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Vice do Corinthians Contesta Relatório Nike e Pede Auditoria Externa

Por Redação FuTimão em 19/11/2025 16:28

O cenário político do Corinthians foi agitado recentemente por um relatório de auditoria interna, solicitado pelo presidente Osmar Stabile, que apontou supostas irregularidades na gestão de materiais esportivos da Nike. No centro das acusações está o vice-presidente do clube, Armando Mendonça, que prontamente se defendeu, refutando as alegações e destacando o que considera falhas significativas no documento.

Após depor à Polícia Civil em um inquérito que investiga crime de furto qualificado, o dirigente convocou a imprensa para apresentar sua versão dos acontecimentos, buscando esclarecer os fatos e rebater as imputações contra sua conduta. Sua declaração inicial foi enfática e direta, negando qualquer envolvimento em práticas ilícitas.

? Eu nunca desviei um material do Corinthians . Nunca utilizei um material do Corinthians para utilização indevida, a não ser para uso quando eu represento o Corinthians nas viagens, com a delegação, e para fazer relacionamento institucional, que é uma das funções da presidência. Nunca desviei.

A Contestação do Vice-Presidente: Uma Defesa Contundente

Mendonça não poupou críticas ao trabalho de Marcelo Munhoes, diretor de tecnologia e responsável pela auditoria, sugerindo que o relatório não apenas é impreciso, mas também potencialmente motivado por interesses ocultos.

? O relatório é falho, é errado, tem algum interesse, porque atribui a mim coisas que eu não fiz ? declarou Armando.

O vice-presidente argumentou que o descontrole na retirada de materiais esportivos era uma questão preexistente, herdada de gestões anteriores, e que a atual administração, sob a liderança de Stabile, implementou medidas corretivas nos processos internos. Para corroborar sua argumentação, ele apresentou dados comparativos que indicam uma redução expressiva na solicitação de itens.

Entre junho e setembro deste ano, foram requisitados 7.309 itens esportivos, uma queda de 25% em relação aos 9.788 materiais pedidos no mesmo período do ano anterior. Mendonça fez questão de atribuir o estouro de cotas a uma herança de gestões passadas.

? O Osmar não estourou cota nenhuma. Pelo contrário, ele resolveu problemas do Corinthians com a Nike. Foi o Augusto (que estourou), em janeiro de 2025. É uma herança maldita do Corinthians , que nós vamos ter que arrumar.

Em um gesto de transparência e para refutar as acusações de desvio, Mendonça desafiou a diretoria a contratar uma auditoria externa e independente. Ele prometeu consequências drásticas caso qualquer irregularidade seja comprovada contra ele.

? Eu deixo muito claro para vocês e para a torcida, que está falando que sou ladrão: se fizer uma auditoria independente, externa e especializada e constatar que eu desviei um grampo do Corinthians , eu renuncio no dia seguinte. Não precisa de processo disciplinar ou de impeachment. Eu renuncio. Eu não piso nunca mais em um jogo do Corinthians.

Detalhes das Contestações: Os 131 Itens e as Requisições

Um dos pontos cruciais do relatório apontava que Armando Mendonça teria retirado 131 itens da Nike entre 6 de junho e 30 de outubro de 2025. O vice-presidente contestou essa informação, explicando que seu nome figura nas solicitações por ser o aprovador final do setor no sistema interno do clube desde que Stabile assumiu a presidência, em maio.

? Dos 131 itens, 84 não foram retirados para meu benefício, para meu uso ou para relacionamento institucional representando a vice-presidência. Eu retirei 47 materiais para meu uso, para viajar e fazer relacionamento institucional. Eu tenho todas as requisições.

Mendonça alegou que o diretor Munhoes "não teve o cuidado ou não quis pegar" as requisições que poderiam explicar os motivos das retiradas, e apresentou aos jornalistas os registros dos pedidos no sistema do clube. Dos 84 itens que ele afirma não terem sido retirados para seu uso pessoal, 62 seriam referentes a uma transferência administrativa do almoxarifado do CT Dr. Joaquim Grava para o Parque São Jorge.

Ele detalhou outros casos, como seis camisas destinadas a relacionamento com a Federação Paulista de Futebol (FPF), uma capa de chuva e quatro kits de viagem para o chefe de segurança, uma mala de viagem para o então diretor jurídico, Leonardo Pantaleão, uma camisa para o ex-goleiro Ado, e três camisetas de relacionamento para a inauguração da sala de preleção do CT. Quanto aos 47 itens que admitiu ter solicitado e retirado, o vice-presidente enfatizou a formalidade do processo:

? Toda solicitação que eu faco para mim ou para meu relacionamento, obrigatoriamente eu documento, e eu exijo que se assine a requisição.

Esclarecimentos sobre Camisas e Outros Materiais

O relatório também sugeria que Mendonça seria o principal destinatário de seis a onze camisas adicionais solicitadas por jogo em nome da rouparia, a título de relacionamento. O vice-presidente negou usar rotineiramente essas camisas em partidas, recordando-se de apenas duas ocasiões em que as utilizou, entregando um total de cinco.

Ele reforçou que não observa um número tão elevado de camisas sendo distribuídas em dias de jogos e, mesmo que haja solicitação interna para que os materiais saiam do almoxarifado, aqueles que não são entregues retornam ao estoque.

