Maycon e o Abismo da Confiança: Corinthians em Xeque Após Derrota no Brasileirão

A recente derrota por 1 a 0 para o Ceará, ocorrida neste domingo na Neo Química Arena, deixou um rastro de frustração no Corinthians. Maycon, que ostentou a braçadeira de capitão na partida, não hesitou em expressar seu desapontamento com o resultado, ao mesmo tempo em que analisou os obstáculos enfrentados pela equipe para estabelecer uma sequência positiva de resultados no Campeonato Brasileiro.

A amarga sensação de um novo tropeço surge justamente após um período de ascensão. O meio-campista destacou a dificuldade em manter o ritmo em uma competição tão acirrada, especialmente nas rodadas finais. ?É frustrante, né? A gente vinha numa sequência muito boa, nosso time tinha embalado em três vitórias e agora a gente está com a segunda derrota consecutiva. Sabemos da importância que o Campeonato Brasileiro tem, principalmente nessas últimas rodadas, todas as equipes vêm com o objetivo de ganhar os três pontos. Acho que a torcida também estava sentindo essa confiança, e acaba vindo duas derrotas que quebram um pouco essa confiança. Acho que dentro do nosso grupo a gente tem que trabalhar para que a gente possa reverter essa situação.?, afirmou Maycon , sublinhando o impacto psicológico dos resultados negativos.

A fotografia de Maycon em campo, capturada por Fabio Giannelli da AGIF, simboliza a imagem de um time que, apesar da dedicação, não conseguiu traduzir o esforço em pontos. O cenário atual do Corinthians , marcado por poucas contratações em 2025 e por desafios financeiros e políticos, não foi ignorado pelo jogador, que reconheceu a influência desses fatores externos no desempenho do elenco.

O Peso dos Problemas Fora de Campo e a Busca por Soluções

Maycon foi direto ao abordar a complexa teia de problemas que envolve o clube. Embora sem usar a palavra "desculpa", ele admitiu que o contexto geral do ano tem sua parcela de contribuição. ?É claro que isso tudo envolve o ano que a gente vem tendo. Eu acho que não é desculpa nenhuma, nem surpresa nenhuma. O nosso elenco é um elenco curto, mas a gente também já venceu com desfalques. Desfalques de jogadores que são referências da nossa equipe, nós vencemos também, perdemos outros jogos. Agora a gente vai ter que, como eu falei, buscar soluções. Acho que a gente tem um elenco trabalhador, que é o que tem que ser feito, acho que não adianta ficar falando muito, temos que trabalhar mais para respeitar a camisa do Corinthians e honrar ela da melhor forma possível.?, pontuou o capitão, ressaltando a necessidade de ação e comprometimento.

A questão do ?elenco curto? é um ponto sensível, e Maycon detalhou como a recorrente ausência de jogadores por lesão ou suspensão tem dificultado o trabalho do técnico Dorival Júnior. A impossibilidade de repetir escalações, por exemplo, é um fator que compromete a coesão tática e o entrosamento do time. ?O Dorival talvez repetiu uma ou duas vezes, ou talvez uma vez, a equipe de um jogo para o outro, pela sequência de jogos que a gente vem tendo, pelas suspensões, pelas lesões. É claro que atrapalha, mas eu acho que a gente tem que se preparar. A gente tem que buscar soluções com o que a gente tem. Não adianta agora, na altura do campeonato que a gente está, no final do ano, disputando o Campeonato Brasileiro, tendo uma Copa do Brasil, a gente procurar achar pontos que não vai se solucionar agora. A gente é muito forte quando tem todo mundo. É claro que quando perde alguns jogadores que têm um entendimento da nossa equipe, a equipe sente, é óbvio. Mas eu acho que a gente tem que ter discernimento de saber que nós temos que trabalhar da melhor forma.?, analisou o jogador, enfatizando a força do grupo quando completo.

