Plano de Dívida do Corinthians Causa Controvérsia e Reação de Credores

Reação Dura ao Plano de Quitação de Dívidas do Corinthians

A recente aprovação, por parte da Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), ligada à CBF, do plano de pagamento de dívidas apresentado pelo Sport Club Corinthians Paulista, tem gerado considerável controvérsia no cenário financeiro do futebol brasileiro. A decisão da CNRD permite que o clube quite aproximadamente R$ 76 milhões em débitos pendentes nos próximos seis anos, um montante que ainda poderá sofrer ajustes devido a correções, incluindo a inflação.

De acordo com os termos estabelecidos, os pagamentos serão realizados em parcelas trimestrais, com 80% do valor destinado à amortização da dívida principal e os 20% restantes direcionados ao pagamento de honorários advocatícios. A divulgação dessa decisão, ocorrida na última quinta-feira, desencadeou uma onda de críticas, especialmente por parte de um dos principais credores envolvidos.

Cuiabá Contesta Termos e Acusações de Favorecimento

O Cuiabá, clube que detém a maior fatia dos créditos a receber, cerca de R$ 18 milhões, manifestou forte indignação com a aprovação do plano. Segundo o presidente do clube auriverde, Cristiano Dresch, a decisão da CNRD levanta sérias dúvidas sobre a imparcialidade do órgão, sugerindo a existência de possíveis interesses políticos em favorecer o clube paulista.

Dresch expressou sua preocupação com a ausência de juros na correção do plano, afirmando: "O plano será corrigido apenas pela inflação, sem nada de juros. Já disse isso e repito, essa decisão da CNRD é um convite ao calote, pois continuará fazendo com que os clubes menores sejam sempre prejudicados." A declaração reflete o temor de que a medida possa incentivar o não cumprimento de obrigações financeiras, prejudicando principalmente os clubes de menor porte.

O presidente do Cuiabá questiona a independência da CNRD, afirmando: "Esperávamos que a CNRD, que é um órgão independente da CBF, agisse com neutralidade, e o que vemos é justamente o contrário." A crítica sugere uma percepção de que o órgão estaria agindo em benefício do Corinthians , em detrimento dos demais envolvidos.

Entenda a Origem da Dívida e o Descontentamento do Credor

A dívida em questão teve origem na aquisição, pelo Corinthians , de 60% dos direitos econômicos do jogador Raniele, que pertencia ao Cuiabá, no início de 2024. Segundo o relato do presidente do Cuiabá, o clube paulista havia se comprometido diversas vezes a parcelar o valor devido, mas os pagamentos não foram realizados dentro dos prazos acordados.

Diante dos atrasos, o Cuiabá optou por não renegociar os termos com o Corinthians e ingressou com uma ação na CNRD. Agora, o clube mato-grossense terá que aguardar sua vez na fila de credores para receber os valores devidos. A insatisfação do Cuiabá reside no fato de que o montante a ser recebido, R$ 18 milhões, será dividido em 24 parcelas trimestrais, desrespeitando o acordo inicial firmado com o Corinthians .

Apelo Drástico: "Não Negociem com o Corinthians"

Cristiano Dresch expressou seu descontentamento com os termos do acordo, destacando que "A nossa indignação é que o valor que temos a receber, que é de R$ 18 milhões, vai ser dividido em 24 parcelas trimestrais, descumprindo todo o acordo que havia sido feito inicialmente com o Corinthians . O jogador comprado por eles em 2024 (o volante Raniele ), vai ter terminado de pagar somente em 2031, sem juros. Isso não existe. Esse valor total é irrisório perto do que o Corinthians fatura e continua contratando."

Em um apelo direto a outros clubes e empresas do setor, o presidente do Cuiabá declarou: "O apelo que eu faço é que, hoje, não negociem com o Corinthians ." A declaração, de forte impacto, demonstra a frustração do clube com a situação e o receio de que outros credores possam enfrentar dificuldades semelhantes ao negociar com o clube paulista.