Corinthians em Xeque: MP de SP Inicia Inquérito para Avaliar Intervenção Judicial

A Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social do Ministério Público de São Paulo deu início, nesta sexta-feira, a um inquérito civil que visa apurar a viabilidade de uma intervenção judicial no Sport Club Corinthians Paulista. A medida representa um passo significativo em meio a um período conturbado para a instituição alvinegra.

A solicitação para a abertura deste inquérito partiu do promotor Cassio Conserino, figura central nas investigações sobre o uso indevido de cartões corporativos do clube por ex-dirigentes. Em virtude de sua atuação na esfera criminal, Conserino encaminhou a representação a uma promotoria civil, que agora conduzirá os próximos passos da apuração.

O processo investigativo, sob a responsabilidade do Ministério Público, permitirá a realização de diversas diligências, incluindo a requisição de documentos, a coleta de depoimentos e a execução de perícias. O desfecho dessa investigação pode culminar no ajuizamento de uma ação civil pública, com consequências potencialmente profundas para a estrutura administrativa do clube.

Ao acolher a proposta de Conserino, o promotor Luiz Ambra Neto enfatizou a seriedade das acusações, declarando que "os indícios de ilícitos cíveis e criminais reforçam a necessidade de apuração dos fatos, até mesmo com apreciação de questões internas do clube, as quais possivelmente repercutem e contribuem para o cenário caótico." Ambra Neto também fez um apontamento contundente: "a imagem de inadimplente que assola e prejudica o Sport Club Corinthians Paulista é fruto de gestões desastrosas, consolidando-se ano a ano." A fim de preservar a integridade da investigação e a confidencialidade de certas provas, o promotor decretou sigilo nos autos do processo.

A Gravidade da Situação: Por Que o MP Pondera a Intervenção?

Em sua representação, o promotor Cassio Conserino elencou um total de 25 motivos que, em sua visão, justificam a necessidade de uma ação judicial para nomear um interventor temporário na gestão do Corinthians . Estes argumentos pintam um quadro de desorganização e suspeitas de irregularidades em diversas esferas do clube.

A seguir, uma tabela detalha os principais pontos levantados por Conserino, que fundamentam a solicitação de intervenção judicial:

Desafios Institucionais: Casos de Uso Indevido e Desvios

Cassio Conserino, o promotor que lidera a investigação sobre gastos irregulares com cartões corporativos do Corinthians , já havia formalizado denúncias contra André s Sanchez e Roberto Gavioli. Gavioli, que atuava como superintendente financeiro na gestão atual, foi afastado de suas funções após as acusações. Conserino descreveu a situação com clareza: "O cartão empresarial era utilizado como se fosse privado. Houve uma inversão da propriedade e um dos denunciados, o ex-presidente, passou a dispor desse cartão como se proprietário fosse e fez inúmeras compras particulares. Não digo uma, eu digo inúmeras compras particulares."

Outro ex-presidente, Duílio Monteiro Alves, também se encontra sob investigação. Tanto ele quanto André s Sanchez afirmam ter ressarcido o clube pelos gastos identificados como pessoais. As apurações continuam a desvendar o alcance e a natureza dessas transações.

Um dos casos de grande repercussão que integra a representação de Conserino é o suposto esquema de desvio de materiais esportivos do clube. Uma auditoria interna revelou que a quantidade de itens retirados excedeu em quase 300% a cota anual permitida pelo contrato com a Nike. Imagens de uniformes especiais do Corinthians , incluindo aqueles com patches da NFL, foram citadas em relatório como solicitações de Armando Mendonça, adicionando mais uma camada de complexidade às investigações sobre a gestão de recursos e bens do clube.