- FuTimão
- Estádio do Flamengo: Bap Alerta para Custos Milionários e Usa Corinthians como Paradigma de Prudência
Estádio do Flamengo: Bap Alerta para Custos Milionários e Usa Corinthians como Paradigma de Prudência
Por Redação FuTimão em 22/06/2025 18:54
Em um cenário de grandes expectativas e discussões sobre o futuro da infraestrutura rubro-negra, o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, trouxe à tona uma perspectiva de cautela e realismo financeiro em relação ao tão almejado projeto de construção do novo estádio. Durante uma coletiva de imprensa nos Estados Unidos, onde o clube se preparava para a Copa do Mundo de Clubes, Bap não apenas reiterou sua prudência, mas também utilizou a experiência de outro gigante do futebol brasileiro, o Corinthians, como um significativo exemplo a ser considerado.
A declaração do dirigente do Flamengo não foi apenas um alerta sobre a complexidade da empreitada, mas uma verdadeira lição de gestão estratégica. Ele enfatizou que os custos envolvidos na edificação do novo palco rubro-negro estão consideravelmente acima das projeções iniciais. O valor, que antes era estimado em R$ 1,9 bilhão, conforme estudos preliminares da gestão anterior de Rodolfo Landim, agora aponta para uma cifra que pode ultrapassar os R$ 3 bilhões. Essa correção de valores impõe uma nova realidade ao planejamento e exige uma abordagem ainda mais criteriosa.
A referência ao Corinthians , campeão da Libertadores e do Mundial em 2012, e o subsequente impacto da construção de sua arena, serve como um espelho para o Flamengo. Bap salientou as expectativas que cercaram o clube paulista após a conquista dos títulos e a inauguração de seu estádio, contrastando-as com a realidade que se seguiu. A mensagem é clara: um estádio próprio, por mais grandioso que seja o sonho, não é uma garantia de sucesso esportivo contínuo e pode, se mal planejado, gerar um pesado fardo financeiro.
O Alerta do Corinthians: A Realidade Financeira do Estádio Rubro-Negro
A experiência do Corinthians , que investiu pesadamente em sua arena, é um ponto crucial na argumentação de Bap. Ele ressaltou que, embora o estádio seja um sonho legítimo para a torcida, a concretização desse projeto não pode, em hipótese alguma, comprometer a performance esportiva do clube ou sua saúde financeira. A premiação obtida em competições de alto nível, como o Mundial, não será, segundo o presidente, a tábua de salvação para viabilizar a obra, desmistificando qualquer correlação direta entre os recursos e o início imediato das construções.
"Não tem nada a ver uma coisa com a outra (dinheiro da premiação). O projeto do estádio é um projeto para 50 anos. É um projeto. Minha promessa é a seguinte: eu jamais faço nada na minha vida baseado em emoção. Se a gente não tiver certeza absoluta que isso não empurra o Flamengo para virar uma SAF ou que isso vai comprometer a performance esportiva do Flamengo, eu não vou fazer o estádio", declarou o dirigente, sublinhando sua postura irredutível.
A visão de Bap é de longo prazo, com uma paciência estratégica que remete à construção do Ninho do Urubu, o centro de treinamento do clube, que levou anos para ser consolidado. Ele enfatiza que o Flamengo possui o Maracanã à sua disposição por um período considerável, o que oferece um respiro e tempo para um planejamento meticuloso, sem pressões desnecessárias. A prioridade máxima, segundo ele, é a sustentabilidade esportiva e financeira do clube.
A Visão Cautelosa de Bap: Prioridade Esportiva Acima do Sonho Rubro-Negro
A cautela do presidente se estende à análise dos estudos preliminares sobre o estádio. Bap revelou que as avaliações mais recentes, conduzidas por quatro empresas especializadas, contradizem as projeções iniciais de custo e tempo. O que antes parecia uma obra de custo e prazos definidos, agora se mostra uma empreitada mais cara e demorada. Essa realidade exige uma reavaliação profunda e uma tomada de decisão baseada em dados concretos, e não em otimismo excessivo.
"Os estudos demonstram que não dá para fazer no tempo que foi dito e nem no preço que foi comentado. Tem quatro empresas avaliando os trabalhos que eles fizeram, que eram preliminares, e a conclusão é que infelizmente vai demorar mais tempo e mais dinheiro do que foi colocado naquela época. Infelizmente é a vida como ela é. Se isso comprometer a performance do Flamengo, nós não vamos fazer", destacou Bap, complementando com a célebre lição do rival: "Vamos pegar o caso do Corinthians . Em 2012, foi campeão da Libertadores e do Mundial. Meus amigos corintianos diziam 'daqui a dois anos vamos ter o estádio e vocês vão ver o que vai acontecer'. E o que aconteceu de lá para cá? Aprender com a experiencia da gente é inteligente, aprender com os outros é sabedoria."
Essa perspectiva reforça a ideia de que o Flamengo não pode se dar ao luxo de repetir erros ou embarcar em projetos que ameacem sua estabilidade. A sabedoria, nesse contexto, reside em aprender com as trajetórias de outros clubes, especialmente aqueles que já trilharam o caminho da construção de arenas próprias e enfrentaram seus próprios desafios e consequências.
O Intrincado Caminho do Gasômetro: Desafios e Prazos do Projeto do Estádio
Apesar da prudência nas declarações, o Flamengo segue avançando nas etapas burocráticas e técnicas para a concretização do projeto. Em abril, o clube anunciou a contratação de três empresas para realizar uma inspeção detalhada na área do Gasômetro, um processo que deve se estender por seis meses. O objetivo é coletar informações precisas para fundamentar o projeto conceitual desenvolvido pela "Arena Events + Venues", responsável pelo projeto arquitetônico preliminar e pela coordenação dos estudos atuais.
O terreno do Gasômetro, essencial para o empreendimento, foi arrematado pelo Flamengo em um leilão realizado em julho de 2024, por um valor de R$ 138,2 milhões, acrescido de R$ 7,8 milhões após uma perícia. Em 2 de outubro, um pré-acordo foi selado, permitindo ao clube a posse do terreno no dia seguinte. Naquele momento, foi estabelecido um prazo de 60 dias para que os departamentos jurídicos finalizassem a documentação, com todos os detalhes acordados na mediação. Contudo, a assinatura final, inicialmente prevista para a primeira semana de janeiro, não se concretizou.
A diretoria rubro-negra solicitou um adiamento de 90 dias, prazo que expirou no início de abril. Posteriormente, um novo pedido de prorrogação, desta vez por mais três meses, foi apresentado. Esses adiamentos, embora comuns em grandes negociações imobiliárias e projetos dessa magnitude, ilustram a complexidade e a morosidade inerentes à aquisição e regularização de um terreno de tamanha importância e porte, reforçando a visão de longo prazo e a cautela defendida pelo presidente Bap.
Curtiu esse post?
Participe e suba no rank de membros