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Eleições Corinthians: André Castro Promete US$ 1 Bilhão em Investimento
Por Redação FuTimão em 19/08/2025 18:24
O cenário político do Corinthians ganha contornos de grande expectativa com a oficialização da candidatura de André Castro à presidência. Conselheiro do clube em seu segundo mandato e com uma sólida carreira como gestor de investimentos, Castro, aos 46 anos, foi o pioneiro a formalizar sua inscrição para o pleito que se aproxima. Apesar de ser visto por muitos nos corredores do Parque São Jorge como um nome menos provável na disputa, o candidato exibe notável otimismo. Sua principal aposta para conquistar a cadeira presidencial é uma promessa ambiciosa: a concretização de um aporte financeiro de US$ 1 bilhão ? equivalentes a aproximadamente R$ 5,5 bilhões na cotação atual ? proveniente de um grupo de investidores com quem, segundo ele, as negociações estão em estágio avançado.
Em declarações recentes, Castro forneceu alguns detalhes sobre o parceiro estratégico, mantendo, contudo, o sigilo quanto à sua identidade, que será revelada em uma coletiva na próxima quinta-feira. O empresário também delineou suas visões para as diversas esferas do clube, abrangendo o departamento de futebol, as categorias de base e a gestão geral.
André Castro, candidato à presidência do Corinthians , durante entrevista. (Foto: Reprodução)
Questionado sobre sua trajetória, André Castro compartilhou sua vasta experiência no setor financeiro: "Trabalho no mercado financeiro há mais de 25 anos, dos quais em mais de 10 anos eu fiz gestão. Participei de gestão de alguns grandes bancos. Trabalhei fazendo gestão ou a parte de investimentos, que é o que eu faço hoje, no escritório Alta Vista, da XP." Sua conexão com o Corinthians transcende a política; ele é sócio desde 1996 e um frequentador assíduo do clube social. "No clube, eu estou na minha segunda gestão diretamente de Conselho e eu passei pelas categorias de base, agora na gestão anterior ao Augusto (do presidente Duilio Monteiro Alves). E já trabalhei em 'any' situações lá dentro do clube ajudando, sem cargos, mas sempre ajudando muito em todos os setores. Principalmente uma parte na base, uma parte no clube social mesmo, em algumas modalidades." Ele ressalta sua presença constante: "Acredito que nos últimos 10 ou 15 anos dificilmente eu faltei um fim de semana no clube."
Quanto à sua filiação política, Castro esclareceu seu distanciamento da Chapa Preto no Branco, pela qual foi eleito para o Conselho e que apoiou a gestão anterior. "Na primeira gestão eu fui do Resgata Corinthians , que era oposição, e nessa última gestão eu saí pela chapa 22 (Preto no Branco). Eu não estou vinculado a eles desde janeiro de 2024." Ele explicou a motivação de sua saída: "Eu já saí com o intuito de (formar) um novo movimento político dentro do clube, que era justamente buscar uma terceira via." Sua visão é a de que o clube necessita de "uma linha mais jovem buscar uma linha com outras ideias," em vez de se limitar às alternativas existentes.
Os Pilares da Candidatura de André Castro: Investimento e Gestão
Em um pleito indireto, onde apenas os conselheiros votam, a formação de alianças é crucial. Indagado sobre apoios políticos já consolidados, Castro foi enfático: "Não tem ninguém fechado com ninguém, eu converso com todo mundo quase todos os dias e rola muito boato de que fulano está com ciclano, com isso, com aquilo, mas eu vou falar pra você que ninguém está fechado com ninguém." Ele sustenta que sua proposta de investimento alterará significativamente o panorama eleitoral.
Ele preferiu não revelar nomes de apoio neste momento, focando em atrair conselheiros "indecisos" que buscam uma via alternativa. "Eu foquei na campanha principalmente nas pessoas que saíram das suas chapas. Tem muita gente hoje assim, a grande maioria das chapas estão pela metade. A gente tem, talvez, perto de 100 pessoas que não sabem para que caminho vão." Castro projeta uma "transformação do clube" e busca o engajamento tanto dos conselheiros quanto da base de sócios e torcedores.
