de encerramento sugeriu no último sábado. Antes de o acordo ser descartado, o ex-dirigente flamenguista já operava de maneira informal dentro da estrutura alvinegra, buscando diagnosticar os gargalos e as possibilidades para o ciclo que se inicia. Enquanto o Timão optou por Marcelo Paz e Spindel seguiu para o Cruzeiro, os registros de sua breve passagem mostram um planejamento que visava austeridade e reforços de peso.

A incursão de Spindel nos processos internos do Parque São Jorge teve início imediato após o sinal positivo dado na última quarta-feira. O profissional concentrou seus esforços iniciais no departamento financeiro, tentando compreender a viabilidade do futebol profissional diante de um cenário restritivo. O planejamento apresentado ao executivo indicava uma necessidade de redução orçamentária drástica, com uma projeção de corte de aproximadamente 30% nos gastos para a temporada de 2026.

Nesse período, o foco foi o mapeamento do fluxo de caixa. Spindel buscava alinhar as futuras movimentações de mercado com as exigências de contenção de despesas impostas pela cúpula do clube. Além da análise macroeconômica, o dirigente voltou seus olhos para a base, monitorando jovens promessas que pudessem ser integradas rapidamente ao elenco principal, servindo como uma alternativa de baixo custo para encorpar o grupo comandado pela comissão técnica.

A tentativa de repatriar Gerson e o planejamento de mercado

Um dos pontos mais contundentes da atuação silenciosa de Spindel foi a movimentação em torno do meio-campista Gerson. Utilizando a proximidade construída com o estafe do atleta em anos anteriores, o dirigente abriu conversas para entender as condições contratuais do jogador junto ao Zenit, da Rússia. O objetivo era audacioso: estruturar um projeto que viabilizasse o retorno do volante ao futebol brasileiro sem que o Corinthians precisasse arcar com custos de transferência imediatos.

As sinalizações obtidas nas primeiras sondagens foram interpretadas como promissoras. Spindel aguardava apenas a assinatura formal de seu vínculo com o Alvinegro para transformar as conversas preliminares em uma investida oficial. O plano era apresentar ao jogador um projeto de carreira sólido, fundamentado na nova política de gestão que ele pretendia implementar no departamento de futebol.

Entretanto, o progresso nessas frentes de trabalho esbarrou na estagnação das tratativas contratuais do próprio executivo. Mesmo com o interesse mútuo manifestado inicialmente, a falta de evolução nos termos finais gerou um desconforto que culminou na retirada do nome de Spindel da pauta corintiana. O recuo foi motivado por uma série de divergências que iam além da questão técnica ou esportiva.

Divergências financeiras e entraves políticos no Parque São Jorge

Embora o departamento financeiro tenha alegado que as pretensões salariais de Spindel ultrapassavam o teto estabelecido, os números de bastidores contam outra história. O montante solicitado pelo dirigente era, na realidade, cerca de 40% inferior aos vencimentos recebidos por Fabinho Soldado, o antigo gestor da pasta. O impasse financeiro parece ter sido utilizado como uma justificativa para frear a contratação diante de pressões externas.

Ponto de Conflito Contexto do Impasse
Questão Salarial Alegado excesso orçamentário, apesar de valor 40% menor que o antecessor.
Estrutura de Apoio Exigência de manter Renan Bloise contra planos de reformulação da gestão.
Relação Interna Histórico desgastado com o técnico Dorival Júnior desde os tempos de Flamengo.
Cenário Político Questionamentos do presidente Osmar Stábile e irritação com vazamentos.

Outro fator determinante para o colapso do acordo foi a exigência de Spindel em manter o gerente Renan Bloise em sua equipe de trabalho. A atual administração do Corinthians tem como meta uma reformulação profunda no setor, visando afastar profissionais que possuam ligações diretas com gestões passadas. Esse choque de visões sobre a composição do organograma administrativo tornou-se um obstáculo intransponível.

No campo político, a resistência foi encabeçada pelo presidente Osmar Stábile. O mandatário demonstrou ceticismo quanto ao perfil de Spindel para liderar um período de severos cortes financeiros. Somado a isso, a exposição excessiva das negociações na mídia e o histórico de atritos com o técnico Dorival Júnior ? remanescentes de uma renovação frustrada no Flamengo em 2022 ? pesaram negativamente na balança, selando o destino do executivo longe de Itaquera.

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