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Escândalo no Corinthians: MP Intensifica Investigação Sobre Gastos e Negócio Suspeito
Por Redação FuTimão em 15/08/2025 08:13
A gestão financeira do Sport Club Corinthians Paulista volta a ser objeto de rigorosa análise. Na última quinta-feira, Osmar Stabile, presidente interino do clube, e Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo, compareceram ao Ministério Público de São Paulo para prestar esclarecimentos. O foco da inquirição recaiu sobre a utilização e o controle dos cartões corporativos, além dos procedimentos de prestação de contas da presidência. Ambos os dirigentes manifestaram total disposição para colaborar com a apuração em curso.
Desde o final de julho, as autoridades ministeriais investigam supostas apropriação indébita, estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa, crimes que teriam sido cometidos por ex-dirigentes alvinegros e empresas que mantiveram relações comerciais com a instituição. A abrangência da investigação demonstra a seriedade com que o MP trata as denúncias de irregularidades no Parque São Jorge.
O Enigma do Oliveira Minimercado
Recentemente, o Ministério Público tem direcionado sua atenção a um dos pontos mais intrigantes do inquérito: o Oliveira Minimercado, um estabelecimento sob forte suspeita de ser uma empresa de fachada. Dados revelados apontam que, somente entre 18 e 31 de outubro de 2023, este suposto comércio registrou um faturamento de R$ 32.580,00, distribuídos em sete notas fiscais distintas, todas emitidas para o Corinthians . Contudo, o endereço de registro do minimercado corresponde a uma residência, e os moradores afirmam categoricamente que nunca houve qualquer atividade comercial no local.
Alexsander Marques Canudo, que figurava como sócio da companhia em 2023, e Geovana Batista de Oliveira, que o sucedeu na titularidade da empresa, serão formalmente intimados a depor na condição de investigados. Até o momento, o paradeiro de ambos permanece desconhecido para os investigadores do Ministério Público. Há indícios de que essa dupla possa estar ligada a outras entidades de natureza duvidosa. Adicionalmente, no mesmo local onde o Minimercado Oliveira está registrado, funciona uma associação com atividades culturais e artísticas, que também entrou no radar das autoridades.
Alexsander Marques Canudo, contatado, refutou veementemente a alegação de que a empresa seria fictícia. Em mensagem de texto, ele declarou:
A empresa funcionava, sim, no endereço informado, com atividades relacionadas à produção e venda de marmitex. Pode ser que, atualmente, não haja movimentação visível, mas na época das emissões, as operações ocorriam normalmente. Sobre as notas fiscais sequenciais, isso pode ocorrer com empresas que têm poucos clientes fixos ou contratos específicos, como era o nosso caso. A prestação de serviço ao Corinthians foi real e devidamente executada.
A Cronologia da Investigação Financeira
A apuração teve início em 30 de julho, quando o Ministério Público de São Paulo instaurou um procedimento investigatório criminal para verificar a possível utilização indevida de cartões de crédito do clube, especificamente durante as administrações dos ex-presidentes Andrés Sanchez (entre 2018 e 2020) e Duilio Monteiro Alves (de 2021 a 2023).
Poucos dias após a abertura do inquérito, o órgão decidiu aprofundar-se também no relatório de despesas da presidência referente a outubro de 2023. Em decorrência de sua assinatura neste documento, Denilson Grillo, ex-motorista de Duilio, passou a ser qualificado como investigado e sua oitiva é esperada nos próximos dias. Na semana passada, o Ministério Público demonstrou a amplitude de sua atuação ao solicitar ao Corinthians as faturas dos cartões corporativos também para o período do mandato do atual presidente, Augusto Melo, abrangendo de janeiro de 2024 a maio de 2025.
O Cerco se Fecha
O promotor Cássio Roberto Conserino, responsável pelo caso, já colheu o depoimento do gerente financeiro do Timão, Roberto Gavioli. Adicionalmente, uma série de documentos foi solicitada ao clube e aos conselhos Deliberativo e de Orientação. A investigação sobre os cartões corporativos do Corinthians foi desencadeada após denúncias de torcedores, que tiveram acesso a faturas de cartões vazadas por um perfil em uma rede social. Em um dos episódios, Andrés Sanchez reconheceu a autenticidade de um dos documentos e afirmou ter restituído o clube pelo gasto considerado indevido.
O cenário atual no Corinthians é de uma apuração minuciosa, que busca trazer clareza e responsabilidade sobre o uso dos recursos do clube. A postura colaborativa dos atuais dirigentes é um passo importante, mas a complexidade e a extensão das irregularidades investigadas sugerem que o caminho para a total elucidação dos fatos será longo e desafiador.
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