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Dorival Júnior no Corinthians: Análise Tática e o Déjà Vu da Evolução

Por Redação FuTimão em 02/06/2025 04:12

O cenário que se desenha no Parque São Jorge, com a chegada de Dorival Júnior ao comando técnico do Corinthians, evoca uma perturbadora sensação de repetição. O repertório ofensivo limitado, as notórias dificuldades em compensar desfalques de atletas cruciais e um estilo de futebol que, em vez de empolgar, tem provocado mais bocejos do que aplausos, remetem a um padrão já observado. Paradoxalmente, a tudo isso se soma a adoção de um discurso persistente, que insiste na ideia de uma "evolução" iminente, prometendo melhorias significativas com o passar do tempo. Este é o quadro que se apresenta no alvorecer da era Dorival no Alvinegro.

A observação atenta do que se desenrola no gramado, aliada à escuta das declarações proferidas pelo próprio treinador em suas coletivas de imprensa, revela uma semelhança notável com os acontecimentos de sua recente passagem pelo comando da Seleção Brasileira. Não se trata de uma mera coincidência, mas de um eco preocupante que ressoa na Fiel Torcida.

Reconhecer estas similaridades não implica em um julgamento sumário, atribuindo ao técnico a total responsabilidade por cada revés enfrentado na Confederação Brasileira de Futebol ou por cada tropeço atual no Corinthians . Tampouco significa sentenciar que ambos os projetos culminarão em desfechos idênticos. Contudo, é imperativo que se extraiam lições valiosas dos equívocos (sejam eles de ordem tática ou discursiva) do passado, a fim de evitar que se reincida nos mesmos caminhos. A história, por vezes, repete-se, e o futebol não é exceção.

O Desempenho Aquém do Esperado e as Escolhas Táticas

Na recente confrontação contra o Vitória, o time corintiano, mais uma vez, exibiu um desempenho apático, caracterizado pela escassez de criatividade e de lances de perigo. O empate sem gols, 0 a 0, na Neo Química Arena, culminou em uma atmosfera de descontentamento, com o elenco sendo alvo de vaias e protestos veementes da torcida presente. A frustração era palpável, refletindo a carência de um futebol mais dinâmico e propositivo.

Após uma atuação insatisfatória contra o Huracán, na terça-feira anterior, o técnico Dorival Júnior optou por uma série de alterações significativas na formação. Contudo, surpreendentemente, não se observou um retorno ao esquema 4-4-2 em losango no meio-campo, tática que havia proporcionado os melhores momentos recentes à equipe. As mudanças incluíram a substituição dos dois laterais, a entrada de Hector Hernández no lugar de Romero e, diante da ausência de Carrillo por lesão, a escolha por Talles Magno para compor o setor ofensivo.

Mesmo com a presença de Raniele em campo ? e, posteriormente, José Martínez ?, Maycon foi novamente posicionado à frente da linha defensiva, atuando como primeiro volante. Embora essa escolha, visando qualificar a saída de bola, possa ser compreendida, mesmo com o camisa 7 distante de seu ápice técnico, a decisão de conceder liberdade de jogo a um volante com características menos ofensivas, como Martínez , enquanto outros jogadores mais qualificados para tal função permaneciam subutilizados, é de difícil assimilação.

No ataque, Memphis desfrutava de liberdade para movimentar-se, mas sua presença concentrava-se predominantemente na faixa central do campo. Héctor Hernández atuava pela direita, enquanto Talles Magno , visivelmente carente de confiança para arriscar jogadas individuais, ocupava o flanco esquerdo. A equipe, embora detentora de uma posse de bola significativamente maior, enfrentou imensas dificuldades para transformar esse domínio em oportunidades claras de gol. As poucas investidas em direção à meta adversária resultaram em finalizações imprecisas ou sem grande perigo.

O Segundo Tempo e a Realidade dos Números

O panorama do jogo experimentou uma leve melhora na etapa complementar, impulsionado pela entrada de Rodrigo Garro. O Corinthians chegou a carimbar a trave adversária em duas ocasiões ? uma delas, no entanto, invalidada por impedimento ?, mas, apesar da melhora, o placar permaneceu inalterado. É preciso ressaltar que, não fosse a intervenção decisiva do goleiro Hugo Souza, o desfecho da partida poderia ter sido ainda mais desfavorável para o time da casa, que por pouco não amargou uma derrota em seus domínios.

A análise das estatísticas da partida entre Corinthians e Vitória revela um contraste claro entre a posse de bola e a efetividade ofensiva, corroborando a percepção de um jogo sem grande produção de chances. Os números falam por si:

Estatística Corinthians Vitória
Posse de bola 63% 37%
Finalizações 12 6
Finalizações no alvo 4 2
Passes completos 582 201
Passes incompletos 81 70
Desarmes 14 22
Dribles 7 8
Escanteios 8 3
Faltas cometidas 8 16

A Narrativa da "Evolução" e os Desafios

Dorival Júnior possui certa dose de razão ao sublinhar o impacto de desfalques importantes, como os de Garro , Yuri Alberto e Memphis Depay. No entanto, mesmo sem dispor de sua força máxima, o elenco corintiano demonstrou, em um passado recente, capacidade de apresentar um bom rendimento. Este é um ponto crucial que enfraquece a justificativa do treinador.

O argumento da escassez de tempo para treinamentos também é válido, em parte. Contudo, é precisamente por essa limitação que o técnico deveria ter preservado os elementos que vinham funcionando com sucesso. Em vez disso, optou por desconsiderar um sistema tático que, comprovadamente, potencializava as características dos atletas disponíveis e, mais importante, "mascarava" as carências inerentes ao elenco , como a notória falta de atacantes de beirada de campo de alto nível.

Embora seja prematuro tecer conclusões definitivas acerca do trabalho de Dorival no Corinthians , a "evolução" que ele tanto enfatiza em suas declarações ainda se mostra um conceito etéreo, de difícil constatação em campo. A torcida, e os analistas, aguardam com expectativa por sinais mais concretos de progresso, que até o momento, permanecem ausentes.

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André

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Comentado em 02/06/2025 09:01 Vamos torcer, rapaziada! A tendência é melhorar! Vai Corinthians, sempre juntos!
Mateus

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Comentado em 02/06/2025 07:21 Não tá fácil, mas vamos com calma. O Dorival tem suas ideias, ainda dá tempo de melhorar!
Lucas

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Comentado em 02/06/2025 05:42 Esse time precisa acordar, mano! Não aguento mais esse futebol sem criatividade, aff.
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