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Fabinho Soldado: A Blindagem do CT do Corinthians em Meio à Instabilidade Política
Por Redação FuTimão em 11/06/2025 04:14
A turbulência política que recentemente assolou o Sport Club Corinthians Paulista, culminando no impedimento do então presidente Augusto Melo, inevitavelmente lançou uma sombra sobre o ambiente do clube. Contudo, nos bastidores do Centro de Treinamento Joaquim Grava, uma figura emergiu como pilar fundamental na contenção dos efeitos dessa instabilidade: Fabinho Soldado.
O diretor executivo de futebol assumiu a linha de frente, agindo como uma barreira protetora para o elenco, a comissão técnica e os demais colaboradores, com a missão primordial de preservar a integridade do trabalho esportivo. Sua atuação tem sido crucial para assegurar que as questões administrativas e políticas não permeiem o cotidiano da equipe, mantendo o foco exclusivamente no desempenho em campo.
A Gestão Estratégica e a Autonomia Concedida
Embora sua chegada ao Corinthians tenha ocorrido sob a égide da gestão de Augusto Melo, o panorama atual impôs uma reconfiguração nas interações do diretor. Desde a deliberação que afastou o mandatário em 26 de maio, Fabinho Soldado optou por não mais manter contato direto com o ex-presidente, uma decisão que ele justifica pela necessidade de preservar seu foco no âmbito profissional. "Eu evito. Não tenho nada contra, e a relação sempre foi boa, mas há momentos. Estou focado em trabalhar, não posso me envolver na política. Preciso manter minha mente sadia e focar no Corinthians ", explicou.
Em contrapartida, a comunicação com o presidente interino, Osmar Stabile, tornou-se mais frequente e frutífera. Soldado manifestou satisfação com a atual dinâmica, ressaltando a autonomia concedida: "Muito bom. Estou feliz e satisfeito. Trabalho tranquilo com o Augusto e com o Osmar. Se não fosse verdade, a minha decisão (de sair ou ficar no clube) seria outra. O Osmar veio aqui e me deu autonomia para trabalhar. Isso é excelente. Assim como eu dou autonomia para o Dorival trabalhar, o presidente me deu autonomia. Eu não tenho nada a que reclamar." Tal respaldo tem sido vital para a manutenção da estratégia de blindagem.
A espinha dorsal da filosofia de gestão de Soldado reside na clara distinção entre as esferas administrativa e esportiva. "Temos que saber fazer uma divisão. Há o Parque São Jorge e há o CT Joaquim Grava. Claro que o presidente é o responsável por tudo, mas cada uma das áreas há um gestor. Aqui, no futebol profissional, eu sou o gestor", pontuou o executivo. Essa autonomia, assegurada tanto por Augusto Melo quanto por Osmar Stabile, permite que ele atue como um ponto de referência para os aproximadamente 120 profissionais que compõem o quadro do CT, garantindo que suas demandas e preocupações sejam ouvidas e endereçadas.
O CT como um Mundo à Parte: O Caso Dorival Júnior
Um dos mais eloquentes exemplos da eficácia dessa estratégia de isolamento do ambiente futebolístico foi a chegada do técnico Dorival Júnior. O comandante, que assumiu o time há pouco mais de um mês, demonstrou preocupação com o cenário político antes de selar seu compromisso. Soldado relata o diálogo decisivo: "O Dorival me perguntou sobre política, perguntou sobre como eu me informava e se eu tinha alguém lá (no Parque São Jorge) para passar informação. Sou um cara inteligente, conheço as pessoas. Falei para o Dorival: "professor, lá no Corinthians o CT é um mundo à parte, é uma outra realidade"."
O diretor fez questão de assegurar ao novo treinador que, apesar das questões administrativas que demandam resolução por parte do Conselho Deliberativo e do CORI, o CT operaria sob uma lógica distinta, garantindo condições plenas de trabalho. "Garanti ao Dorival que, no CT, ele teria todas as condições para trabalhar com quem quer que seja. Fiz um compromisso com ele. Você acha que o Dorival é bobo? Enquanto ele não decidisse onde iria trabalhar, sempre que alguém ficasse sem treinador ele seria a bola da vez. Ele sabe disso e optou pelo Corinthians porque sabe que aqui o trabalho dele não terá interferência", ponderou Soldado, evidenciando a confiança que o projeto do CT inspira.
A decisão de Dorival, um profissional de alto calibre que havia deixado recentemente a Seleção, é vista como uma validação da filosofia adotada. "Você acha que ele (Dorival) não se informou? Você acha que ele não ligou para os amigos, para os jogadores que ele conhece? É assim que funciona", concluiu o diretor, enfatizando a credibilidade construída.
