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Corinthians: Investigação de Ex-Presidentes e o Futuro Alvinegro
Por Redação FuTimão em 09/09/2025 08:12
O Conselho Deliberativo do Corinthians iniciou um procedimento investigatório minucioso para apurar supostas irregularidades financeiras em períodos recentes de gestão. Três ex-presidentes ? Andrés Sanchez, Duilio Monteiro Alves e Augusto Melo ? estão sob escrutínio, em um processo que, embora em fase inicial, pode culminar em sanções administrativas severas, incluindo a expulsão do quadro associativo do clube. O presidente do Conselho, Romeu Tuma Jr., externou a ambição do clube em alcançar patamares de excelência, afirmando: "A gente quer ser o Flamengo".
Esta apuração interna surge a partir de nove representações protocoladas por sócios e conselheiros, motivadas por denúncias veiculadas na imprensa. A investigação, que cobre o período de 2018 a 2025, está agora sob a responsabilidade da Comissão de Justiça, que terá a tarefa de verificar as acusações de uso indevido de cartão corporativo e outras despesas questionáveis.
É importante notar que o escopo desta investigação interna no Parque São Jorge é similar ao de um inquérito aberto pelo Ministério Público de São Paulo. Contudo, a finalidade no âmbito do clube é distinta: identificar infrações ao estatuto corintiano que possam justificar punições administrativas, diferentemente da esfera criminal ou cível.
Detalhes das Acusações: O Que Pesa Sobre os Ex-Presidentes
As denúncias que motivaram a investigação apontam para diferentes níveis de supostas irregularidades. Andrés Sanchez, por exemplo, admitiu publicamente ter utilizado o cartão corporativo para despesas pessoais em uma das situações investigadas, efetuando o ressarcimento ao clube. No entanto, outras utilizações supostamente impróprias de recursos já vieram à tona e são objeto de análise.
No que diz respeito a Duilio Monteiro Alves, reportagens revelaram que o Corinthians teria arcado com uma série de produtos e serviços de caráter pessoal durante sua gestão. Além disso, pairam suspeitas de emissão de notas fiscais fraudulentas e gastos envolvendo empresas tidas como de fachada.
Augusto Melo também foi incluído na apuração pelo Conselho, espelhando a ação do Ministério Público, mesmo que não haja informações públicas detalhadas sobre ilegalidades em suas despesas. Sua gestão, contudo, foi marcada por um processo de impeachment relacionado ao contrato de patrocínio com a VaiDeBet.
Para maior clareza, os pontos de investigação podem ser resumidos na tabela a seguir:
| Ex-Presidente | Período de Investigação (parte da gestão) | Alegações Principais |
|---|---|---|
| Andrés Sanchez | 2018 em diante | Uso de cartão corporativo para gastos pessoais (admitido e ressarcido em um caso, outras utilizações sob apuração) |
| Duilio Monteiro Alves | 2021-2023 | Pagamento de produtos e serviços pessoais, suspeita de notas fiscais frias e envolvimento com empresas de fachada |
| Augusto Melo | 2024-2025 (parte) | Não há informações públicas sobre ilegalidades em despesas (inclusão na apuração semelhante à do MP) |
A Complexidade do Processo: Justiça e Ética no Conselho
A condução da investigação está a cargo da Comissão de Justiça, que iniciou os trabalhos com a aprovação de um roteiro detalhado, seguido pela emissão de ofícios e requisição de documentos. Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo, esclareceu a distinção entre as comissões:
Quando vai para a Comissão de Ética é um fato determinado com a pessoa já apontada. É uma acusação contra fulano de tal com a infração sinalizada. Por exemplo, uma agressão dentro do clube. No caso do cartão, as pessoas acham que é isso ou aquilo e não há regulamentação. É um caso complexo e deveria ter uma fiscalização, por isso envolve uma investigação que implica mais de uma pessoa. Vai para a Comissão de Justiça para fazer uma análise e investigação para apontar que fulano cometeu infração estatutária e daí vai para a Ética
O processo na Comissão de Justiça não possui um prazo legal definido para sua conclusão. Somente após essa fase, as descobertas serão encaminhadas à Comissão de Ética, que então processará as informações para responsabilizar os envolvidos, considerando as condutas individuais. Apenas na Comissão de Ética há prazos estatutários para a finalização dos procedimentos.
