Corinthians 2025: Retrospectiva completa de títulos e bastidores

O encerramento da temporada 2025 deixa o torcedor corintiano em um estado de dualidade raramente visto na história do clube. Enquanto as prateleiras do Parque São Jorge ganharam dois novos troféus de peso, os corredores políticos fervilharam com uma instabilidade que quase comprometeu o desempenho esportivo. O Corinthians encerra o ciclo anual com a alma lavada pelas vitórias em campo, mas com o sinal de alerta ligado diante de uma realidade financeira e administrativa severa.

Para compreender o que foi este ano, é preciso observar o balanço final das competições disputadas. O Alvinegro demonstrou uma resiliência impressionante, transformando momentos de incerteza em combustível para conquistas memoráveis, especialmente em torneios de mata-mata, onde o peso da camisa se fez presente nos momentos decisivos.

Supremacia em Copas e a Glória sobre o Rival

O ponto alto de 2025 foi, sem dúvida, a conquista do tetracampeonato da Copa do Brasil. Sob o comando de Dorival Júnior, o time apresentou uma postura vibrante e organizada na reta final. A classificação heroica contra o Cruzeiro, garantida pelas mãos de Hugo Souza nos pênaltis, pavimentou o caminho para a decisão contra o Vasco. No Maracanã, o brilho individual de Memphis Depay e Yuri Alberto assegurou o título e a vaga direta na fase de grupos da Libertadores de 2026.

Além do cenário nacional, o âmbito estadual devolveu ao corintiano um orgulho ferido. Após seis anos de jejum no Paulistão, o Corinthians levantou a taça em plena Neo Química Arena. A campanha sólida na primeira fase permitiu a vantagem de decidir em casa contra o Palmeiras. Após uma vitória magra no Allianz Parque, o empate sem gols em Itaquera foi o suficiente para selar o triunfo sobre o maior rival, em um dos momentos de maior comunhão entre elenco e arquibancada.

Outro marco inesquecível da temporada foi a eliminação do Palmeiras nas oitavas de final da Copa do Brasil. O tabu histórico em competições nacionais foi quebrado com uma vitória categórica por 2 a 0 na casa adversária. O resultado não apenas impulsionou o Timão para o título, mas também gerou uma forte instabilidade no rival, evidenciando a força mental do elenco alvinegro em confrontos diretos.

Instabilidade Administrativa e o Peso das Dívidas

Enquanto o campo entregava alegrias, os bastidores do Corinthians viviam dias de extrema tensão. O processo de impeachment de Augusto Melo, que se arrastava desde o início do ano, foi finalmente ratificado pelos sócios após meses de incerteza política. A queda do mandatário ocorreu em meio a um cenário financeiro alarmante, com uma dívida consolidada na casa dos R$ 2,7 bilhões, exigindo uma reestruturação imediata sob a nova liderança de Marcelo Paz no futebol.

A gestão temerária também resultou em sanções desportivas graves. O clube foi atingido por um transfer ban imposto pela FIFA, decorrente de pendências financeiras com o Santos Laguna, do México, relativas à contratação de Félix Torres. Essa punição impede, até o momento, a inscrição de novos reforços, o que coloca um desafio hercúleo para a próxima diretoria na montagem do elenco para os desafios que virão.

O impacto dessa desorganização refletiu diretamente no Campeonato Brasileiro. O Corinthians flertou com a parte de baixo da tabela durante boa parte do certame, terminando em uma modesta 13ª posição. A oscilação técnica foi evidente, e o time só conseguiu focar plenamente nas copas após a CBF reorganizar o calendário, permitindo que a reta final da Copa do Brasil fosse disputada após o término dos pontos corridos.

Trocas no Comando e Decepções Internacionais

A jornada técnica em 2025 foi marcada por transições forçadas. Ramón Díaz iniciou o ano com bons números no estadual, mas não resistiu à eliminação precoce na Libertadores e ao início titubeante no Brasileirão. A tentativa de repatriar Tite esbarrou em questões de saúde do treinador, o que levou à contratação de Dorival Júnior. O novo técnico soube blindar o vestiário das polêmicas políticas e extrair o melhor de peças-chave do ataque.

No entanto, o desempenho em competições continentais deixou a desejar. A queda para o Barcelona de Guayaquil ainda na fase preliminar da Libertadores foi um golpe duro nas finanças e na expectativa da torcida. Mesmo com a "repescagem" para a Copa Sul-Americana, o rendimento foi irregular contra adversários de menor expressão, evidenciando que o elenco sofria para manter a concentração em múltiplas frentes diante de tamanha turbulência externa.

Ao fim da temporada, as declarações ácidas de Fabinho Soldado e Memphis Depay contra a politicagem interna do clube serviram como um lembrete de que as taças não apagam os problemas estruturais. O Corinthians encerra 2025 no topo do pódio, mas ciente de que a reconstrução institucional é o único caminho para que o sucesso esportivo não seja apenas um lampejo em meio ao deserto administrativo.