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Dyego Coelho: De Jogador a Técnico, A Verdade sobre o Corinthians de Tévez e a Pressão da Torcida

Por Redação FuTimão em 07/07/2025 12:33

Dyego Coelho, figura conhecida por sua franqueza e bom humor, emerge como um dos mais articulados ex-jogadores ao revisitar os bastidores de uma das eras mais intensas do Corinthians: o período "galáctico" de Tévez e companhia. Atualmente à frente do São Bento, em Sorocaba, o paulistano, que defendeu o Alvinegro com paixão, revela detalhes da sua trajetória, marcada por conquistas e momentos de profunda turbulência.

Com uma carreira profissional de 21 anos nos gramados, que incluiu passagens por Corinthians e Atlético-MG, Coelho, agora com nome composto e a ambição de ser um técnico de sucesso, retornou ao cenário brasileiro em 2025. Sua jornada na beira do campo teve início em 2016, nas categorias de base do Timão, onde permaneceu por quatro anos, oscilando entre a formação e o time principal. Antes de seu retorno, acumulou experiência em clubes como Metropolitano-SC e Inter de Limeira, além de uma significativa passagem de três temporadas como técnico do time sub-23 do Portimonense, em Portugal.

Em meio à sua agenda com o São Bento na Copa Paulista, Coelho abriu as portas do CT Humberto Reale para uma conversa franca. O bate-papo explorou desde a realização de um sonho de infância no Corinthians até os momentos mais delicados, como o ambiente de alta tensão no elenco de 2005 e as severas ameaças de torcedores, que o levaram a medidas extremas, como enviar sua filha à escola em um veículo blindado e com segurança particular.

Além das memórias corintianas, Coelho expressou seu profundo apreço pelo Atlético-MG e compartilhou que a vocação para ser treinador surgiu precocemente, aos 24 anos, inspirada por figuras que moldaram sua visão de futebol. Com uma trajetória repleta de superações, o técnico também enfatiza a relevância da saúde mental, mantendo em seu calendário um compromisso inadiável: a terapia, todas as terças-feiras ao meio-dia.

Hoje estou 42 anos e eu consegui atingir esse controle e equilíbrio. Porque passei por coisas que ou era na maluquice ou não andavam. Isso me prejudicou muito. Então, por isso que eu fui para fora (do Brasil). Faço terapia até hoje. Faço toda terça-feira meio-dia (risos).

O técnico complementa, ressaltando a importância do equilíbrio: "É um controle que você tem que ter, porque você comanda, lidera homens, pais de família. Eles não querem ser xingados, cobrados. Tem que ser uma cobrança inteligente, passando vídeo, mostrando. É algo que eu consegui trazer e os jogadores (do São Bento) adoram."

A Era "Galáctica" do Corinthians: Poder e Tensão nos Bastidores

Fruto do Terrão, Dyego Coelho carrega o Corinthians no sangue. Foi no clube alvinegro que ele iniciou sua jornada tanto como jogador quanto como treinador. Chegou às categorias de base em 2002, ascendeu ao profissional no ano seguinte e vestiu a camisa principal em 108 jogos entre 2003 e 2006, com um breve retorno em 2008. Nesse período, marcou 15 gols e conquistou o Paulistão de 2003 e o Campeonato Brasileiro de 2005, integrando o elenco que ficou conhecido como o "Corinthians galáctico".

Aquele time, formado após a parceria com a MSI, fundo de investimento londrino liderado pelo iraniano Kia Joorabchian, trouxe nomes de peso entre 2005 e 2006, como o goleiro Fábio Costa, o volante Mascherano, os meias Carlos Alberto e Roger Flores, e os atacantes Nilmar e Carlos Tévez. Em meio a tantos medalhões, talentos da base, como o próprio lateral-direito Coelho, então com 22 anos, mantiveram-se como peças fundamentais.