Tuma Jr. reforçou o compromisso com a responsabilização, independentemente de quem seja envolvido.
Está tudo sendo apurado e oportunamente, quando a comissão encontrar algo, todos estão sujeitos a serem responsabilizados. Seja quem for, todos estão sujeitos a responder o devido processo legal
Imparcialidade e Celeridade: O Papel da Liderança do Conselho
Para garantir a celeridade do processo, o presidente do Conselho determinou que Leonardo Pantaleão, que ocupa as funções de vice-presidente do Conselho Deliberativo e presidente da Comissão de Ética, acompanhe de perto o andamento dos trabalhos da Comissão de Justiça. Pantaleão, que deixou o cargo de superintendente jurídico da diretoria ao ser eleito para a vice-presidência do Conselho, tem como missão destravar diversas apurações pendentes na Comissão de Ética.
Pantaleão detalhou a relação entre as duas comissões, sublinhando a independência, mas também a complementariedade:
São comissões independentes, uma não está vinculada à outra. Mas a Justiça dá embasamento para a Ética. Só posso instaurar um processo de punição a alguém a partir do momento em que conheço o comportamento dela, isso quem está apurando é a Comissão de Justiça. Quando chegar na Comissão de Ética, vamos ter fatos mais claros. Diante disso, poderemos mapear os níveis de responsabilidade de cada um. É exatamente isso o que a Comissão de Justiça está fazendo. Não quer dizer que eles terão um prazo infinito, há o bom-senso e a cobrança
Com a eleição de Osmar Stabile para o mandato-tampão como presidente do Corinthians , até o final de 2026, é esperada uma série de mudanças na composição das comissões. Conselheiros estão sendo convidados para assumir postos na diretoria, como Pedro Luis Soares, que substituiu Pantaleão como diretor de negócios jurídicos. Essas movimentações, no entanto, não devem comprometer o andamento das investigações.
Credibilidade Acima de Tudo: A Busca por Transparência
Leonardo Pantaleão enfatizou a importância de resgatar a credibilidade do clube, que, segundo ele, tem sido bastante abalada. Sua postura é de rigor e imparcialidade, rechaçando qualquer possibilidade de "passar pano" ou agir sob pressão.
O clube tem sofrido muito com isso, temos que resgatar a credibilidade. Só vamos resgatar agindo como devemos agir. O que significa isso? Passar pano? Pelo contrário. Quero deixar claro isso. Disse ao Tuma que minha eleição será pautada por uma imparcialidade absoluta. A comissão não vai agir em cima de pressão, independentemente do que aconteça, do que seja veiculado. A comissão não é um local de vingança, é um local de credibilidade
O vice-presidente do Conselho também abordou o andamento do processo em que o próprio Romeu Tuma Jr. é acusado de conduzir o Conselho de forma parcial e de prejudicar a imagem do Corinthians com declarações públicas. Pantaleão, que teve o apoio de Tuma em sua eleição, garantiu que a lei será aplicada a todos, sem distinções.
Jamais eu vou aplicar aquela premissa de 'aos amigos, os favores; aos inimigos, a lei'. Isso não vai acontecer na Comissão de Ética. A lei vale para todos. Já tive a oportunidade de observar todos os procedimentos, pedi andamento de todos, cada um em sua fase específica. Fixei prazos para os colegas para termos celeridade e resgatar aquilo que falta ao Corinthians: credibilidade.
Pantaleão concluiu assegurando que todos os processos terão seguimento, incluindo o que envolve o presidente Romeu Tuma.
A mesma coisa aconteceu no processo que diz respeito ao presidente Romeu Tuma. Chegou o processo, vi que estava parado e, consequentemente, determinei o imediato seguimento do processo. Não há processo que ficará parado, todos serão levados para julgamento.
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