Novo Pedido Impeachment Augusto Melo Corinthians: Contas 2024 e Gestão Sob Fogo Cruzado

O ambiente político no Sport Club Corinthians Paulista segue marcado por intensa instabilidade e contestações à atual gestão. O presidente Augusto Melo, que já enfrentou tentativas anteriores de afastamento, vê surgir agora um novo e significativo movimento para seu impeachment, intensificando a pressão sobre seu mandato.

Importante notar que o cenário atual não é isolado. Augusto Melo já se viu alvo de dois processos de impeachment previamente. Um deles chegou a ter sua admissibilidade aprovada pelo Conselho Deliberativo em votação apertada (126 votos a favor contra 114), em 20 de janeiro, embora a deliberação final tenha sido adiada, citando a ausência de tempo hábil para a conclusão do trâmite regimental. Outro pedido havia sido recomendado pelo Conselho de Orientação (CORI) no final do ano passado.

Contexto de Pressão e Tentativas Anteriores de Impeachment

A persistência das contestações culmina no terceiro pedido formal de impedimento. A iniciativa mais recente partiu de Paulo Roberto Bastos Pedro, que ocupa uma cadeira trienal no Conselho de Orientação (CORI). O documento que solicita o afastamento do dirigente foi protocolado nesta segunda-feira, endereçado ao Conselho Deliberativo do clube.

A base principal para este novo requerimento reside na recente reprovação das demonstrações financeiras referentes ao exercício de 2024 pelo próprio Conselho Deliberativo. A votação desfavorável às contas abriu uma brecha para que o conselheiro Paulo Pedro formalizasse sua petição, fundamentando-a nas irregularidades e no cenário financeiro expostos nos balanços.

Novo Pedido de Impeachment: Contas de 2024 Como Estopim

O relatório que acompanha o pedido de impeachment, apresentado ao Conselho Deliberativo, embasa-se fortemente nos pareceres desfavoráveis emitidos anteriormente pelo Conselho Fiscal e pelo CORI. Ambos os órgãos recomendaram a rejeição das contas, apontando um déficit considerável de R$ 181,8 milhões e um aumento preocupante no nível de endividamento do clube.

A situação financeira, conforme detalhado nos balanços, mostra um passivo total que atingiu a cifra de R$ 828 milhões. A despeito dos cálculos apresentados pela diretoria, que, ao considerar receitas a receber, busca projetar uma "dívida bruta" menor, na casa dos R$ 407 milhões, a realidade do endividamento e o resultado negativo da operação em 2024 servem como argumentos centrais para a contestação da gestão.

O Descalabro Financeiro: Déficit e Endividamento em Foco

Além da questão macroeconômica do clube (déficit e dívida), o conselheiro Paulo Pedro listou uma série de pontos específicos em sua análise da prestação de contas, que, segundo ele, justificam o voto contrário e embasam o pedido de afastamento do presidente. Estes pontos detalham supostas falhas e descumprimentos em diversas áreas da administração:

As críticas incluem o não cumprimento dos prazos estabelecidos para a publicação dos balancetes e para o envio de informações essenciais ao CORI. Outro questionamento grave refere-se à falta de observância do processo previsto no estatuto social do clube para a contratação de empresas prestadoras de serviços de segurança.

A petição também cita a ausência de uma revisão orçamentária adequada ao longo do exercício e a não apresentação do relatório de auditoria externa, a cargo da Ernst & Young, elementos considerados cruciais para a transparência financeira. A comunicação com o CORI também é questionada, com a petição apontando a ausência de informações devidas sobre o desenvolvimento das atividades do clube.

Falhas de Gestão e Supostas Irregularidades Apontadas

O Departamento de Futebol, sempre sob os holofotes, também aparece na lista de questionamentos. A petição critica a gestão das contratações, especialmente pela falta de um pedido formal de apuração das responsabilidades do diretor da pasta nos investimentos realizados durante o primeiro semestre do ano. A gestão dos ingressos e os problemas associados à parceria com a empresa OneFan, que afetam tanto o programa Fiel Torcedor quanto a operação de bilheteria na Neo Química Arena, são igualmente citados como pontos críticos.

Por fim, o documento aponta que a condução financeira do clube estaria em desacordo com as regulamentações estabelecidas pelo Profut (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro) e pela Lei Geral do Esporte, normativas essenciais para a saúde e conformidade das entidades esportivas.

Trâmite do Pedido e a Posição do Clube

O documento formalizando o pedido de impedimento foi redigido no domingo e protocolado oficialmente na sede do clube na manhã desta segunda-feira. A direção do Corinthians foi notificada sobre a iniciativa logo após a entrega da petição. Entretanto, até o momento da publicação desta reportagem, a cúpula administrativa optou por manter silêncio, não emitindo qualquer comunicado oficial sobre o novo pedido de impeachment que visa o presidente Augusto Melo.