Processo Franco Delgado Corinthians | Dívida Salarial | Gestão de Clubes

O Sport Club Corinthians Paulista, atualmente imerso em um recesso imposto pela paralisação do calendário nacional devido à realização do Mundial de Clubes, prepara-se para retomar suas atividades. A equipe principal tem seu retorno agendado para 28 de junho, no Centro de Treinamento Joaquim Grava, onde cumprirá duas semanas de intertemporada em solo paulistano.

Nesse período de pausa, que precede o embate contra o Red Bull Bragantino em 13 de julho, às 19h (horário de Brasília), na Neo Química Arena, pelo Campeonato Brasileiro, o Alvinegro se encontra na décima posição da tabela, com 16 pontos, ostentando uma sequência invicta de quatro partidas. Adicionalmente, o clube já tem definidos os confrontos pelas oitavas de final da Copa do Brasil contra o arquirrival Palmeiras, marcados para 30 de julho e 7 de agosto.

Contudo, a aparente calmaria do recesso não mascara a efervescência nos bastidores. O Corinthians , para além dos desafios em campo, navega por águas turbulentas no âmbito administrativo e político. A gestão alvinegra, sob o escrutínio de um processo de impeachment contra o presidente Augusto Melo, enfrenta um cenário de constante instabilidade.

Essa atmosfera de incertezas e desdobramentos imprevisíveis permeia diversas esferas do clube, expondo fragilidades que transcendem as quatro linhas e impactam diretamente a sua governança e reputação.

Desafios Administrativos e Legais

É nesse contexto de turbulência que surge mais um revés jurídico. O atacante uruguaio Franco Delgado, cujo vínculo contratual com o Corinthians se estende até março de 2027, impetrou uma ação na Justiça com o objetivo de reaver uma dívida que, conforme os autos, supera a marca dos R$ 600 mil. Além da cobrança pecuniária, o atleta pleiteia a rescisão de seu contrato, alegando uma série de pendências financeiras. Entre as reivindicações, figuram salários atrasados, verbas referentes a férias, 13º salário e o não recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Franco Delgado, que chegou ao Parque São Jorge em 2024, oriundo do Danubio, do Uruguai, foi inicialmente integrado com a perspectiva de reforçar as categorias de base do clube. Sob a tutela do então técnico do time sub-20, Danilo, o atacante chegou a desfrutar de oportunidades para demonstrar seu potencial.

Contudo, a trajetória do uruguaio no clube tomou um rumo distinto com as subsequentes alterações na comissão técnica. A chegada de Rafael Lacerda e, posteriormente, de Orlando Ribeiro resultou na gradual perda de espaço para o jovem atleta. Tal declínio culminou na sua não inscrição para a prestigiada disputa da Copinha na temporada vigente, um indicativo claro de sua marginalização no projeto técnico.

O montante exato da dívida pleiteada na esfera judicial ascende a R$ 604.036,47. A fundamentação para o pedido de rescisão contratual, conforme apurado, reside justamente na persistência dos atrasos salariais e na omissão do recolhimento do FGTS, obrigações trabalhistas que o clube não teria cumprido. Até o presente momento, a diretoria do Corinthians tem mantido silêncio oficial sobre o assunto, abstendo-se de comentar publicamente o processo. É esperado, contudo, que o departamento jurídico alvinegro elabore e apresente sua defesa nos trâmites processuais em curso.

Um Cenário de Incógnitas

A demanda de Franco Delgado não é um fato isolado, mas sim mais um sintoma da complexidade que assola a gestão do Corinthians . Enquanto o elenco principal se prepara para os desafios em campo, a diretoria se vê enredada em múltiplas frentes de batalha, sejam elas políticas, administrativas ou, como neste caso, jurídicas. A capacidade do clube de sanar suas pendências e estabilizar sua estrutura interna será crucial para determinar o sucesso de seu projeto esportivo e a recuperação de sua credibilidade em meio a tantas adversidades.