Tensão Política no Corinthians: FPF Expõe Racha Interno e Futuro do Futebol

O recente encontro promovido pela Federação Paulista de Futebol, que abrigou o conselho técnico e o lançamento do Paulistão 2026, foi muito além de um mero evento protocolar. Nos bastidores, a ocasião se transformou em um palco para a manifestação das complexas e latentes tensões que permeiam a cúpula do futebol do Sport Club Corinthians Paulista, evidenciando uma nova fase na intrincada disputa de poder.

A presença de Fran Papaiordanou, influente conselheiro vitalício e integrante da comissão de futebol do Conselho Deliberativo, não passou despercebida. Sua participação gerou um notável desconforto ao executivo de futebol, Fabinho Soldado, que manteve uma distância calculada durante todo o evento. Papaiordanou, líder do grupo político conhecido como "União dos Vitalícios", alinhado a Osmar Stábile, permaneceu próximo ao presidente corintiano, em um claro sinal de sua posição estratégica.

Por trás dessa dinâmica sutil, reside uma clara e profunda divergência. Fran Papaiordanou figura entre os principais articuladores e defensores da saída de Fabinho Soldado ao término da atual temporada. Ele lidera, nos corredores do clube, uma frente que ainda associa o trabalho do executivo à gestão anterior de Augusto Melo, cujo mandato foi abruptamente interrompido por impeachment em 9 de agosto. O custo salarial de Soldado é outro ponto de crítica frequentemente levantado por este grupo político.

O Desgaste do Executivo e a Busca por Amparo Político

A situação de Fabinho Soldado é de notório e crescente desgaste nos bastidores. Sentindo a pressão, o executivo tem se empenhado na busca por proteção política dentro do clube, adotando uma postura mais reclusa. Ele tem evitado aparições públicas desnecessárias e restringido suas entrevistas a momentos estritamente estratégicos, buscando controlar a narrativa em meio às turbulências.

Como resposta a este cenário adverso, Soldado tem centralizado ainda mais o controle sobre o departamento de futebol e o acesso ao CT Joaquim Grava. Este movimento, que já vinha sendo observado ao longo da temporada, intensifica a gestão interna e busca consolidar sua autoridade em um período de grande instabilidade.

Em meio a esta efervescência política, o presidente Osmar Stábile tenta equilibrar as forças em jogo. Publicamente, Stábile tem sustentado a continuidade de Fabinho Soldado, mas a pressão interna para uma mudança é palpável. Uma reunião crucial entre o presidente e o executivo já está programada para ocorrer após o encerramento da temporada, um encontro que pode ser decisivo para o futuro do comando do futebol alvinegro.

Manobras nos Bastidores: O Futuro da Direção e Candidatos

Paralelamente a essas disputas de poder, uma antiga discussão volta a circular com força nos corredores do Parque São Jorge: a criação de um cargo estatutário de diretor de futebol. Caso essa função seja, de fato, implementada para o ano de 2026, o nome de Fran Papaiordanou emerge como um dos principais cotados para assumir o posto, o que adiciona uma camada de complexidade e ambição às atuais intrigas políticas.

A possibilidade de um diretor de futebol com cargo estatutário representa uma mudança significativa na estrutura de gestão e pode redefinir o equilíbrio de forças dentro do clube. A ascensão de Papaiordanou a tal posição consolidaria ainda mais a influência do grupo político da União dos Vitalícios.

O Incidente Boccatto: Mais um Capítulo de Constrangimento

O evento da FPF ainda reservou um episódio adicional de tensão, envolvendo personagens com laços históricos com o Corinthians . Marcos Boccatto, ex-superintendente de novos negócios e conhecido aliado do ex-presidente Augusto Melo, também marcou presença no Pacaembu. Seu encontro com a cúpula corintiana foi marcado por um constrangimento evidente.

Ao se deparar com os dirigentes alvinegros, Boccatto fez questão de cumprimentar o presidente Osmar Stábile, mas optou por ignorar Fran Papaiordanou, em um gesto que não passou despercebido. Este incidente, embora aparentemente menor, sublinha as profundas rachaduras e a persistência das rusgas políticas que continuam a assombrar o cenário interno do Sport Club Corinthians Paulista, revelando que as feridas da gestão anterior ainda estão longe de cicatrizar.