Questionado sobre o ambiente daquele elenco campeão brasileiro de 2005, o ex-jogador não hesita em descrever um "vestiário conturbado", onde, paradoxalmente, "eles queriam aquela confusão", e a liderança era exercida pelos próprios atletas. "O ambiente era pesado, mas os caras jogavam muita bola. Era um vestiário conturbado, mas não queríamos sair dali. Queríamos aquela confusão. Quanto mais confusão a gente fazia, mais a torcida cobrava, mais a gente jogava. Era um vestiário de homens, nem tantos alguns, porque o mau caratismo de alguns é melhor nem comentar. Era algo que os jogadores junto com os torcedores levavam à frente. Tinham treinadores, como o delegado (Antônio Lopes), o Márcio (Bittencourt), mas não adiantava, porque quem comandava realmente eram os jogadores. A gente tinha muito aval disso e a torcida abraçou."

Tévez: A Essência do Craque e a Cobrança Alvinegra

Coelho prossegue, detalhando a complexidade interna: "Aquele Corinthians tinha muito ego. Tinha muita situação: 'por que aquele tem e eu não tenho? E aí tinha o pessoal da base que também queria, porque quem realmente acabou jogando foi a base, junto com os medalhões. A gente tinha o Kia (Joorabchian) maravilhoso, todo mundo não gostava, mas lá dentro a gente amava ele. Tinha o Andrés (Sanchez), que também vinha junto com o Kia e dava todo o suporte. Tinha o Paulo Angioni, que era um barato, um cara fantástico que é gestor hoje do Fluminense. Foi ele que começou a tirar essa vaidade. Aos poucos, fomos entendendo que se fosse só na individualidade, a gente nem ia chegar. Não dá para você ser sozinho igual era o vestiário do Corinthians . Aos poucos, o ego foi acabando e começamos a entender que se fechasse, a gente levaria. Só não sei se duraria mais um ano. Acho que a gente se mataria no outro ano (risos)."

O ex-lateral expressa grande admiração por Carlos Tévez, a estrela argentina daquele Corinthians , enfatizando a exigência do "gringo" com os companheiros. "Era um timaço, então deixava os caras na frente, a gente só defendia e o gringo (Tévez) comandando tudo, era maravilhoso. Deu até saudade agora. O gringo jogava a bola, viu? Era ele e o Nilmar na frente. Teve um jogo da Libertadores de 2006 contra o Universidad Católica, nós com dois a menos. O Carlos Alberto falou, mesmo sendo vaidoso: 'Vocês dois ficam lá na frente que a gente marca para vocês'. Os dois vão lá e viram o jogo 3 a 2. Era sempre assim, entendeu? Era muito louco."

Coelho explica a dinâmica com o craque: "A gente entendia ele (Tévez). Era um cara que se doava muito, então ele precisava de 48 horas ou até mais para se recuperar. Ele não queria ficar fora. Era um cara que brigava muito por todo mundo. Teve situações que ele até tirou um titular do time e falou: 'Ou você ou eu, porque do jeito que você joga, você não corre. Então eu corro, eu ganho mais do que você e corro mais do que você'. A partir de hoje você tá fora. Não precisamos nem falar quem é. Ele cobrava todo mundo, mas era um cara fantástico. Para pisar na bola com ele, era não correr dentro de campo. Aí ele virava o bicho. Não só ele, se o torcedor, naquela época do Corinthians , via um jogador andando dentro de campo, esquece que não jogava mais."

O Triunfo de 2005 e o Sonho Realizado

Coelho recorda com nostalgia o título do Brasileirão de 2005, especialmente a reta final após as anulações de jogos da "Máfia do Apito". Nesse período decisivo, o lateral marcou dois gols importantes de falta, sua especialidade, contra Ponte Preta e Goiás nas últimas rodadas. "Quando volta aquele tumulto de 2005 da arbitragem, a gente olha um para o outro e fala: 'É agora'. O que a gente perdeu, não perde mais. O gol mais importante da carreira foi sem dúvida aquele contra o Ponte Preta. Tava 1 a 1 e, se a gente empata, o Inter passa. Tévez perde um pênalti, e aí eu faço 2 a 1 aos 41 do segundo tempo. Volto de uma lesão chata e o Antônio Lopes me coloca para jogar pouco tempo. Até hoje, vira e mexe, vem essas lembranças."

