VaideBet: Nova Cobrança Milionária Abala o Corinthians e Expõe Bastidores

O cenário jurídico do Sport Club Corinthians Paulista ganha um novo contorno com a recente ação movida pelo empresário Sandro dos Santos Ribeiro. Nesta quinta-feira, Ribeiro protocolou um processo contra o clube, exigindo o montante de R$ 8,4 milhões. A alegação central é que ele teria desempenhado um papel fundamental na intermediação do contrato de patrocínio com a casa de apostas VaideBet, um acordo que, embora grandioso, desdobrou-se em uma série de controvérsias.

A parceria com a VaideBet, firmada no início do ano anterior, foi abruptamente encerrada após apenas seis meses de vigência. A razão para o rompimento reside nas crescentes suspeitas em torno do pagamento de comissões relacionadas à transação. Essa situação não apenas culminou na rescisão do contrato, mas também impulsionou um inquérito policial. As investigações resultaram no indiciamento do presidente afastado do Corinthians , Augusto Melo, e de outros ex-diretores, que agora enfrentam acusações ligadas ao caso.

Inicialmente, os documentos contratuais atribuíam a intermediação do patrocínio à empresa Rede Social Media Design, de propriedade de Alex Cassundé. Cassundé é um profissional conhecido por sua participação na campanha eleitoral de Augusto Melo. O acordo previa que a Rede Social Media Design receberia uma comissão substancial de R$ 25 milhões. Contudo, após o desembolso de duas parcelas, cada uma no valor de R$ 1,4 milhão, os pagamentos foram misteriosamente interrompidos.

As Revelações da Investigação Policial

Um aprofundado trabalho da Polícia Civil desvendou uma narrativa diferente. As apurações indicaram que Sandro dos Santos Ribeiro, juntamente com Washington de Araújo Silva e Antônio Pereira dos Santos, conhecido como Toninho Duettos, seriam os verdadeiros intermediários por trás do acordo. Após um ano de diligências, os investigadores concluíram que Alex Cassundé não teve qualquer envolvimento na intermediação do contrato entre Corinthians e VaideBet.

A fundamentação para essa conclusão baseia-se em um robusto conjunto de provas. Documentos, registros fotográficos, um vídeo e, crucially, os depoimentos do proprietário e de um diretor da própria casa de apostas VaideBet, serviram para corroborar a versão que aponta o trio Sandro, Toninho Duettos e Washington de Araújo como os elos genuínos da negociação. Washington, uma figura próxima à gestão de Augusto Melo, havia inclusive apresentado a Sandro, em maio de 2023, a oportunidade de negócio que se concretizaria no patrocínio ao Corinthians , caso a chapa de Melo vencesse as eleições.

O relatório policial detalha um encontro crucial ocorrido em 27 de dezembro, onde Sandro Ribeiro, Toninho Duettos e José André da Rocha Neto, sócio da VaideBet, reuniram-se em um hotel paulistano com Augusto Melo e Marcelo Mariano, então diretor administrativo do Timão. Washington, em seu depoimento, alegou não ter comparecido à reunião por determinação de Sérgio Moura. No mesmo dia do encontro, Sandro gravou um vídeo com Augusto Melo, no qual Marcelo Mariano aparece ao fundo. Essa imagem, por si só, contradiz as narrativas que buscavam descreditar a participação do trio, especialmente frente aos depoimentos do presidente afastado e do ex-diretor administrativo.

A Polícia ainda destaca uma publicação de Sandro em seu Instagram Stories. Segundo o relatório, logo após a formalização do contrato, o "verdadeiro" intermediário divulgou uma mensagem de agradecimento a Washington, Toninho e Augusto Melo, acompanhada de uma imagem de uma camisa personalizada do Corinthians . Além disso, Toninho e Sandro foram fotografados ao lado de Augusto Melo no dia da posse, em 2 de janeiro, um fato que as autoridades utilizam para reforçar a contradição das versões que insistiam em posicionar Alex Cassundé como o intermediário principal.

As Implicações Financeiras e as Respostas do Clube

O valor pleiteado por Sandro na justiça, R$ 8,4 milhões, corresponde a um terço da comissão de 7% calculada sobre o montante total do contrato com a VaideBet, que era de R$ 360 milhões. Essa divisão de um terço sugere uma partilha da comissão entre os três intermediários identificados pela polícia.

Diante da cobrança judicial, o Corinthians , até o momento, optou por não se pronunciar oficialmente. A equipe de reportagem aguarda um posicionamento do clube. Augusto Melo, por sua vez, manifestou-se através de sua assessoria de imprensa, declarando categoricamente que "nunca tratou nada com o Sandro e não o reconhece como intermediário, portanto, não há nada para se manifestar."

A ação judicial também provocou reações internas na diretoria corintiana. Armando Mendonça, vice-presidente do Timão, comentou a situação com veemência:

A ação é mais um prejuízo financeiro e para a imagem do Corinthians provocado pelo Augusto Melo. Entendo que ele e seus comparsas devam ser responsabilizados judicialmente. Os corintianos não podem deixar uma pessoa dessa voltar à presidência.

Este novo desdobramento legal e as revelações da investigação policial adicionam camadas de complexidade a uma das maiores controvérsias recentes na gestão do Corinthians, com implicações que podem ir muito além das cifras financeiras.