Dorival Júnior: Corinthians pode não ter reforços até 2026 – Entenda o cenário

O cenário para o Corinthians em relação à montagem do elenco para as próximas temporadas é, no mínimo, preocupante. O técnico Dorival Júnior, em um tom de franqueza pouco comum, trouxe à tona a dura realidade que o clube pode enfrentar: a impossibilidade de registrar novos atletas, uma situação que pode se estender até mesmo para 2026. Embora a diretoria se esforce para reverter o impedimento de contratações, a perspectiva de não ter reforços é uma hipótese concreta, e o treinador já trabalha com ela.

A derrota recente para o Ceará, que serviu como um amargo lembrete das carências do time, parece ser apenas um sintoma de um problema estrutural muito maior. Dorival Júnior enfatizou a necessidade de reconhecer a gravidade do panorama, que força o clube a focar no desenvolvimento dos jogadores atuais, especialmente os mais jovens, como a única alternativa viável no momento.

O Veredito de Dorival: A Realidade Crua do Elenco

Com uma sinceridade que beira o desabafo, o comandante corintiano delineou o caminho que a equipe é forçada a seguir. Ele não hesitou em expressar a falta de opções, caso a situação financeira não seja resolvida a tempo.

? Nós temos de ter consciência de que isso pode acontecer. Por isso a minha preocupação é tentar preparar o máximo possível esses garotos que estão aí. Seria o ideal? Seria o correto? Não. Mas é o caminho que nós temos. Hoje, palpável, é apenas esse caminho. Nós não temos uma segunda opção. A partir do momento que tudo isso se solucionar, teremos uma segunda possibilidade.

Ainda em entrevista, Dorival Júnior reiterou sua postura de aceitação diante das circunstâncias atuais, enquanto aguarda os desdobramentos das ações da cúpula alvinegra. "Neste instante eu tenho que conviver com a realidade, aguardando os trabalhos da diretoria e do presidente, que estão sendo feitos, no sentido de equalizar essa condição", afirmou o técnico, sublinhando a passividade a que se vê obrigado.

O Entrave Financeiro: Dívidas que Sufocam o Parque São Jorge

A raiz desse problema é o chamado transfer ban, uma proibição de registrar novos atletas imposta pela FIFA desde 12 de agosto. A medida é consequência de uma dívida de R$ 40 milhões com o Santos Laguna, do México, referente à aquisição do zagueiro Félix Torres. Contudo, este é apenas um dos múltiplos passivos que atormentam o Corinthians .

O clube acumula outras cinco condenações na entidade máxima do futebol, sendo uma delas já ratificada pela Corte Arbitral do Esporte (CAS). Este processo, em particular, envolve o meia Matías Rojas, que tem a receber R$ 41,5 milhões. Somando todos os seis casos, a cifra ultrapassa os R$ 125 milhões em débitos, um montante que inviabiliza qualquer planejamento de contratações robustas. Uma das saídas cogitadas pela diretoria é a obtenção de um empréstimo de R$ 100 milhões para tentar equacionar parte desses compromissos.

A situação dos débitos se resume da seguinte forma:

Em 2025, a equipe alvinegra conseguiu efetuar apenas duas contratações: o lateral-esquerdo Fabrizio Angileri, no início do ano, e o atacante Vitinho, na janela de meio de temporada, pouco antes da efetivação do transfer ban. Um número irrisório para um clube da estatura do Corinthians .

Planejamento Comprometido: O Horizonte de 2026 em Xeque

O técnico Dorival revelou que o departamento de futebol já está trabalhando no planejamento para 2026, mas admitiu que o processo está significativamente atrasado em comparação com outros clubes. Essa defasagem é uma consequência direta da instabilidade financeira e das restrições impostas ao clube.

? Sensibilizando e mostrando que nós já estamos com o nosso planejamento um pouco atrasado em relação a muitas equipes, muito em razão do que acabou acontecendo com a nossa equipe. Nós temos a obrigação de entender, mas posicionarmos a diretoria do clube que o nosso planejamento precisa ser acelerado em razão desta condição, já que nós precisaremos, a partir do ano seguinte, estar com algumas decisões já tomadas e nomes preparados, para podermos diminuir essa diferença. É natural que nós estejamos um pouco comprometidos em termos de planejamento para o ano seguinte. Nós temos de encontrar o caminho para acelerar esse processo.

Apesar de ter chegado ao Corinthians em abril solicitando quatro reforços e recebendo apenas um, Dorival optou por não estipular um número exato de contratações necessárias para a próxima janela. Sua visão atual é de pragmatismo, compreendendo a complexidade da situação.

? Eu estou vendo a situação de momento do clube. Eu tenho que ter entendimento daquilo que está acontecendo. E principalmente que não será simples e fácil como eu imaginava, em termos de reposições e contratações.

O treinador também evitou listar posições específicas, mas garantiu que a comissão técnica apresenta diversas alternativas à diretoria, sempre com planos A, B e C, reconhecendo que as opções ideais nem sempre se concretizam. Ele ressalta a urgência em fortalecer o elenco , um pedido que já foi transmitido à cúpula.

? Nós necessitamos de alguns elementos que possam fortalecer o grupo, já detectamos o que precisamos. Estamos em conversas com a diretoria. Internamente nós temos um planejamento já avançado, naturalmente na expectativa de que as soluções aconteçam e que nós possamos botar em prática tudo isso. Posicionamos a diretoria e o presidente e estamos no aguardo de soluções.

O Dilema do Elenco: Contratos e Retornos Sob Análise

A equação para a formação do elenco de 2026 é ainda mais intrincada devido a duas variáveis importantes: a possível saída de jogadores cujos contratos se encerram e o eventual retorno de atletas emprestados. A análise criteriosa de cada caso se torna fundamental para o futuro do time.

? Por isso nós temos que ter esse cuidado, avaliarmos criteriosamente o nosso grupo, aqueles que estão fora por empréstimo que poderão retornar e aqueles que estão dentro do nosso elenco que de repente precisariam de uma ou outra alteração, mas que, não acontecendo uma situação com essa, nós temos que repensar e tentarmos valorizar e extrair o máximo de cada um que esteja aqui dentro.

Ao final do ano, quatro jogadores terão seus vínculos com o Corinthians encerrados: o lateral Angileri, o meio-campista Maycon e os atacantes Ángel Romero e Talles Magno. Paralelamente, três atletas retornam de empréstimo e precisarão ter suas situações definidas: o atacante Pedro Raul, o lateral-direito Fagner e o meia Alex Santana. A gestão desses nomes, em meio ao transfer ban, representará um teste significativo para a capacidade de planejamento do clube.