Franco Delgado: A Saga Judicial e a Rescisão de Contrato no Corinthians

O cenário do futebol brasileiro é, por vezes, palco de dramas que transcendem as quatro linhas. A mais recente controvérsia envolve o jovem atacante uruguaio Franco Delgado, de apenas 20 anos, e o Sport Club Corinthians Paulista. O promissor atleta, cuja chegada ao Parque São Jorge foi cercada de expectativas, agora busca uma saída litigiosa, marcando um capítulo inesperado em sua breve trajetória no Brasil.

A Promessa Não Cumprida no Parque São Jorge

Revelado nas categorias de base do Danúbio, do Uruguai, Franco Delgado desembarcou no Corinthians com a chancela de uma aposta de futuro. Sua contratação, inclusive, foi viabilizada de forma engenhosa: o clube alvinegro utilizou um crédito de 115 mil euros junto à FIFA, evitando assim um desembolso direto e apostando no potencial de desenvolvimento do jogador.

Contudo, a trajetória do atacante no clube paulista esteve aquém do esperado. Longe de consolidar-se na equipe principal, Delgado acumulou modestos dois gols em treze aparições pela equipe Sub-20. Uma série de mudanças na comissão técnica e a consequente perda de espaço no elenco principal culminaram em um desempenho que não correspondeu às projeções iniciais.

O Embate Legal: FGTS e a Lei Geral do Esporte

A relação entre Delgado e o Corinthians tomou um rumo judicial com a entrada de uma ação na Justiça do Trabalho. O pedido central é a rescisão unilateral do contrato do atleta, fundamentado em alegados atrasos no recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Essa situação, conforme a recém-promulgada Lei Geral do Esporte, confere ao jogador o direito de romper o vínculo empregatício.

O processo, protocolado em maio, destaca a argumentação da defesa do jogador: "

Em que pese os salários estarem em dia, fato é que a Reclamada não cumpre com suas obrigações patronais

". Tal alegação sustenta-se nos artigos 86 e 90 da Lei Geral do Esporte, que regulamentam as obrigações dos clubes e os direitos dos atletas em casos de inadimplência.

Os Valores em Disputa e o Futuro Incerto

Além da rescisão, a ação judicial de Franco Delgado inclui uma cobrança significativa, totalizando R$ 604.036,47. Este montante abrange uma série de verbas que, segundo a defesa do jogador, não foram devidamente quitadas pelo Corinthians . O contrato do atleta com o clube se estende até março de 2027, e a demanda inclui uma indenização referente ao período restante do vínculo.

Os valores pleiteados na ação judicial são detalhados da seguinte forma:

Item da Cobrança	Descrição
Salários Atrasados	Valores referentes a salários não pagos.
FGTS	Recolhimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço em atraso.
Férias	Valores correspondentes a férias não concedidas ou não pagas.
13º Salário	Parcelas do décimo terceiro salário em aberto.
Indenização Contratual	Referente ao período restante do contrato (até março de 2027).
Multa de 40% sobre o FGTS	Penalidade legal pela não regularização do FGTS.
Honorários Advocatícios	Custos com a representação legal do jogador.

O Silêncio do Clube e as Recorrentes Questões Extracampo

Diante da repercussão do caso, a postura oficial do Corinthians tem sido de não comentar sobre processos em andamento. Essa discrição, embora compreensível do ponto de vista jurídico, não atenua a percepção de que o clube se vê, mais uma vez, enredado em questões extracampo que desviam o foco do desempenho esportivo.

A ação judicial de Franco Delgado pode selar o fim prematuro de sua passagem pelo Corinthians , deixando um rastro de frustração para ambas as partes. Para o jogador, o futuro permanece incerto, dependendo dos desdobramentos legais. Para o Corinthians , o episódio se soma a uma série de desafios que vão além das quatro linhas, exigindo uma gestão atenta e eficaz para mitigar impactos e garantir a estabilidade institucional.