Foto: (Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

Equilíbrio na Disciplina: A Dupla Face dos Cartões e Suspensões

Ainda sobre os desfalques, Maycon abordou a questão das suspensões, tema que ganhou relevância após Rodrigo Garro receber um cartão nos acréscimos do segundo tempo contra o Ceará, tirando-o do clássico contra o São Paulo. O meio-campista defendeu a postura dos jogadores, argumentando sobre a complexidade de se dosar a combatividade em campo. ?De repente se a nossa equipe não tomasse nenhum cartão, vocês estariam cobrando porque a equipe não toma cartão. Então é uma balança que não dá para ter uma contrapartida. A gente tem que ter a cabeça no lugar, saber os momentos de cobrar, saber os momentos de fazer uma falta para tomar um cartão. Porque o futebol é isso. É claro que nos atrapalha ao longo da temporada, mas de repente se a gente não fizesse nada, nenhuma falta, não reclamasse com o juiz, talvez vocês estariam cobrando de outra forma. Claro que o Garro tomou uma decisão ali que vai ficar fora do próximo jogo, que é um jogador importante para nós, mas talvez a gente não se contentar com uma derrota também, vocês estariam cobrando de outra forma.?, explicou Maycon , evidenciando o dilema entre intensidade e disciplina.

A visão de Dorival Júnior sobre a "falta de inspiração" do Corinthians na derrota para o Ceará complementa o panorama de um time que, apesar do esforço, não consegue encontrar soluções criativas para superar os adversários. A recuperação de Garro , conforme detalhado pelo GE Corinthians , é um processo crucial para o retorno de um jogador-chave ao elenco .

Foco no Brasileirão e Versatilidade Tática: A Visão de Matheuzinho

Na zona mista, Matheuzinho, lateral-direito do Timão, reforçou a prioridade do clube no Campeonato Brasileiro, afastando qualquer ideia de concentrar as atenções apenas na Copa do Brasil, que será disputada mais adiante na temporada. ?Foco total no brasileiro, até porque faltam cinco rodadas. Então, se acaso a gente parar pra pensar somente na Copa do Brasil e largar o brasileiro, a gente pode ir lá pra zona de abaixamento. Então, a gente tá focado 100% no Brasileiro, porque assim, a gente consegue chegar com a maior expectativa possível, com o maior nível de futebol possível, com a torcida do nosso lado. Se a gente estiver numa linha crescente nesse campeonato, a gente pode chegar no final do ano com uma energia totalmente diferente de como está agora.?, declarou Matheuzinho , sublinhando a importância de uma boa campanha no Brasileirão para o moral da equipe.

Atuando como ala pela direita, Matheuzinho também dedicou elogios ao jovem Dieguinho, que, por escolha de Dorival, iniciou a partida em Itaquera. O lateral destacou a boa sintonia entre eles e a versatilidade tática que a presença de jogadores como Dieguinho proporciona. ?Desde a época que eu jogava no Flamengo, eu sempre joguei com ponta aberta do meu lado, que vinha por dentro, a gente tinha essa troca muito boa, de ultrapassar. Então eu acho muito legal a gente poder variar assim, ter o Diego, que é um moleque que mereceu a oportunidade, na minha visão foi muito bem. E é bom ter essas variedades no nosso esquema, é muito bom quando eu jogo do lado do Carrillo ou do Breno Bidon, e agora do próprio Dieguinho porque a gente pode trocar de várias formas botar uma confusão na cabeça do adversário.?, concluiu Matheuzinho , apontando a capacidade de adaptação como um trunfo para confundir os adversários.

A derrota para o Ceará acende um alerta no Parque São Jorge, e as palavras de Maycon e Matheuzinho refletem um elenco ciente dos desafios. A necessidade de "trabalhar mais para respeitar a camisa do Corinthians e honrar ela da melhor forma possível", como disse Maycon , ecoa o sentimento de urgência por uma reviravolta no desempenho e, consequentemente, na confiança do time.