Dorival Júnior: Análise da Virada do Corinthians no Inter

Em uma noite de reviravoltas na Neo Química Arena, o técnico Dorival Júnior conduziu o Corinthians à sua segunda vitória sob seu comando. O confronto deste sábado viu o Timão superar o Internacional por 4 a 2, revertendo um placar desfavorável com um desempenho notável, que incluiu um hat-trick do atacante Yuri Alberto.

Após o jogo, o treinador fez uma análise detalhada da partida, destacando a capacidade de reação do elenco. Ele observou que a equipe alvinegra, apesar de controlar as ações e sair na frente, sofreu a virada em um instante de desequilíbrio tático. No entanto, a resposta na etapa final, que culminou na vitória, foi considerada por Dorival como plenamente justificada.

Análise do Jogo e a Virada Emocionante

Refletindo sobre o desenrolar do confronto, Dorival Júnior expressou a intensidade da vivência: "É emocionante viver uma partida como essa". Ele detalhou o momento crucial: "Tomamos a virada em um momento que estávamos bem postados, não estávamos sofrendo. Marcávamos uma equipe que joga de uma forma interessante há algum tempo. Um desequilíbrio de sete ou oito minutos acaba tirando o nosso jogo. Um time forte, com volume de jogo."

A chave para a recuperação, segundo ele, residiu na disciplina tática. "Voltamos para o segundo tempo, para mim o principal ponto foi manter a organização da equipe", pontuou. E completou, ressaltando a persistência: "Mesmo que com um a mais, pressionando toda hora, criamos. Fizemos o resultado no fim, valeu pela insistência e pela dedicação de uma equipe que não abaixou a cabeça e não se entregou nos 90 minutos. Mereceu o resultado".

Organização Tática e Gestão do Elenco

O comandante alvinegro enfatizou a importância da confiança no processo de trabalho e da manutenção da estrutura tática, mesmo sob pressão. "Primeiro, você precisa acreditar naquilo que está sendo trabalhado. Não poderíamos perder o principal: a organização da equipe. Quando você se desorganiza, fica difícil", disse. Ele reiterou que o breve lapso no primeiro tempo por pouco não comprometeu o que vinha sendo feito: "Tivemos seis ou sete minutos de desequilíbrio, o que quase nos tira o brilhantismo do trabalho".

Dorival citou o primeiro gol corintiano como um exemplo de sucesso tático, fruto de repetição nos treinamentos. "O primeiro gol foi uma jogada muito bonita, típica daquilo que pedimos", afirmou. "As jogadas foram repetidas à exaustão, mostramos e treinamos isso com eles no pouco tempo que tivemos. Perceberam a força que têm, não se desequilibraram, se fortaleceram como grupo e equipe." Apesar do entusiasmo, o técnico manteve a serenidade: "Espero que a gente mantenha os pés no chão e seguimos em busca de melhores resultados daqui para frente".

Ao abordar a gestão do elenco em meio a um calendário desafiador, Dorival explicou a estratégia de rodízio. Ele esclareceu que o objetivo não é meramente "preservar", mas sim garantir que os atletas em campo estejam nas melhores condições físicas possíveis. A logística de viagens e a curta recuperação entre as partidas são fatores determinantes nessa decisão, visando evitar desgaste excessivo, especialmente na etapa final dos jogos. "O que estamos tentando não é preservar, é só colocar em campo a equipe que esteja fisicamente em condições", justificou, indicando que essa abordagem será recorrente.

A escolha por Hugo na lateral, por exemplo, foi explicada por suas características como um "terceiro homem de marcação" mais posicional e pelo bom desempenho demonstrado nos treinamentos recentes. O técnico assegurou que todos os jogadores terão oportunidades de disputar suas respectivas posições no time.

Impacto da Torcida e Questões de Arbitragem

A energia vinda das arquibancadas da Neo Química Arena foi um ponto destacado por Dorival, que descreveu a experiência como a realização de algo que sempre foi um obstáculo quando estava do outro lado. "Somente quem está vivendo aqui dentro pode mensurar tudo o que representa", disse. Ele ressaltou a particularidade de jogar em casa: "Não se joga contra o Corinthians , se joga também contra o torcedor". O técnico expressou grande satisfação em vivenciar esse apoio e a esperança de construir momentos memoráveis com a Nação Corintiana ao lado.

Sobre as decisões da arbitragem, especialmente os gols anulados, Dorival preferiu a cautela. "É difícil falar alguma coisa, ali é muita interpretação", limitou-se a dizer, expressando apenas uma "dúvida" sobre a intervenção do VAR em um dos lances. Quanto à declaração do zagueiro Vitão, do Internacional, que criticou a arbitragem publicamente, o técnico corintiano manteve uma postura respeitosa, mas firme. "É difícil falar alguma coisa. Falar aquilo que um atleta tenha colocado na imprensa, eu prefiro não questionar. Respeito a opinião dele, entendo, mas acho que o Corinthians fez por merecer."

Ele concluiu, reforçando o mérito de sua equipe: "Não podemos tirar o crédito, temos que jogar futebol e respeitar os adversários. Merecemos aquilo que buscamos."

Avaliação Final e os Próximos Desafios

A avaliação geral do desempenho coletivo foi positiva para Dorival, que exaltou a "entrega" e a capacidade do time de manter o ritmo, contrastando com atuações anteriores. "Tivemos entrega, organização, volume e oportunidades", pontuou, citando as 22 chances criadas como um número expressivo contra um adversário bem estruturado.

A atuação na estreia em casa foi vista como merecedora do resultado, com a equipe jogando "com regularidade e precisão, se entregando na marcação", mantendo ataque e meio-campo próximos e uma postura equilibrada. Ele comparou a partida com jogos anteriores e destacou que, sem determinação e atitude em campo, resultados não acontecem. "Chorado ou não, o importante é que o resultado aconteceu e espero que outros venham", afirmou, esperando ver a mesma dedicação nos próximos compromissos.

Sobre jogadores individuais, Memphis foi citado como um atleta que Dorival deseja ver atuando "mais próximo da área adversária", explorando sua capacidade de flutuar e buscar espaços, acreditando em sua evolução. Coronado também foi considerado um acréscimo positivo, com o técnico esperando que ele se mostre "mais ativo e se expondo", confiante em seu potencial.

A importância dos zagueiros na fase inicial da construção das jogadas foi mencionada como uma característica do futebol moderno a ser estimulada, sempre com segurança. "A iniciação se dá de uma maneira diferente do que acontecia no passado. São os zagueiros que iniciam a jogada hoje", observou.

Olhando para o futuro, o foco está na recuperação do elenco para os próximos desafios. O Corinthians se prepara para enfrentar o Mirassol fora de casa pelo Brasileirão no próximo sábado. Antes disso, na terça-feira, o Timão recebe o América de Cali, da Colômbia, pela Copa Sul-Americana, novamente na Neo Química Arena.