Em relação às camisas especiais com patches da NFL, Mendonça explicou que pediu a separação dos 19 itens restantes em uma sacola para futura decisão. Ele sugeriu, em reunião com o presidente, presentear funcionários do clube que trabalharam no jogo realizado na Neo Química Arena.

? Quando eu pedi para separar, eles fizeram uma requisição, como se eu fosse retirar. "Não vou retirar". Cancelaram a requisição. Eu não pedi para cancelar. Estão lá guardadas em uma sacola, separada, para ver para quem será destinado ? justificou-se o vice-presidente.

Ele relatou ter retirado oito camisas, mas que não as entregou a ninguém, com a concordância do presidente, aguardando a conclusão da auditoria. Sua intenção, segundo ele, era a transparência:

? Se eu quisesse pegar o material para mim, eu iria pegar na sacola, iria retirar, não iria assinar nada, botar no carro e ir embora. Quem desvia faz isso. Eu não, eu documentei por e-mail.

Sobre a acusação de "realizou retiradas diretas de materiais esportivos pertencentes à rouparia, sob a alegação de empréstimo temporário, sem registro formal ou autorização prévia", Mendonça afirmou que a falta de detalhamento no relatório impede sua defesa.

? Como vou fazer prova negativa? Não tenho documento para mostrar que não retirei, como vou provar uma coisa que não fiz?

Quanto à implicação de que, por sua ordem, houve transferência de materiais entre almoxarifados "sem a emissão de qualquer documento fiscal ou contábil que respaldasse a transferência", o vice-presidente negou responsabilidade.

? É mentira. Não é minha responsabilidade. Quem é responsável por nota fiscal é departamento financeiro.

Em relação às notas fiscais que, segundo o relatório, não foram lançadas no sistema, Mendonça rebateu:

? Não teve nenhuma nota lançada, com exceção de quatro, por questão de relacionamento, que estão documentadas por e-mail, depois do início da gestão Osmar. Depois que o Osmar assumiu, não teve material que não tenha nota lançada no sistema.

Acusações de Coação e Alteração de Relatório

Armando Mendonça também negou veementemente ter constrangido ou ameaçado Marcelo Munhoes, como constava no relatório da auditoria. Ele considerou a acusação grave e inadmissível.

? Eu não interrompi ninguém, eu não ameacei ninguém. Isso é crime. Não posso admitir uma coisa dessa. Ele está imputando a mim um crime.

Adicionalmente, o vice-presidente acusou Munhoes de ter alterado o relatório. Ele afirmou que o diretor de Tecnologia entregou o documento ao presidente em 3 de novembro com a informação da participação de um funcionário que, posteriormente, foi retirada em uma segunda versão. Segundo Mendonça, esse funcionário o contatou por e-mail alegando não ter participado da auditoria, embora seu nome constasse na primeira versão como autor do trabalho, sem assinatura. Na versão seguinte, o nome já havia sido removido.

O Relatório da Auditoria: Irregularidades e Implicações Institucionais

A auditoria interna identificou uma série de irregularidades na gestão dos materiais esportivos fornecidos pela Nike. O relatório apontou que a retirada de itens excedeu em quase 300% a cota anual prevista em contrato, enquanto times das categorias de base e de outros esportes utilizavam uniformes em condições precárias ou sequer os recebiam.

Foram listadas sete ocorrências classificadas como graves pelo documento:

Ocorrência Descrição
Acúmulo de Materiais Materiais esportivos de coleções anteriores armazenados por longos períodos sem destinação definida.
Distribuição Inadequada Parte dos uniformes enviados pela Nike não é devidamente distribuída aos departamentos e modalidades esportivas do clube.
Ausência de Inventário Falta de inventário físico formal no almoxarifado do Parque São Jorge há mais de quatro anos.
Inconsistências Contábeis Notas fiscais de recebimento não lançadas no sistema, causando inconsistências contábeis e riscos fiscais.
Distribuição Desigual Distribuição desigual de uniformes entre diretores, funcionários e atletas, com falta de planejamento nos pedidos à Nike.
Retiradas Prematuras Retirada de materiais antes da conclusão do fluxo completo de aprovações, contrariando o controle interno e enfraquecendo a governança.
Solicitantes Incorretos Retirada de materiais por solicitantes incorretos, fragilizando o controle de responsabilidade e dificultando a rastreabilidade.

O relatório da investigação coloca o vice-presidente Armando Mendonça, responsável pela administração dos materiais no clube, no centro de parte das ações consideradas como inconformidades, como a retirada direta de itens sem registro formal ou autorização prévia. O documento também aponta que Mendonça "demonstrou tom de preocupação em relação ao andamento dos trabalhos de auditoria" e usou "expressões de natureza agressiva e alusões interpretadas como ameaças" em conversas com o diretor de Tecnologia do Corinthians , Marcelo Munhoes.

Diante das revelações, o presidente do Corinthians encaminhou o relatório para análise das comissões do Conselho Deliberativo. O presidente do Conselho, Romeu Tuma Júnior, direcionou a documentação à Comissão de Justiça, que será encarregada de apurar os fatos, com acompanhamento do presidente da Comissão de Ética, Leonardo Pantaleão, para eventual atuação futura do órgão disciplinar.

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