O Legado de Viola e Adil: A Provocação de 1993 e a Confiança do Corinthians para a Copa do Brasil 2025

A cena se desenrola com o Corinthians como azarão e o Palmeiras como o grande favorito. Um embate eliminatório, no jogo de ida, o Alvinegro triunfa por um placar mínimo de 1 a 0. Se este cenário evoca imediatamente as oitavas de final da Copa do Brasil de 2025, a memória nos remete, de fato, à final do Campeonato Paulista de 1993. Embora o Verdão tenha, ao final, erguido a taça, o momento mais indelével daquela decisão foi, sem dúvida, a celebração de Viola, que, em um ato de provocação, mimetizou um porco após o gol que garantiu a vitória corintiana na primeira partida.

Adil, ex-meia e figura central ao lado do folclórico atacante naquele instante, rememora o episódio com uma clareza impressionante, como se o tempo não tivesse passado. Peça-chave no elenco então comandado por Nelsinho Baptista, o antigo atleta compartilhou detalhes, revelando o mistério que Viola cultivava sobre suas comemorações. Adil contou que a provocação ao rival surpreendeu até mesmo os companheiros de equipe e detalhou a intensa repercussão que o gesto gerou nos dias que antecederam a partida de volta, na qual o Palmeiras aplicou uma goleada de 4 a 0, assegurando o título.

O Contexto de 1993: A Ascensão do Azarão Corinthiano

Antes de aprofundar-se no lance que marcou época, Adil, que deposita sua confiança na classificação corintiana na Copa do Brasil nesta quarta-feira, às 21h30, no Allianz Parque, contextualiza a jornada do Timão até aquela decisão histórica contra seu maior adversário. O Corinthians de 1993, sob a batuta de Nelsinho Baptista, estava longe de ser considerado o candidato principal ao título paulista. As grandes potências daquele ano eram o Palmeiras, no alvorecer da era Parmalat, e o São Paulo de Telê Santana, que se consagraria bicampeão da Libertadores e do Mundial, repetindo os feitos de 1992.

Contudo, a equipe que contava com nomes como Viola, Adil e Neto, encontrou seu ritmo e construiu uma campanha sólida no Estadual, culminando na chegada à final. O desafio era monumental: um poderoso Palmeiras, liderado por Vanderlei Luxemburgo, e um elenco estrelado com jogadores do calibre de Evair, Edmundo, Zinho e Edilson. Apesar do status de azarão na decisão, o Corinthians vivia um período de alta performance, e essa energia se refletia no ambiente otimista do grupo, conhecido por suas celebrações bem-humoradas.

A Gênese da Provocação: Adil Revela o Segredo de Viola

Segundo Adil, era praxe entre os jogadores combinar, durante a concentração, como iriam celebrar os gols. Todos participavam, com exceção do artilheiro do time, que preferia manter um véu de mistério sobre suas intenções. O ex-meia descreve o momento da revelação:

"A gente vivia uma boa fase e, quando estávamos na concentração, um perguntava para o outro: 'Se você fizer gol, qual comemoração você vai fazer?'. A gente combinava algumas coisas, mas o Viola nunca falava o que ele ia fazer. Aí ele vai, faz o gol e imita o porco. Ninguém esperava aquilo, foi uma surpresa total. E o primeiro a chegar até ele fui eu."

Adil pondera que a vitória por 1 a 0 no primeiro confronto já teria, por si só, um impacto considerável nos dias seguintes, dado que o rival era o time a ser superado, com um investimento financeiro significativamente superior à equipe montada pelo então presidente Vicente Matheus. No entanto, o camisa 11 recorda que a provocação de Viola feriu o brio dos palmeirenses e intensificou ainda mais o clima do clássico para a partida decisiva.

"Rapaz, aquilo deu uma repercussão gigante, uma falação danada. O Luxemburgo fez uma coletiva com os jogadores do Palmeiras falando algumas coisas. O time deles realmente era melhor, tanto que foi campeão. Mas a gente conseguiu uma vitória que poucos achavam possível."

Repercussão e a Batalha Final: O Legado de um Gesto

Na partida de volta, o Palmeiras impôs uma goleada de 4 a 0, assegurando o título paulista daquele ano. Adil explica que a equipe entrou em campo excessivamente nervosa, e o acúmulo de cartões, somado à superioridade do adversário, foi determinante para que o Alvinegro ficasse sem a taça. Ele detalha a dificuldade enfrentada:

"Com 15 minutos de jogo em 1993 a nossa zaga estava toda amarelada e não demorou muito para termos um jogador expulso. Isso desmantelou muito a equipe, não conseguimos nos encontrar. Mas a vitória nossa no primeiro jogo não fez com que entrássemos de salto alto. Naquela ocasião, o time do Palmeiras era muito superior ao nosso. Foi um feito muito grande termos inclusive levado o Corinthians à final."

Adil, atualmente com 60 anos e residindo em São João Nepomuceno, no interior de Minas Gerais, identifica semelhanças entre os contextos do Paulistão de 1993 e a Copa do Brasil de 2025. Não apenas pelo placar da partida de ida, mas pela diferença técnica entre as equipes. O ex-jogador, que superou um grave acidente automobilístico em 2000, reitera que o Palmeiras de Abel Ferreira é superior, assim como era o de Luxemburgo em relação ao Alvinegro de Nelsinho Baptista. Contudo, ele considera que o Corinthians de Dorival Júnior é uma boa equipe e, mesmo em inferioridade técnica, possui condições de sair do Allianz Parque com a classificação para as quartas de final.

A Perspectiva de Adil: Fé Corinthiana em 2025

Adil expressa sua convicção na força do clássico e na capacidade de superação do Corinthians :

"Quando se trata de Corinthians x Palmeiras tudo pode acontecer. Tecnicamente, para mim o Palmeiras é melhor, mas isso às vezes isso muda muito dentro de campo, é um clássico de muita superação. É um duelo muito aberto."

Ele conclui com uma mensagem de fé na paixão alvinegra:

"A força do corintiano é muito grande e isso contagia qualquer um. Por isso, acredito que os jogadores do Corinthians vão estar com a faca nos dentes e acredito na classificação."

Palmeiras e Corinthians se enfrentam nesta quarta-feira, a partir das 21h30, no Allianz Parque. Um empate ou uma vitória classificam o Alvinegro. O Verdão necessita vencer por dois ou mais gols de vantagem para avançar. Um triunfo palmeirense pelo placar mínimo levará a decisão da vaga para os pênaltis.