Dorival e Corinthians: O Pedido de Reforços que Gera Polêmica e Reflexões

A solicitação de reforços feita por Dorival Júnior no Corinthians, em um cenário de profunda instabilidade financeira e administrativa, levanta questionamentos sobre a pertinência de tal demanda. Especialistas em futebol brasileiro, como Danilo Lavieri e Arnaldo Ribeiro, trouxeram à tona uma análise aprofundada sobre a permanência do técnico no comando do Alvinegro, mesmo após o revés significativo no clássico contra o São Paulo.

Por sua vez, Arnaldo Ribeiro enfatiza a responsabilidade do próprio Dorival Júnior neste emaranhado de problemas. Para Ribeiro, a única incumbência inquestionável do treinador reside em sua decisão de aceitar o convite do Corinthians . Vindo de um período na seleção brasileira e com um leque de opções teóricas para sua carreira, Dorival escolheu o Alvinegro. Tendo uma vasta experiência em diversos clubes do cenário nacional, o colunista sugere que o técnico "sabia onde estava se metendo" ao ser apresentado por Augusto Melo, em uma cerimônia discreta que já indicava o clima de instabilidade na gestão.

A Escolha do Treinador em um Cenário Turbulento

Nesse contexto, Ribeiro reitera que não exime Dorival da obrigação primordial de, no âmbito do campo de jogo, transformar o Corinthians em uma equipe mais consistente. Um conjunto capaz de angariar resultados, exibir maior tenacidade e, fundamentalmente, evitar atuações desastrosas como a presenciada no clássico paulista. Arnaldo Ribeiro critica a performance do time:

Por isso eu não isento o Dorival dessa responsabilidade de, pelo menos no campo, fazer o time do Corinthians um time mais coeso. Um time que consiga alguns resultados, que consiga demonstrar alguma resistência. Um time que não faça o clássico que fez contra o São Paulo.

Lavieri aponta uma peculiaridade na posição de Dorival: a aparente solidez de um técnico pode, em instantes, desmoronar. Contudo, no Corinthians , a conjuntura é distinta. A própria governança do clube encontra-se em um estado transitório. Com a iminente votação sobre a permanência de Augusto Melo e a atuação interina de Osmar Stábile, a gestão atual carece de um mandato pleno, dificultando qualquer planejamento de longo prazo. Adicionalmente, a escassez de recursos financeiros agrava o panorama.

Foto: (Eitan Abrahmovic/ AFP)

A Realidade Financeira e Política do Parque São Jorge

O Alvinegro, em sua atual condição, não dispõe de capital para arcar com uma eventual rescisão contratual de Dorival, tampouco para atrair um novo nome de peso para o comando técnico. Se o atual treinador já tinha conhecimento da complexidade institucional do clube ao aceitar o cargo, qualquer sucessor teria uma percepção ainda mais aguda das limitações impostas pelo mercado. O colunista Danilo Lavieri detalha a situação:

O Corinthians não tem dinheiro para pagar a rescisão do Dorival e não vai ter dinheiro para oferecer ao próximo treinador que vier. Se o Dorival já sabia a bagunça que era o Corinthians , o próximo treinador tem ainda mais noção disso, sabe que não dá para o Corinthians ficar indo para o mercado.

Diante da pressão por resultados e do desempenho aquém do esperado, a questão que se impõe é: qual seria a alternativa viável para o Corinthians ? Lavieri questiona a viabilidade de uma substituição e o que, de fato, o clube poderia fazer para reverter o quadro. Quando Dorival, em coletiva, declara "eu preciso de reforço", a interpretação de Lavieri é direta:

Dorival, você sabe que não tem como o Corinthians ir para o mercado. Ele está claramente tentando tirar o peso das costas, porque ele sabe que o Corinthians não pode contratar. O Corinthians não está pagando o que tem hoje no elenco, imagina se vai conseguir investir.

Para o colunista, a afirmação do técnico é uma tentativa transparente de "tirar o peso das costas", ciente da impossibilidade de novas contratações, visto que o clube sequer consegue honrar os compromissos com o elenco atual, muito menos realizar investimentos.