O ponto central de sua plataforma é o aporte financeiro de US$ 1 bilhão. André Castro prometeu revelar o nome do "banco" parceiro em uma coletiva na quinta-feira, que será "o carro-chefe de todo esse investimento." O investimento será "escalonado em algumas fases," com a prioridade inicial sendo a resolução do "transfer ban" para permitir novas contratações. Parte do plano envolve a quitação do financiamento da Neo Química Arena com a Caixa e a exposição de uma nova marca no estádio, o que implicaria negociar uma possível rescisão com o atual parceiro. O candidato aspira a resolver essa questão no "mais curto prazo possível," embora não possa precisar datas exatas devido à dependência de "due diligence" e outros trâmites.
A contrapartida para o investidor será a exposição de suas diversas marcas no Corinthians . "É não só o banco, é uma marca de mobilidade, um grupo de hospitais, uma faculdade, que a gente exponha essas marcas no Corinthians , uma parte na arena, uma parte no CT da base, uma parte no CT profissional e camisa." Além disso, o pacote inclui a disponibilização de camarotes na arena para os clientes do grupo.
A revelação do nome do banco e das garantias está agendada para a coletiva. Castro enfatiza que o planejamento de investimento é complexo e depende de trâmites. Seu objetivo imediato é obter "um fôlego" financeiro para endereçar questões urgentes como o "transfer ban" e a folha salarial. Ele revelou que a parceria vem sendo construída há um ano, visando "resolver os problemas do clube" e atrair novos investidores, aprimorando a imagem do Corinthians no mercado.
O Plano de Investimento: Arena, Futebol e Estrutura
Esclarecendo a natureza da parceria, Castro detalhou que se trata de "uma instituição que tem outros parceiros." A intenção é que as diversas marcas do grupo ? incluindo as de mobilidade, hospitais e educação ? sejam expostas no clube e que haja uma sinergia com o programa Fiel Torcedor e os sócios. "Todo mundo que for estudar na faculdade ou tiver um plano de saúde ou utilizar essa empresa de mobilidade, por exemplo, tudo isso vai ter desconto para o nosso Fiel Torcedor e para os sócios do clube."
O investidor é de origem nacional: "É do Brasil!"
O montante total do projeto, segundo Castro, pode chegar "até um bilhão de dólares." O candidato reiterou que o aporte será "escalonado" e que o plano passará por rigorosos processos de "compliance" e aprovação dos órgãos reguladores do clube. "Eu não posso te definir como: 'todo o valor vai vir agora em 90 dias'. Não. vai ser uma coisa escalonada, a gente tem várias prioridades pela frente e a gente vai tentar ao máximo óbvio com que tudo chegue o quanto antes aqui."
A parceria prevê um horizonte temporal distinto para cada ativo. A Arena, por exemplo, teria um contrato de 15 anos para exposição da marca, com flexibilidade para alternar entre as marcas do grupo. "Nesse primeiro ano, o foco é na quitação da arena e a troca do nome. A partir do segundo ano, a gente escalona o recebimento até o fim dos 15 anos." O mesmo modelo se aplicaria aos Centros de Treinamento da base e profissional.
Os recursos restantes seriam direcionados para "contratação de jogador" e a "reformulação do nosso clube social." Reformas na própria Arena estão previstas, mas em uma etapa posterior. "A partir do segundo ano a Arena começa a pagar, no CT de imediato, camisa de imediato." Castro reiterou ter solicitado um montante "considerável de curto prazo" para resolver pendências urgentes, como o "transfer ban" e a chegada de reforços.
As contrapartidas para o investidor serão exclusivamente a exploração de suas marcas dentro do clube. "Todo recurso que nós planejamos até agora vai ser em cima das marcas deles dentro do Corinthians . Eles vão explorar as marcas, não só da Arena, como você citou, como também do CT, da base, da camisa, os camarotes e algumas coisas que a gente tem planejadas para fazer com uso da Arena." A ideia é integrar as marcas em diversas estruturas para engajar o torcedor.
