Exclusivo: Fundador da SAFiel sob Escrutínio por Acesso a Dados do Corinthians

A proposta da SAFiel para o Corinthians levanta questionamentos intrincados, especialmente considerando o histórico de um de seus idealizadores, Maurício Chamati. Ele, que agora figura como pilar do projeto SAFiel, teve uma passagem anterior pelo Comitê Independente de Finanças (CIF) do Corinthians , um período que se estendeu de setembro de 2024 a abril de 2025.

Durante os sete meses em que integrou o comitê, estabelecido por Pedro Silveira, então diretor financeiro do Timão, Chamati formalizou um compromisso de confidencialidade. Este documento, cujo teor foi acessado pelo UOL, impunha a ele a obrigação de manter sigilo absoluto e irrestrito, por um período de cinco anos, sobre todas as informações privilegiadas obtidas.

O pacto de sigilo não se limitava apenas à não divulgação; ele também exigia que os participantes do CIF protegessem, armazenassem, e, eventualmente, devolvessem ou destruíssem quaisquer dados revelados no âmbito do grupo.

Apesar de o Comitê Independente de Finanças ter sido descontinuado pelo Corinthians após o afastamento de Pedro Silveira em abril deste ano, motivado por questões de saúde, o compromisso de confidencialidade de Chamati permaneceu juridicamente válido, vinculando-o mesmo após o encerramento das atividades do grupo.

Acesso a Dados Confidenciais: O Vínculo de Chamati com o Comitê Financeiro

Curiosamente, apenas alguns meses antes da dissolução do comitê, em meados de fevereiro, Maurício Chamati já estava engajado na articulação para a formação da SAFiel, em conjunto com Carlos Teixeira e Eduardo Salusse, culminando na oficialização do empreendimento em 28 de outubro. Tal cronologia tem gerado um clima de desconfiança nos bastidores, levantando indagações sobre a possível utilização de informações sensíveis, adquiridas no período do CIF, em benefício direto do projeto SAFiel.

Apesar das suspeitas, a análise de compliance do Corinthians não identificou conflito de interesse específico entre o clube e a empresa "Invasão Fiel S.A". Esta entidade é concebida para agrupar torcedores que se tornariam acionistas, visando a captação de recursos para mitigar o endividamento do Timão, caso a proposta da SAFiel seja finalmente aprovada.

Alertas do Compliance: As 'Bandeiras Vermelhas' Ligadas ao Fundador da SAFiel

Contudo, o mesmo compliance do Corinthians apontou uma série de "bandeiras vermelhas" diretamente relacionadas ao envolvimento de Maurício Chamati como um dos sócios da "Invasão Fiel S.A". Estas preocupações são detalhadas abaixo:

O Contraponto: Defesas e Esclarecimentos da SAFiel e Aliados

Em contrapartida às preocupações levantadas, indivíduos próximos ao conceito de uma SAF no Corinthians argumentam que a mera assinatura de um termo de confidencialidade não deveria ser motivo desproporcional para invalidar uma proposta que consideram legítima. Eles enfatizam que a adesão a tais documentos é uma prática comum e esperada ao se ter acesso a informações, ideias e projetos sensíveis, caracterizando um compromisso padrão de sigilo.

Fontes ligadas a Maurício Chamati reforçaram à reportagem que o empresário, durante sua participação no Comitê Independente de Finanças, não teria acessado dados financeiros considerados relevantes ou estratégicos. A SAFiel, por sua assessoria, também se manifestou ao UOL, declarando que Chamati "nunca teve cargo ou foi remunerado por isso (participar do CIF), tampouco usou qualquer informação das poucas apresentadas fora deste fórum".