Luiz Eduardo Corinthians: Pagamento, Acordo Água Santa e Envolvimento de Empresário

Uma complexa operação financeira envolvendo a transferência do meio-campista Luiz Eduardo, promessa do Água Santa que se juntou ao elenco do Corinthians em abril de 2024, veio à tona, revelando um acordo de R$ 3,5 milhões assumido por um empresário. A situação, que tem gerado questionamentos, foi detalhada em uma recente reunião entre o vice-presidente do Corinthians, Armando Mendonça, e o empresário Igor Zveibrucker.

A Origem da Controvérsia: O Pagamento de R$ 3,5 Milhões

No centro da polêmica está a revelação de Igor Zveibrucker de que ele próprio assumiu o encargo financeiro de R$ 3,5 milhões referente à negociação do jovem atleta. Essa informação, inicialmente divulgada com exclusividade pela Gazeta Esportiva, aponta para uma dinâmica de transação que, segundo os envolvidos, não contou com a participação direta do Corinthians no que tange a este específico desembolso.

Flávio Portella, sócio de Bruno Balsimelli na Unique Sports & Marketing, agência que gerencia a carreira de Luiz Eduardo , forneceu um panorama mais claro da operação. Ele confirmou o investimento realizado por Zveibrucker e reiterou a ausência de envolvimento do clube alvinegro neste arranjo financeiro particular. Segundo Portella, a trajetória de Luiz Eduardo já vinha sendo observada pelo Corinthians antes mesmo da formalização do agenciamento.

"O Luiz Eduardo chamou a atenção do pessoal do Corinthians, o Ramón (Díaz) gostava do menino e o Igor comentou sobre a possibilidade da gente agenciar o garoto", relatou Portella.

A negociação inicial pela promessa do Água Santa enfrentou impasses. O Corinthians , em um primeiro momento, buscou adquirir 70% dos direitos do jogador, deixando 30% para o Água Santa. Contudo, o clube formador, que via Luiz Eduardo como seu grande trunfo, recusou a proposta. A solução encontrada foi uma divisão equitativa de 50% para cada lado.

"No início, o Corinthians tentou fazer o negócio pegando 70% e deixando 30% ao Água Santa, mas eles não toparam, o Água Santa via o Luiz Eduardo como a grande promessa do clube. Por isso, acabou acontecendo com 50% para cada lado", explicou Portella.

Apesar de o jogador ter se transferido para o Corinthians em abril, a agência assumiu a procuração do atleta apenas em dezembro, o que, conforme Portella, desvincula a agência e o investidor da negociação primária com o Corinthians .

"O jogador foi para o Corinthians em abril. Nós assumimos a procuração em dezembro. Não tivemos nenhuma relação com a ida dele para o Corinthians e também não fizemos nenhum negócio com o Corinthians", afirmou.

O Enigma dos Pagamentos Congelados e a Pressão Envolvendo Marcos Boccatto

Um dos pontos mais sensíveis da narrativa reside na alegação de Igor Zveibrucker de que ele congelou parte dos pagamentos, especificamente R$ 750 mil, após receber informações que sugeriam que Marcos Boccatto poderia estar recebendo uma porção do valor. Boccatto, presidente de honra do Água Santa, ocupava, na gestão de Augusto Melo no Corinthians , o cargo remunerado de Superintendente de Novos Negócios.

Zveibrucker relatou a Armando Mendonça que aceitou auxiliar na transação devido à intensa pressão, pois dirigentes corintianos estariam receosos com as possíveis consequências de um não cumprimento do acordo, especialmente no que diz respeito a Boccatto. A suspeita de que Boccatto estaria, inclusive, pressionando pelo repasse do valor pendente, gerou apreensão no empresário.

Detalhes do Acordo Financeiro e a Participação em Vendas Futuras

Flávio Portella detalhou a natureza do acordo de R$ 3,5 milhões, enfatizando que ele foi estabelecido diretamente com o Água Santa. A operação envolveu a aquisição da procuração de Luiz Eduardo pela agência, que assumiu a gestão da carreira do jogador, e a compra de uma porcentagem dos direitos do Água Santa sobre uma eventual futura venda do atleta.

"Houve este acordo de R$ 3,5 milhões, mas isso foi diretamente com o Água Santa. Nós negociamos tudo diretamente com o Água Santa. Compramos a procuração do Luiz Eduardo, assumimos a carreira do jogador e adquirimos uma parte do Água Santa sobre uma eventual futura venda. Ou seja, se o Luiz Eduardo estourar e for vendido, 50% do valor vai para o Corinthians e 50% para o Água Santa, e nós receberemos uma parte destes 50% do Água Santa, se eu não me engano, 20%", explicou Portella.

A relação entre Igor Zveibrucker e a Unique Sports & Marketing foi esclarecida como uma parceria de investimento, onde ele atua como investidor em diversas negociações, enquanto a agência mantém a procuração dos atletas.

"O Igor é um parceiro nosso, um investidor, nós fazemos negócios juntos, ora a gente investindo, ora ele investindo. Nesta negociação, ele entrou como parceiro investidor e a nossa agência ficou com a procuração", concluiu Portella.

Posicionamento do Corinthians e Ex-Dirigentes

Em contrapartida às alegações, Claudinei Alves, Valmir Costa, Marcos Boccatto e Augusto Melo, ex-dirigentes do Corinthians , assim como o próprio clube, através de um comunicado oficial, negaram qualquer conhecimento ou ciência sobre os pagamentos realizados por Igor Zveibrucker neste contexto específico.

A Defesa de Igor Zveibrucker

Inicialmente relutante em se manifestar publicamente sobre as questões discutidas em sua reunião com Armando Mendonça, Igor Zveibrucker, após a repercussão da notícia, optou por emitir uma declaração. Em sua nota, o empresário buscou esclarecer sua atuação no cenário do futebol:

"Primeiramente, é importante deixar claro que sou um investidor do futebol, tenho empresas no ramo, participo como intermediador de muitas situações, faço tudo de maneira transparente, correta, dentro das regras e da Lei. Não há nada que me desabone ou que possam falar de mim durante todos estes anos. Atualmente, no Corinthians, sou credor devido a um valor que emprestei ao clube em um momento de necessidade da instituição, e espero receber de maneira tranquila, dentro das conformidades. Em nenhuma das minhas participações no clube até aqui eu obtive lucro financeiro ou qualquer vantagem indevida. Respeito muito o Corinthians, assim como todos os clubes, e espero manter um bom relacionamento para eventuais novas oportunidades de negócios, desde que sejam vantajosos para todas as partes e transparentes, como em tudo que faço".

A complexidade desta transação e as versões divergentes dos envolvidos ressaltam a intrincada rede de relações e acordos financeiros que permeiam o futebol brasileiro, onde a transparência muitas vezes se torna um desafio.