Futebol: Avaliações e Direcionamentos Futuros
No que tange ao futebol, questionado sobre a continuidade de Fabinho Soldado e Dorival Júnior, Castro adotou uma postura cautelosa. "Como gestor, eu chegando, eu não posso ouvir... A gente ouve muito o que se fala na mídia, ouve o que se fala de A, B ou C. Eu vou chegar e ter minha própria visão, vou conversar, ter o olho no olho com as pessoas que estão lá dentro para sentir o clima e ver como está a situação." Ele enfatizou a necessidade de uma análise presencial e detalhada para "colocar um prumo aí no que vai acontecer com o time até o fim do ano, para que não corra riscos."
Sobre a ausência de um diretor estatutário de futebol desde a saída de Rubão, Castro se posicionou favoravelmente ao preenchimento da vaga. "Pretendo. Pretendo preencher esse cargo. Eu acho importante a gente ter as duas visões. Um clube como Corinthians não pode estar dependente de uma opinião só." Ele defende a importância de "uma pessoa estatutária que venha com o pulso firme" para enriquecer o processo decisório.
Considerando o "transfer ban" e a necessidade de quitar cerca de R$ 33 milhões para liberar novas contratações, o candidato afirmou a possibilidade de reforçar o elenco, mesmo com o fechamento da janela de transferências. "É possível, sim. Vou falar que está dentro das minhas necessidades imediatas, vou chamar assim, que eu já tracei com o pessoal do banco." Ele está se planejando para resolver não apenas a pendência do Felix Torres, mas também outras dívidas como as de Matías Rojas e Garro, visando qualificar o time.
Em relação ao contrato de Memphis Depay, Castro reconheceu a importância técnica do jogador. "Eu vejo o Memphis como um baita atleta, um baita jogador hoje, e o Corinthians precisa muito dele tecnicamente para continuar indo bem dentro do campo." Ele afirmou a intenção de manter o atleta até o fim do contrato, mas ressaltou a necessidade de analisar detalhadamente as cláusulas financeiras. "Se fala muita coisa do contrato dele, que tem uma empresa que paga, que ajuda com tanto ou não. Então, para eu tomar uma decisão com relação a essa parte, eu preciso olhar com mais detalhes, entender os custos envolvidos e entender como está a atual situação do contrato." A reavaliação seria feita apenas após essa compreensão aprofundada.
A Base, o Social e a Visão de Longo Prazo
Para as categorias de base, Castro propõe uma "profissionalização grande parte das áreas," com a implementação de um gestor executivo para dinamizar o setor. Ele destacou a urgência de aprimorar a captação de talentos em diversos estados e, principalmente, resolver a questão do alojamento, que hoje limita a atração de jovens promessas. "A gente precisa resolver de uma vez por todas essa questão do alojamento da base, porque grandes talentos vêm de outros estados, e a gente tem que ter uma estrutura para acomodar esses garotos." O plano é utilizar recursos do parceiro para contratar talentos e aumentar a revelação de jogadores, que ele considera "muito pouco" para o potencial do clube.
André Castro com a taça de campeão paulista sub-17 em 2021. (Foto: Reprodução / Instagram)
Sobre sua experiência anterior na base, durante a gestão de Duilio Monteiro Alves, Castro atuou por cerca de um ano e meio como assessor. "Eu não tinha a carga diretivo, mas fiquei um pouco mais de um ano e meio como assessor lá, na gestão do Duilio." Ele avaliou positivamente a gestão da época, mas criticou a falta de continuidade: "O problema é que toda hora se interrompem os trabalhos. Isso atrapalha muito dentro da base." Para ele, o desenvolvimento de talentos exige "um trabalho que comece lá no sub-8, sub-9," com foco em captação até o sub-17, visando que o atleta esteja pronto no sub-20.
Além da Arena, a alocação dos recursos prevê prioridade para o futebol. "A prioridade é com jogador, que é o coração do nosso time." Em seguida, as categorias de base e o clube social, que Castro considera "estagnado por muito tempo." Ele visa sanar dívidas, especialmente as tributárias, para que o clube obtenha a Certidão Negativa de Débitos (CND) e possa acessar leis de incentivo e projetos sociais atualmente inviabilizados.
