- FuTimão
- Yuri Alberto: A Jornada de Superação no Corinthians, Terapia e Busca pela Copa do Mundo
Yuri Alberto: A Jornada de Superação no Corinthians, Terapia e Busca pela Copa do Mundo
Por Redação FuTimão em 24/10/2025 12:33
A trajetória de Yuri Alberto no Corinthians tem sido um verdadeiro enredo de contrastes, oscilando entre momentos de grande êxito e profundas adversidades. O atacante, que atualmente se destaca como uma das peças-chave do elenco, não hesita em revisitar os períodos mais desafiadores de sua carreira, marcados por uma intensa pressão e questionamentos.
A fase mais delicada, segundo o próprio jogador, ocorreu no Parque São Jorge, quando o desempenho abaixo do esperado o transformou em alvo de chacota, inclusive entre setores da própria torcida. Tão severo foi o impacto que a ideia de deixar o clube chegou a ser considerada.
"Foi muita humilhação", desabafou o atleta.
"Emocionalmente foi muito pesado. 'Não consigo, não consigo, vou jogar a toalha'", recordou o atacante, evidenciando o abismo psicológico que enfrentou.
O Fundo do Poço e a Virada Mental
A recuperação do atacante não foi obra do acaso. Yuri buscou apoio profissional, iniciando um processo de terapia que se mantém até hoje, mesmo após reconquistar a confiança da torcida e formar, ao lado de Garro e Memphis, o aclamado trio "GYM", peça central do Corinthians na temporada. Essa assistência profissional foi determinante para sua resiliência.
"Teve muito cara que passou por bem menos e jogou a toalha. Esse meu jeito meio avoadão pode ter me ajudado. Se é um cara mais sistemático, endoida. Eu tocava na bola, os caras vaiavam. Eu saí e fui vaiado. Foi a gota d?água", ponderou o centroavante, que recentemente recebeu um indicativo de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). A intensidade dos acontecimentos na vida de Yuri e no Corinthians foi tamanha que a entrevista precisou ser dividida em duas partes.
Em um período posterior à primeira conversa, Yuri Alberto foi submetido a uma cirurgia de hérnia inguinal. Ao retornar aos gramados, protagonizou um episódio de pênalti perdido com uma "cavadinha" mal executada contra o Flamengo. Contudo, na mesma partida, marcou um gol e celebrou-o com lágrimas, num misto de emoções.
"É uma coisa que aprendi da pior maneira. Foi da pior maneira, mas é continuar trabalhando que não vai ser essa cavadinha que vai definir quem é o Yuri Alberto ", afirmou, demonstrando sua capacidade de superação.
Cavadinha, Críticas e Amadurecimento em Campo
O camisa 9 do Timão também refletiu sobre o incidente de janeiro do ano passado, quando o então técnico Mano Menezes o questionou publicamente com um "você é burro?" após uma falta no ataque. Para Yuri, a situação, embora humilhante, serviu como um catalisador para seu amadurecimento.
"Querendo ou não, de alguma forma, aquilo me amadureceu. A minha postura também foi positiva, sabe? Meu pai me ensinou uma vez que a gente nunca paga na mesma moeda. Nunca se paga o mal com o mal. É dessa forma que eu levo a minha vida", declarou o atacante, revelando uma filosofia pessoal que o guia em momentos de adversidade.
Com a confiança em ascensão, Yuri Alberto mantém acesa a chama do sonho de integrar a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2026. Mesmo com poucas Datas Fifa restantes para as convocações decisivas, o atacante não desiste, percebendo que a concorrência pela posição de centroavante está em aberto.
"A minha agressividade, acho que são poucos jogadores assim. Pode ser que o Vitor Roque, está começando a se encontrar agora também. Quem mais? É difícil (encontrar) essa característica", analisou o jogador, destacando seu perfil único.
A Força do Trio GYM e o Sonho da Seleção
A sinergia entre Yuri Alberto , Garro e Memphis, apelidada de "Trio GYM", tem sido fundamental para o desempenho do Corinthians . O atacante expressa satisfação com o apelido e descreve a relação com os companheiros como um fator de completude em campo, onde a ausência de um é sentida pelos outros. Essa conexão transcende o campo, contribuindo para os bons resultados.
"Parece que a gente meio que se completa, sabe? Desde a chegada do Memphis no ano passado, o entrosamento nosso é muito bom. Quando eu jogo sem ele, sinto muita falta. Quando ele joga sem mim, sem o Garro também, acho que o jogo fica um pouco mais complicado para ele poder tomar uma decisão, ter um pouco mais de agressividade e chance no campo de ataque", detalhou.