Comunicação e Liderança no Elenco
A proatividade na gestão do ambiente interno se estende à comunicação com os atletas. Fabinho Soldado adota uma postura de antecipação, fornecendo informações aos jogadores antes que eventuais especulações ou notícias externas gerem inquietação. "Eu faço o inverso. Me antecipo e passo a informação antes a eles de tudo o que pode acontecer. Todo mundo sabe que tem uma eleição dia 9 de agosto, vamos ver o que vai acontecer. Isso tem funcionado muito bem, sempre me antecipo a eles", revela o executivo. Embora questionamentos pontuais surjam no cotidiano ? "Fabinho, como está a situação? O que você está sentindo que pode acontecer?" ?, o diretor garante que tais indagações não afetam o desempenho em campo.
A comunicação com o plantel é bifacetada: ocorre em grupos menores, especialmente com os líderes do elenco , e em momentos específicos, com todo o grupo. "A comunicação segue de duas formas. A primeira é falar com um grupo pequeno, nós temos um grupo de capitães. É uma forma que tenho de fazer a interlocução e, em alguns outros momentos, falo com todos juntos. Depende muito de qual é a informação que será passada. Temos seis ou sete líderes aqui, eu os chamo na minha sala e falo o que pode acontecer", detalha. A convicção de Soldado é que a estabilidade do futebol, por meio de resultados positivos, é o melhor auxílio para o clube em um momento de transição. "Todos aqui querem que isso se resolva. Estou em contato constante com o jurídico e com o financeiro. O futebol tem uma responsabilidade grande. É de entendimento de todos que se o futebol continuar trazendo bons resultados vamos ajudar o clube", enfatiza.
O comprometimento com a performance é inegável: "Todos aqui estão focados em melhorar o rendimento, aqui não tem ninguém feliz com os últimos jogos e estamos trabalhando duro para melhorar. O quanto antes ganharmos e jogarmos melhor, vamos ajudar o clube."
A composição do grupo de liderança, essencial para essa interlocução, inclui:
Capitães Atuais | Outros Líderes no Elenco |
---|---|
Romero | Memphis Depay |
Maycon | Garro |
André Ramalho | Gustavo Henrique |
Hugo Souza |
Visão do Executivo e Autoavaliação
Para se manter munido das informações necessárias à sua função de blindagem, Soldado mantém uma rede de contatos estratégicos dentro da própria instituição. "Sempre tenho alguém para falar. Financeiro? Procuro o responsável financeiro no momento. Mesmo com as mudanças, eu tenho o suporte do clube. Mudou agora, mas sempre tenho alguém com quem falar. São todos solícitos", detalha sobre o acesso às áreas administrativas e financeiras. Quanto ao cenário político, sua abordagem é pragmática. Apesar de seu tempo relativamente curto no Corinthians ? pouco mais de um ano e meio ?, o diretor demonstra um entendimento aprofundado do contexto institucional. "Eu, como executivo, preciso ter essa curiosidade, já conheço bem o cenário do clube. Não vou dizer que conheço todo o estatuto, mas sempre estou me informando", afirma. Seu foco é filtrar o essencial: "O que eu realmente preciso saber? O que meus jogadores precisam saber? No momento, precisam saber que dia 9 de agosto tem uma eleição dos associados. São essas informações que me interessam. Não preciso pegar tanto com outras pessoas, os presidentes que passam por aqui me contam uma ou outra coisa."
Em nível pessoal, a complexidade do momento demanda uma dedicação intensificada. "O momento pede que eu me dedique ainda mais ao clube. Não há problema algum nisso. O Corinthians fez muito por mim, e eu preciso fazer ainda muito pelo Corinthians . Alguém precisa falar, alguém precisa se posicionar ao torcedor. Tenho feito isso", declara Soldado, assumindo a responsabilidade de ser uma voz ativa. Contudo, ele faz questão de contextualizar a blindagem do CT não como um mérito exclusivo, mas como resultado de um esforço coletivo. "Não estou sozinho aqui dentro. Tenho uma galera muito competente que me ajuda muito. Todos os funcionários trabalham duro pelo Corinthians . Temos gestores espetaculares no clube, que me ajudam a tocar o dia a dia do CT", reconhece, valorizando a equipe.
Ao avaliar sua própria trajetória no clube, o diretor convida à reflexão sobre o ponto de partida. "Gostaria muito que o torcedor e a própria imprensa olhassem um pouquinho para um passado recente. Cheguei aqui em janeiro de 2024 e sei exatamente para onde estou indo, tenho um norte definido. Chegar aqui hoje do jeito que chegou, me mostra e me dá certeza e convicção de que o trabalho está certo. Nesse tempo todo, mudamos o elenco . Em janeiro de 2023, eu só tinha três zagueiros", pontua, sublinhando as transformações na composição do elenco e a clareza de sua visão para o futuro do futebol corintiano.
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