O objetivo é transformar o clube social, hoje visto como deficitário, em uma entidade autossustentável, utilizando tanto os recursos do parceiro quanto de outros projetos. Castro planeja "contratar uma empresa de RH de início para a gente também subir o nível dos profissionais que a gente coloca dentro do clube." Contudo, a prioridade inicial permanece no futebol, para resolver as questões mais urgentes.
Gestão, Governança e O Futuro do Sócio-Torcedor
Questionado sobre a exclusividade nos patrocínios, Castro afirmou que o parceiro não terá. "Não. Tanto é que eu falei que a gente já tem alguns parceiros com contrato e que a gente vai analisar para ver se faz sentido algum tipo de proposta com o parceiro ou para mudar." Ele mencionou que o atual patrocinador máster seria realocado, e que o novo investidor "entendeu e está bem tranquilo com relação a isso."
Em contraste com o movimento de clubes que se tornaram SAF para atrair investimentos, Castro explicou por que o Corinthians , sem ceder controle, poderia atrair um aporte tão vultoso. "O Corinthians é conhecido no mundo todo." Ele revelou que o valor inicial da negociação era de R$ 1 bilhão, mas "conforme eles foram entendendo o projeto, foram entendendo as minhas ideias lá dentro, eu fui passando tudo o que tem de oportunidade para a marca deles, que eles têm, ganharem evidência dentro do Corinthians , isso foi aumentando o apetite deles." Para ele, "O Corinthians tem uma força que nem ele sabe."
A confiança do investidor, segundo Castro, reside na capacidade de transformar o clube, otimizar a gestão dos departamentos e valorizar as marcas envolvidas. "Eu tenho certeza que esse investimento que vai ser feito vai ser muito baixo para o que o Corinthians vai se transformar." A crença em seu projeto e capacidade de gestão foi o fator que elevou o potencial de investimento de R$ 1 bilhão para US$ 1 bilhão.
Embora a parceria esteja atrelada à sua gestão, Castro afirmou que o projeto seria apresentado ao clube independentemente do resultado eleitoral. "O projeto vai ser apresentado sim. Ele vai ser apresentado independentemente de quem está na cadeira. Mas é uma decisão que não é minha, não cabe a mim, é uma decisão do grupo." Ele ressaltou que o grupo confia em sua figura como gestor, mas que, pelo bem do clube, ele se esforçaria para que o projeto avançasse.
Diante da delicada situação financeira do Corinthians , Castro garantiu possuir planos alternativos caso o aporte de US$ 1 bilhão não se concretize. "Eu tenho outros planos além desse. Esse é o plano que está vigente, está tudo estruturado, vamos ter que passar pelos órgãos regulatórios do clube para isso se consolidar." Ele enfatizou que já realizou análises internas para assegurar a viabilidade de sua proposta e que possui "mais dois parceiros interessados em conversar a respeito," oferecendo outras opções para a saúde financeira do clube.
Confirmando sua dedicação integral ao clube, caso eleito, Castro afirmou que se afastará de suas atividades profissionais. "Sim, eu já tomei essa reunião aqui com o CEO do escritório, nós já deixamos tudo traçado. A carteira de clientes que hoje eu tenho passaria para outra pessoa enquanto eu estivesse nessa função no Corinthians . Nós traçamos um projeto até fim de 2026 dessa situação."
Diferente de gestões anteriores, Castro, inicialmente, não planeja a contratação de um CEO. "A princípio eu não penso, porque eu acho que eu consigo ordenar e colocar pessoas profissionais para me ajudarem nesse controle, diretores, onde a gente consiga equilibrar." Ele pretende retomar o trabalho de uma empresa externa que, na gestão anterior, realizava um controle eficiente de custos. "Nesse momento eu não vejo essa necessidade de CEO, mas se em algum momento eu achar que realmente se faz necessário isso, vou conversar aqui, vamos conversar internamente e vamos levar isso adiante."
Por fim, sobre o debatido direito a voto do sócio-torcedor, Castro se posicionou favoravelmente à discussão e resolução do tema. "Eu sou a favor. Sim, que isso se discuta com mais detalhes dentro do clube, mas eu acho que é algo que está latente há muito tempo e alguma solução tem que ser dada." Ele se compromete a fomentar o diálogo para encontrar um "equilíbrio entre o sócio e a torcida."
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