O jogador enfatiza que a boa relação fora das quatro linhas impulsiona os resultados em campo, citando a união do grupo mesmo nos momentos mais difíceis, sem atritos internos. Essa coesão foi crucial para a reviravolta no final do Campeonato Brasileiro passado e na conquista do Campeonato Paulista.
"No final do ano passado foi muito lindo o que a gente fez, a reviravolta, a nossa defesa, o nosso meio também, a gente foi muito bem. E na conquista do Paulistão, né? Eu fiz pouquíssimos gols no Paulistão, mas foi tudo com assistências do Garro e dele. Foram cinco gols. E os cinco gols foram no clássico, nos jogos mais importantes para nós no Paulista", relembrou.
Yuri Alberto reconhece que a vida no Corinthians é uma "novidade toda semana", com constantes altos e baixos. Contudo, ele encara essa realidade como um fator de fortalecimento, mantendo o foco no desempenho em campo, onde sua capacidade de intervenção é real.
"Sim, toda semana é uma novidade. Eu estou acostumado com isso, passei o meu pior momento aqui. São coisas que nos fortalecem, sabe? Lógico que às vezes é complicado, mas a gente tem que se manter o máximo concentrado no que pode fazer dentro de campo, porque fora dele a gente não pode mudar nada", ponderou.
Batalhas Contra Lesões e a Recuperação Incansável
A carreira de Yuri Alberto também foi marcada por lesões significativas. Uma fratura na vértebra causou grande susto, mas o atacante assegura não sentir mais dores, atribuindo a recuperação precoce ao trabalho intenso e à dedicação pessoal, inclusive durante as férias.
"Eu não sinto dor. Eu voltei bem antes, graças a Deus e ao bom trabalho de todos do clube e ao meu também, particular. Nas minhas férias também abdiquei de muita coisa para poder me recuperar logo. O osso ainda precisa calcificar completamente. Eu estou muito seguro, muito confiante", afirmou.
Ele descreveu o momento da lesão na vértebra, após uma dividida com Scarpa, como um grande susto, pela intensidade da dor e o risco envolvido. A notícia da fratura no vestiário foi um choque, especialmente pelo temor de uma cirurgia e um longo período de afastamento, que na prática foi encurtado pela sua dedicação.
"Fiquei muito assustado na hora. Eu tinha recém-entrado no jogo e fui dividir uma bola com o Scarpa. Ele virou de costas e pulou, e eu só virei. Só que nessa que ele virou e pulou, a ponta do quadril dele pegou bem no meio aqui. Eu senti uma dor. Eu já tinha tomado uma porrada dessa, só que, nessa porrada que eu tomei, a minha perna dormiu. Nesta, minha perna não dormiu, eu só senti uma dor interna muito forte, queimava. Quando eu caí, os caras pedindo para eu levantar e não conseguia. O Cacá veio e me levantou. Eu meio que tentei dar umas mexidas, doía e eu encurvado. Eu voltei, e o jogo acabou em dois minutos. Se o jogo fosse durar um pouco mais, eu ia continuar. Foi uma loucura. E poderia desviar, poderia fazer qualquer coisa ali. Foi um perigo muito grande", narrou.
A hérnia inguinal foi outra intercorrência. Yuri revelou que a condição já havia sido diagnosticada no ano anterior, mas a cirurgia só ocorreu mais tarde. Sua disciplina na alimentação e descanso foi crucial para uma recuperação rápida, permitindo seu retorno em tempo recorde.
"Em todas as operações eu tive uma recuperação muito boa, porque a minha alimentação é muito boa, o meu descanso é muito bom. Como a gente estava falando da lesão na coluna, e a relação dela com púbis também. Quando eu machuquei a coluna, tiveram alguns exercícios que não podia fazer, porque, se comprimisse muito o abdômen, criava uma pressão estranha que doía muito. Eu tinha dificuldade de fazer. Eu fui retornando ao campo sem fazer esses exercícios, que eram muito necessários, ainda mais que eu sou um cara que, durante os treinos e os jogos, finalizo bastante, então tenho que estar com essa parte muscular muito forte", explicou.
