Corinthians é o 3º clube com mais lesões no Brasil em 10 anos

O desgaste físico no futebol brasileiro é um debate recorrente, mas os números da última década trazem uma perspectiva alarmante sobre a integridade dos atletas. Em um levantamento detalhado que completa dez anos nesta temporada, o Corinthians surge em uma posição desconfortável, ocupando o terceiro lugar entre as equipes da Série A com o maior volume de baixas médicas. O cenário levanta questionamentos sobre a carga de jogos e os métodos de prevenção, especialmente diante de casos que beiram o inacreditável, como o do meia Ruan Oliveira.

Dentro desse contexto de alta exigência, as discussões sobre a eficiência dos departamentos médicos ganham força. Em programas esportivos, a situação de clubes rivais também é monitorada com rigor, gerando comentários como ?Tem alguma coisa muito errada? ao analisar a recorrência de problemas físicos em elencos de alto investimento. Para o Corinthians , o desafio tem sido equilibrar um calendário asfixiante com a manutenção de seus principais ativos em campo.

Ao longo dos últimos dez anos, o Timão registrou um total de 431 contusões. Esse montante coloca o clube atrás apenas de São Paulo e Grêmio no ranking nacional. O ano de 2022 foi particularmente severo para o Alvinegro, quando o departamento médico recebeu 64 atletas ao longo da temporada. Naquele período, nomes como Fagner e Willian foram presenças constantes no DM, cada um com cinco afastamentos registrados, enquanto Paulinho enfrentou o drama de uma ruptura de ligamento que o retirou de quase 50 partidas.

Desempenho do Corinthians no Ranking Nacional de Lesões

Embora o volume total de casos seja elevado, a análise estatística permite uma visão mais ampla sobre como o Corinthians se posiciona em relação aos seus pares. Quando observamos a média de lesões por temporada, o clube mantém uma regularidade preocupante, mas que reflete a realidade de quem disputa todas as competições em alto nível. Abaixo, apresentamos a comparação entre os cinco clubes que mais sofreram com problemas médicos na última década.

Curiosamente, o Corinthians apresenta um contraponto interessante à sua alta taxa de incidência: a agilidade no tratamento. O clube detém a melhor média de tempo de recuperação entre todos os analisados na elite do futebol nacional. Enquanto um jogador do Vasco, líder em gravidade, leva quase 50 dias para retornar, um atleta corintiano gasta, em média, 31,42 dias sob os cuidados dos fisioterapeutas e médicos do clube antes de voltar a ser relacionado.

Foto: (Miguel Schincariol/Getty Images)

O Caso Ruan Oliveira e a Eficiência do Departamento Médico

Apesar da rapidez média na devolução de atletas ao gramado, o Corinthians é o detentor de um recorde negativo individual. O meia Ruan Oliveira enfrentou um calvário físico entre 2020 e 2024, acumulando impressionantes 1.386 dias em tratamento devido a sucessivas lesões no joelho. O atleta, que pouco conseguiu atuar pelo Timão nesse intervalo, exemplifica o limite extremo da medicina esportiva e a resiliência necessária para não encerrar a carreira precocemente.

Outro nome que figura com frequência nos registros médicos é o do zagueiro Manoel, com passagens pelo Corinthians , Cruzeiro e Fluminense, somando 21 entradas no DM na última década. Esses dados reforçam a necessidade de um olhar mais crítico sobre a prevenção individualizada. O mapa das lesões no Brasil aponta a coxa como o principal ponto de vulnerabilidade, responsável por mais de 3.500 ocorrências, seguida pelo joelho e tornozelo.

Em suma, os dados de dez anos de monitoramento revelam que o Corinthians , embora sofra com um número alto de interrupções clínicas, possui uma estrutura de saúde que consegue reabilitar seus jogadores com velocidade superior à dos rivais. No entanto, a recorrência de problemas em anos específicos, como o fatídico 2022, sugere que há margem para aprimorar os processos de preparação física para evitar que o DM seja, novamente, o setor mais movimentado do clube.