Ao ser questionado se aquele foi o gol de sua vida, Coelho pondera que a verdadeira realização foi concretizar o sonho de atuar profissionalmente pelo Corinthians . "O gol da minha vida mesmo não foi o que eu balancei a rede, foi jogar no Corinthians profissional. Era o meu sonho. Todo mundo tinha um sonho de ir para a Europa, Barcelona, Real Madrid. Eu falei: 'Irmão, quero jogar Corinthians . Era isso'. E meu pai assim: 'Não, você não vai fazer teste lá'. Fui em todos os clubes, chegava, mas nem fazia teste porque era muito franzino. Certo dia encontrei um amigo no trem: 'Vai lá fazer um teste no Corinthians '. Meu pai não queria, porque eu já era corintiano desde pequenininho. E aí quando eu jogo o primeiro jogo profissional, na época eu nem dormia (risos)."

As Duras Provas: Pressão da Torcida e o Retorno Pós-Rebaixamento

A jornada de Coelho no Corinthians , contudo, não foi apenas de glórias. O ex-defensor relata episódios de grande tensão, como a necessidade de sua filha ir à escola em um carro blindado, acompanhada de segurança, devido às constantes ameaças. "Foram vários episódios. Tipo a invasão e a cobrança no Parque São Jorge. Tive problemas com as minhas filhas na escola. Ameaçar a família é um lado ruim dos torcedores. A torcida do Corinthians é a única que realmente vira jogo. Mas também tem a situação de querer ameaçar filho, mãe, pai. Eu já passei por isso e sei que é ruim. Foi uma das piores coisas que eu tive ali. Minha filha teve que ir à escola com carro blindado e segurança. Não é legal e eles passam do limite, às vezes. É aquela minoria que faz mal. Tem guerra para caramba aí no mundo. A nossa guerra aqui no Brasil é contra fome, a violência. O futebol pode trazer tanta coisa boa, que essa minoria estraga."

Em 2006, Coelho foi o lateral titular na Libertadores, em meio à obsessão da torcida por um título continental inédito. A eliminação ocorreu nas oitavas de final, contra o River Plate, em um jogo onde ele marcou um gol contra. Antes do apito final, houve uma tentativa de invasão de campo por parte da torcida, contida pela PM. Apesar do ocorrido, Coelho não considera essa a pior memória com a camisa alvinegra. "Do River, que fomos eliminados, não vejo problema naquilo. Têm coisas que são mais marcantes para mim no Corinthians . Quando chega o Ronaldo (2009) e aí eu sou vendido e não jogo com o Ronaldo , pô."

O momento mais delicado, para ele, foi o retorno ao Corinthians em 2008, após o único rebaixamento da história do clube. "O momento mais chato foi o da volta do rebaixamento, em 2008, quando volto ao Corinthians . Eu sou muito ligado ao Andrés (Sanchez) e temos uma amizade muito forte. Ele me falou que não tinha dinheiro para pagar a conta de luz e a gente não tinha dinheiro para receber salário. Muita gente fala que o pior momento foi o do River (quando Coelho fez gol contra, na eliminação de 2006). Eu não estava no rebaixamento em 2007, eu só estava na volta. Então, foi difícil, cara. Um gigante que não conseguia levantar. O que dói é o tempo que você fica no chão, não a velocidade que você levanta. Aquilo foi difícil."

Do Campo à Beira: A Trajetória de Coelho como Treinador

No mesmo ano em que encerrou sua carreira como atleta, em 2014, Dyego Coelho iniciou sua jornada fora das quatro linhas no futebol. Sua primeira função no Corinthians foi como observador técnico. No ano seguinte, assumiu o comando do time sub-20, e em 2017, liderou a equipe júnior ao vice-campeonato da Copa do Brasil Sub-20. Dois anos depois, retornou ao sub-20 após a saída de Eduardo Barroca. Sua experiência no time profissional do Timão incluiu 15 partidas como interino entre 2018, 2019 e 2020.