A experiência com campos sintéticos também foi abordada, com o atacante expressando desconforto. Ele destaca que, para atletas acostumados à grama natural, a superfície artificial pode gerar impacto negativo em tornozelos, joelhos e na lordose, devido à rigidez do piso.
| Atleta | Yuri Alberto Monteiro da Silva |
|---|---|
| Idade | 24 anos |
| Profissão | Jogador de Futebol |
| Clubes | Santos, Internacional, Zenit (Rússia), Corinthians |
| Títulos | Campeonato Paulista (2025), Liga Russa (2011/2022), Campeonato Sul-Americano Sub-17 (2017) |
A Vida Fora dos Gramados: Família, Carro e Projeto Social
Fora dos gramados, Yuri Alberto possui um estilo de vida que concilia discrição familiar com alguns toques de excentricidade, como seu carro lilás, que, segundo ele, não tinha a intenção de ser tão chamativo, mas se tornou único. Ele se vê mais próximo do perfil "família" de Garro do que do lado midiático de Memphis.
"E você acredita que não era a minha intenção chamar tanta atenção assim? É que, quando fui comprar esse carro, os caras falaram: 'Mano, você vai comprar um carro assim, tem que ser um carro único, para quando você for repassar para alguém ser o único no Brasil'. Eu fui e peguei aquele. Nossa, mas é bonito, hein. Mas eu não posso andar em lugar nenhum mais", comentou.
Sua relação com as redes sociais é distante, priorizando o contato direto e a família. Ele usa a função "não perturbe" e prefere ser contatado por telefone. Apenas acessa aplicativos para acompanhar esportes como tênis.
"(Função) Não perturbe. Acabou o jogo, é só: 'Pai, pode vir que eu já me troquei'. Ou entro para postar alguma coisa, ou quando os moleques mandam alguma coisa. Só que quando os moleques mandam alguma coisa, eles já me avisam no WhatsApp, porque sabem que eu não entro no Instagram direto. O legal é encontrar esse ponto de equilíbrio para poder lidar bem com todos os problemas", explicou.
Yuri também nutre um grande sonho fora do futebol: a criação de um instituto em Vila Cristina, São José dos Campos, sua cidade natal. O objetivo é oferecer oportunidades a crianças e jovens, resgatando valores do esporte e afastando-os das ruas e do excesso de telas.
"Eu quero criar um instituto em São José dos Campos. Lá na vila onde eu cresci, a Vila Cristina. Eu até converso com o meu pai, porque tem uma área que consigo imaginar o instituto. Só que tem problemas de estudo do solo, porque é perto do rio. Eu tenho uns contatos com os caras da Prefeitura, estou tentando encontrar uma forma da gente poder fazer alguma coisa, ou achar algum lugar ali perto também. Mas nesses próximos anos esse é o meu grande objetivo", revelou.
A Experiência na Rússia e o Retorno ao Parque São Jorge
A passagem de Yuri Alberto pelo Zenit, da Rússia, foi um capítulo de grande potencial esportivo, mas marcado por um contexto geopolítico turbulento. O atacante chegou ao clube em um momento promissor, com o time na Champions League, e teve um bom desempenho inicial.
"Na época, era uma baita janela, sabe? A gente trilhou um caminho que, para mim, era bacana. Eu iria para um time em que teria minutagem, o time estava classificando para a Champions. Eu cheguei nas fases finais, em 12 jogos fiz seis gols e participei de dez, dei quatro assistências. Já tinha feito números muito bons. Então, imagina se eu começo uma temporada dessa, faço jogos na Champions League. Três, quatro jogos, já era", projetou.
No entanto, a eclosão da guerra na Ucrânia logo após sua chegada transformou a experiência. Apesar de a região onde vivia ser "tranquila", a instabilidade e as restrições financeiras geraram grande desconforto, levando-o a considerar não retornar após uma folga no Brasil.
"Infelizmente, na primeira semana que cheguei estourou a guerra. Bomba para lá, bomba para cá. Lá, estava tranquilo, a gente só ficou sabendo as notícias pelo celular depois. No jornal não passava nada, não sabia de nada. O ruim mesmo estava do lado do Ucrânia, que estava sendo atacada. Eu estava muito desconfortável com isso. O voo que durava uma hora tinha que dar uma volta, porque, se passar por tal lugar, os caras derrubavam. Viajando com o avião, um jato na direita e um jato na esquerda escoltando. Dava para ver na janela. Coisa de louco", descreveu o cenário de guerra.
O retorno ao Brasil e o contato com o Corinthians , então presidido por Duilio Monteiro Alves, selaram seu destino. A oportunidade de jogar na Arena, em um clássico contra o Boca Juniors, foi decisiva para sua permanência.
"Quando eu voltei, eu falei: 'Não quero, não volto mais'. E aí a gente começou a conversar com alguns clubes e tal. E aí o Duilio (Monteiro Alves, presidente do Corinthians ) procurou a gente. Quando eu vim aqui, foi logo no jogo do Boca e Corinthians na Arena. 'Ah, tá louco, vou ficar'", contou sobre a decisão de vir para o Timão.