Seu desempenho como técnico interino no Corinthians profissional:

Jogos Vitórias Empates Derrotas
15 4 5 6

"Quem trabalha no Corinthians , trabalha em qualquer lugar do mundo como treinador. Tanto no sub-20, quanto no profissional. Foram momentos mais tranquilos no sub-20, revelando muito jogador. Mas o profissional, a situação é outra. Por eu conhecer bastante o clube, tive essa facilidade. Lembro do primeiro jogo nosso (como técnico principal) contra o Fortaleza, que saímos perdendo de 2 a 0 e vira para 3 a 2. E você lembra daquilo que você passava quando era jogador: o torcedor vindo junto com o time. A gente não conseguia fazer o gol, e eu estava louco para entrar no campo."

As Lições de Levir Culpi e a Experiência Europeia

Após a conturbada temporada de 2006, Coelho foi emprestado ao Atlético-MG. Foi em 2007, sob a orientação do técnico Levir Culpi, que ele encontrou uma nova perspectiva para o futebol e decidiu que seria treinador. "Em 2007, quando eu cheguei no Atlético-MG, o Levir foi o primeiro treinador que perguntou como estava minha família e como eu estava me adaptando a Belo Horizonte. É um cara que me fez enxergar o futebol de outra maneira. Não é um Guardiola, um Ancelotti, um Mourinho, mas é um vencedor do futebol brasileiro, que sempre se preocupou com o ser humano. Em 2007, eu tinha 20 e poucos anos e já queria ser treinador por causa dele, porque via as coisas que ele fazia. Eu não queria mais sair do futebol, porque via como falavam dele. Ele era um cara excepcional, além de ser um grande treinador e aquilo ficou na minha cabeça por muito tempo."

Ele complementa, destacando a perenidade dos ensinamentos: "Tem coisas que aprendi em 2007 e fazemos em 2025. É aquilo que o Levi falava lá atrás: é o ser humano, cuida dele que ele vai te dar resultado. Não o atleta, cuida do ser humano."

Coelho teve três passagens pelo Atlético-MG entre 2007 e 2010, totalizando 90 jogos e 13 gols. A forte ligação com o clube mineiro é tamanha que suas filhas se tornaram atleticanas e residem na capital mineira até hoje. "As filhas são atleticanas e moram lá, por causa do Atlético-MG. Eu tenho um carinho muito grande pelo clube e pelo torcedor. É uma cidade menor e eles são enlouquecedores. Até hoje passo lá, estou em um restaurante, e paro num boteco para tomar cerveja. Aí eles vão lá, param, falam comigo, tiram foto. Aí minha filha: 'mas isso não vai acabar nunca?' E eu gosto de falar sobre isso, eles gostam. Eu vou mais em jogo do Atlético do que do Corinthians . E foi um clube maravilhoso, que me deu muita muita confiança. Com o Levir, foi uma época que eu saí do Corinthians conturbado, fui para o Atlético e encontrei a paz para jogar futebol de novo. É um lugar que que eu sempre vou guardar carinho."

Um dos momentos mais marcantes de sua passagem pelo Galo foi o célebre embate com Kerlon, em um clássico contra o Cruzeiro em setembro de 2007. Naquele eletrizante 4 a 3 para a Raposa, Kerlon, conhecido por suas "foquinhas", executou o lance e sofreu uma entrada dura de Coelho, que resultou em sua expulsão. O ex-lateral reafirma que não se arrepende. "Era um recurso que o Kerlon tinha. Aí me perguntam: 'Você se arrepende?'. Não, hoje eu não faria, mas não me arrependo nem um pouquinho. Foi um jeito de parar e realmente foi violento. Mas eu falo que não foi falta, não foi nada. Cartão amarelo no máximo (risos). Mas foi algo que até hoje a torcida lembra, foi algo marcante porque era um clássico meio a meio. Hoje não tem mais isso, e eu tive a oportunidade de jogar um Atlético e Cruzeiro meio a meio. É uma das maiores e melhores sensações do mundo. Acho que a gente é jogador para viver aquele momento."

O Desafio da Licença UEFA e o Olhar do Futebol Brasileiro

Antes de chegar ao São Bento em 2025, Dyego Coelho passou três temporadas (2022-2024) no Portimonense, em Portugal, como técnico do time sub-23. Ele destaca a organização de trabalho semanal como o principal conceito importado do país lusitano. "Eu trago principalmente organização de trabalho semanal. Porque temos que dar atenção para todo mundo, não só para os jogadores. A comissão é muito importante e é um detalhe que não abri mão: trazer pessoas que conseguissem intensidade de cobrar dos jogadores ao mesmo tempo, se preocupando com o ser humano. O Fernando Diniz faz muito isso. Portugal me trouxe mais a situação de organização de campo e de treino. Porém, essa situação de se preocupar com o ser humano ela é nossa, do brasileiro. Então, juntei os dois, consegui fazer isso e temos um ambiente muito gostoso aqui no São Bento hoje. É muito verdadeiro, honesto e com muita cobrança. Porém, temos essa preocupação com a família, com o ser humano. Sabemos que não adianta o jogador vir para cá treinar com cabeça cheia, sem falar, sem se expressar."

Ele também reflete sobre a influência dos técnicos portugueses no Brasil: "Tudo que é de casa não é tão bom quanto de fora. O treinador brasileiro começou a entender algumas coisas. Um exemplo: tem treinador português que chega com sete, oito integrantes de comissão. E aqui às vezes a gente pede uma TV grande e não dão (risos). Os treinadores do Brasil começaram a entender que essa organização com mais gente na comissão otimiza tempo, ainda mais em um campeonato de tantos jogos. Essa situação que os treinadores portugueses trouxeram para cá, ajuda bastante o treinador brasileiro."

Coelho expressa sua frustração por não ter conseguido obter a licença UEFA, que exige cinco anos de atuação na Série A do Campeonato Brasileiro. Sem o documento, ele não tinha permissão para comandar a equipe principal do Portimonense. "Eu fiquei em Portugal e não consegui fazer a licença da UEFA, porque não me aceitaram. Não aceitam treinadores brasileiros lá. Eu não consegui chegar à equipe principal, senão o clube pagava multa. Mas não davam a licença, sendo que eu tenho todas as licenças possíveis para ser treinador de futebol. Então eu tenho o direito. Só que aqui no Brasil não, quando as pessoas são de fora é tudo liberado. Só com passaporte já pode comandar tudo que é clube. Você tem que ter cinco anos de Série A. E são coisas que para treinador jovem, não vou conseguir nunca. Tentamos de tudo. Queria estudar, me aprimorar, conseguir fazer algumas coisas. O brasileiro ainda tem esse sofrimento lá fora."

O Presente no São Bento e a Visão de Futuro

Quatro anos após sua última experiência no comando de uma equipe brasileira, Dyego Coelho assume o São Bento na Copa Paulista, torneio que oferece vagas na Série D do Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil. No dia a dia do clube, Coelho demonstra uma postura que equilibra exigência e leveza. Nos treinos de bola parada, por exemplo, ele mesmo cobra as faltas para aprimorar a defesa, utilizando sua experiência como ex-especialista no fundamento.

"Eu brinco bastante com eles. Calma, que nessa batida aqui vai ser difícil vocês acharem por aí (risos). Isso traz um nível de concentração muito grande para eles e ajuda a ter uma batida de exigência maior. Eu faço isso e os jogadores gostam. Eles preferem realmente que eu fique com eles treinando essa batida porque eles ficam mais fortes defensivamente em bola parada."

Questionado sobre seus objetivos como treinador, Coelho revela o desejo de uma longa permanência no São Bento e o anseio de que suas filhas se orgulhem de sua carreira na beira do campo. "Eu quero que minhas filhas tenham orgulho de mim como treinador. Elas me viram jogar muito pouco. Todo treinador quer ganhar e chegar longe. Só que eu não posso pensar lá na frente, sendo que eu estou dando praticamente a minha vida inteira nesse momento que estou no São Bento. O máximo de tempo que eu puder ficar aqui, é bom para mim e para o clube. O meu sonho hoje é continuar no clube que está me dando uma situação de trabalho fantástica. Tenho um ambiente maravilhoso e liberdade para trabalhar. Esse é sonho que eu quero: ficar um bom tempo no São Bento para tentar fazer com que as coisas realmente funcionem e que o São Bento volte a ficar lá em cima."