O Vínculo Inabalável com o Corinthians
Apesar das dificuldades enfrentadas na Rússia, Yuri Alberto afirma que o período mais desafiador emocionalmente foi no Corinthians . A pressão e as vaias aqui foram mais impactantes do que a distância da família ou o cenário de guerra.
"Aqui, disparado. E lá tem muita coisa. Fiquei longe da minha filha por quatro meses e meio. Foi dolorido para caramba. Qualquer coisinha era treino, casa, treino, casa. No máximo, ia no DLT, que é uma loja que vendia algumas roupas, algumas paradas. Ia lá, fazia uma graça, ia almoçar em algum lugar e voltava para casa. Criava alguma coisa para jogar. Pô, eu jogava dominó. Perdia no dominó era flexão. Inventava cada coisa, cara. Inventava cada coisa em casa. Eu estava até cortando o cabelo do meu barbeiro para passar o tempo. Eu estava cortando o cabelo dele. Ele cortava o meu cabelo e eu cortava o dele para passar o tempo. Ele me ensinava a cortar. Que loucura!", comparou a intensidade dos dois momentos.
A renovação de contrato com o Corinthians foi um ato de gratidão e carinho pela torcida. Yuri Alberto revelou que, apesar de propostas externas, o apoio recebido nos momentos mais difíceis foi determinante para sua decisão de permanecer e retribuir a confiança. Ele reforça que uma eventual saída só ocorreria mediante uma oferta vantajosa para todas as partes.
"Eu sentei para conversar com meus pais e meus agentes. Eles trouxeram algumas propostas, mas, pelo momento que eu passei, pelo apoio que recebi de todos aqui dentro do clube, acho que foi muito válido ter renovado para mostrar o carinho e a gratidão que eu tenho pela torcida, pelos momentos que eu passei e grande parte dela ficou comigo, me apoiou. Mesmo eu não ajudando, mas muitos acreditavam no meu potencial, no que eu podia entregar. Essa é uma forma de gratidão, muita gratidão", explicou o motivo da renovação.
O objetivo de representar o Brasil na Seleção é um motor para o atacante, que acredita que o Corinthians pode ser a porta de entrada para essa realização. Ele observa que a posição de centroavante na Seleção está "em aberto" e que o desempenho em solo brasileiro pode, sim, gerar oportunidades.
"Não, o meu grande objetivo, além de conquistar títulos pelo Corinthians , é ser convocado para a Seleção. Sei que aqui vou ter essa oportunidade, se eu estiver fazendo bons números e a gente estiver bem nas competições. Eu sei a grandeza que é essa camisa. E em 2023 eu pude viver isso usando essa camisa. Ver o Hugo agora sendo convocado, acho que as portas estão se abrindo para nós", enfatizou Yuri Alberto .
Apesar de não ter sido convocado em momentos de boa fase, como no início do ano, Yuri Alberto vê essa ausência como uma motivação extra. Ele revelou que o próprio técnico Dorival Júnior expressou arrependimento por não tê-lo chamado antes, reconhecendo a utilidade de suas características de ataque e agressividade para a equipe nacional.
"A temporada passada e essa convocação do início de ano foram prova disso. Eu fiz números muito bons no ano passado. Independentemente de ter feito um meio de temporada muito ruim, eu acabei como artilheiro da temporada e do Brasileirão. E comecei o ano super bem, sendo campeão, craque do Paulista, e mesmo assim eu não fui convocado, mas... Paciência, né? O professor (Dorival) está aqui hoje comigo e fala para mim que o maior arrependimento dele é não ter me convocado. Eu falei: 'Pô, agora?'", contou Yuri, com um toque de humor.
Yuri Alberto reconhece a cobrança excessiva nas redes sociais, que muitas vezes se torna "desumana". No entanto, ele se mantém focado na família, na fé e nos balões coloridos que recebeu no "mêsversário de namoro" como fontes de alegria e energia para continuar sua jornada.
"Sim, a rede (social) dá muita liberdade para qualquer pessoa poder falar o que o coração está cheio. Eu acho que tem muito disso, tem piorado bastante. Tem sido até um pouco desumano, às vezes. Não só comigo, mas vendo algumas coisas que acontecem também. É pesado", lamentou o jogador.
Sua gratidão a Deus é constante, e ele busca sabedoria para as decisões em campo, pedindo proteção contra tudo que possa impedi-lo de se entregar ao máximo. É essa fé, aliada ao apoio familiar, que o sustenta em sua busca por títulos e pela realização de seu "grande sonho" de disputar uma Copa do Mundo.
Curtiu esse post?
Participe e suba no rank de membros