Filosofia de Jogo, Faltas e a Liderança que Inspira

Coelho também compartilha sua visão sobre o estilo de jogo e a formação de atletas. "Eu tenho que entender o que eu tenho na mão de jogador para fazer aquilo que eu gosto. Porém, na maioria das vezes, a gente não tem aqueles jogadores que a gente quer para fazer aquele nosso esquema de tática. Começamos a entender qual a melhor característica do jogador para, aí sim, tirar o melhor dele. Então, não é aquilo que eu gosto, qual esquema eu gosto: é aquilo que eu tenho em mãos. E aí é o trabalho do treinador. Eu não posso só jogar num numa defesa de 4-4-2 ou num numa ofensiva de 2-3-5, sendo que às vezes não tenho um jogador para isso. Eu gosto de ter a bola, de ter um comportamento agressivo. Conseguimos ter jogadores assim aqui no São Bento. Só que, às vezes, não temos, porque lesionam, às vezes não vem, aí contrata, vai embora, vende."

Sobre a extinção de batedores de falta, ele lamenta: "Vai muito do atleta, ele tem que querer fazer isso. Pegar a barreira, o goleiro, as bolas, ir lá e ficar batendo. Porque a comissão deixa. Eu tive uma escola que era o Marcelinho Carioca, que batia sei lá quantas faltas por dia. E se eu não fosse com ele, ele ficava bravo. Ele batia falta como ninguém ainda e tinha o prazer daquilo. O Rogério Ceni treinava muito, eu peguei o Petkovic no Atlético-MG também. Acho que essa geração de hoje precisa entender que para você querer algo mais, principalmente em bola parada, você tem que treinar, não vai cair do céu. É o extra, não é durante o treino. E vai brigar com o preparador físico, o fisiologista. Vai, porque eu quero bater, quero fazer gol, quero ajudar o clube."

A relação com Tite também é destacada por Coelho: "O Tite é fantástico. Eu falo que ele foi melhorando ao decorrer do tempo, porque ele foi ficando mais ofensivo. Ele levou a gente de uma ameça de rebaixamento em 2004, que a gente só ganhava de 1 a 0. Só que a gente corria para ele, porque ele tinha a sinceridade, honestidade. O jogador gosta disso. Aí depois eu perco um pênalti contra o São Paulo, e o Tite é mandado embora."

Por fim, Coelho define seu perfil como treinador: "A verdade sempre vai doer. Então, você nunca vai conseguir ser um verdadeiro bonzinho. Vai ser um verdadeiro que fala as coisas na cara, na honestidade. E o jogador gosta disso, de qualquer geração, que você fale a verdade para ele. Vou cobrar da minha maneira, com a verdade, mesmo. Às vezes xingo e já no primeiro dia pedi desculpas (risos). Mas ali, eles sabem o quanto quero o bem deles. Quanto a ter um ambiente leve faz parte, ter humor no futebol faz parte. Porque o jogador é cobrado, tem que ganhar, fazer um cruzamento bom, ele não pode perder a bola, tem que estar aqui toda hora, tomar café no horário, fazer um jantar no horário, preleção. O jogador é praticamente uma marionete de todo mundo. Eu falo para eles: 'é muita cobrança para vocês'. E se eu não tiver esse lado do líder, porque o líder é diferente do chefe. O líder sem falar nada eles vão te seguir. O chefe tem que mandar, e mandar é ruim. Você pode dar certo no primeiro e no segundo, mas no terceiro, eu não quero mais saber de você. Então ser líder não é só ser legal, não é só só ser chato. Tem um equilíbrio."

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Mariana

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Comentado em 07/07/2025 17:33 Carro blindado pra filha? A torcida exagera demais kkkkk
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Comentado em 07/07/2025 15:51 Vestiário conturbado mas time unido; isso é Corinthians!
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Comentado em 07/07/2025 14:12 Coelho mostrando coragem e amor ao Corinthians, vai Timão!
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