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Desvio de Fundos da Vai de Bet para o PCC: Escândalo no Corinthians
Por Redação FuTimão em 15/05/2025 01:01
Um escândalo de proporções alarmantes abala o mundo do futebol brasileiro. A Polícia Civil, em seu relatório parcial sobre o patrocínio da Vai de Bet ao Corinthians, descobriu que uma parcela significativa da comissão paga pela casa de apostas ao agente intermediário do acordo financeiro acabou irrigando contas bancárias conectadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
De acordo com informações divulgadas inicialmente pelo SBT e confirmadas pelo UOL, aproximadamente R$ 1,4 milhão destinado a Alex Cassundé, o intermediário em questão, percorreu um labirinto de contas com ligações diretas com a facção criminosa. A complexidade da operação sugere um elaborado esquema de lavagem de dinheiro, levantando sérias questões sobre a integridade das transações financeiras no esporte.
Rastreamento do Dinheiro: Uma Complexa Teia Financeira
Em março do ano anterior, a Rede Social Media, empresa sob o controle de Cassundé, efetuou transferências que somaram R$ 580 mil e R$ 462 mil para a Neoway Soluções Integradas, uma empresa de fachada registrada em nome de um "laranja". O caso foi inicialmente exposto na coluna de Juca Kfouri, lançando luz sobre as suspeitas iniciais.
Na sequência, a Neoway transferiu R$ 1 milhão para a Wave Intermediações Tecnológicas. Segundo o relatório técnico, essa movimentação foi identificada como a primeira tentativa de obscurecer a origem ilícita do dinheiro.
Posteriormente, a Wave realizou três transações diretas para a UJ Football Talent Intermediação, totalizando R$ 874.150. Essa empresa é a agência responsável por representar diversos jogadores brasileiros, incluindo Éder Militão, que atua no Real Madrid.

UJ Football Talent: Envolvimento Suspeito
A UJ Football é mencionada no relatório policial como a "destinatária dos valores subtraídos do clube do Parque São Jorge". A empresa pertence ao empresário Ulisses de Souza Jorge.
Curiosamente, a mesma assessoria de atletas já havia sido apontada em uma delação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), no ano anterior, como uma das empresas utilizadas para a lavagem de dinheiro proveniente do crime organizado.
Parece-nos nítido, destarte, que aqueles que deram causa ao desvio de dinheiro dos cofres do Sport Club Corinthians Paulista se utilizaram das tradicionais estratégias de lavagem de dinheiro para, não só introduzir os valores no sistema financeiro e distanciar o capital ilícito da sua origem, visando, assim, evitar uma associação direta com a infração antecedente, como também fracionar os recursos criminosos em trânsito e, deste modo, pulverizá-los em duas, três ou mais operações, tudo para dificultar a reconstrução da trilha do papel.
— Trecho do Relatório Técnico Parcial de Análise de Dados Financeiros e Bancários da Polícia Civil
O Silêncio do Corinthians e a Posição da UJ Football
O Corinthians , por sua vez, declarou que não irá comentar o caso, alegando que o inquérito corre em "segredo de Justiça". Em nota enviada ao UOL, o clube afirmou:
O inquérito policial está sob segredo de Justiça, portanto não teremos nenhum comentário a adicionar. O Corinthians não tem responsabilidade por qualquer direcionamento de dinheiro que não esteja na conta bancária do clube.
— Corinthians, em nota enviada ao UOL
Até o momento, a UJ Football não respondeu aos contatos da reportagem. Caso a empresa se manifeste, o texto será atualizado.
Conexões Perigosas: Futebol e Crime Organizado
O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, assassinado em novembro do ano passado no Aeroporto de Guarulhos, já havia alertado sobre a relação entre agentes de futebol e o PCC em sua delação premiada ao MPSP. A Polícia Civil investiga sua morte como uma possível "queima de arquivo".
Segundo a delação de Gritzbach, Danilo Lima de Oliveira, sócio da Lions Soccer Sports, teria participado de um sequestro em 2022 a mando do crime organizado. O caso do sequestro foi arquivado pela Justiça.
Outros Nomes Envolvidos e o Alcance da Influência Criminosa
Lima foi um dos representantes de Emerson Royal em sua transferência ao Barcelona em 2021, negócio que, na época, foi intermediado pela UJ Football Talent. Na delação, a empresa é descrita como "empresa sem lastro financeiro, que se enquadra no simples e possui vários jogadores."
O empresário também mencionou a atuação de Rafael Maeda Pires, conhecido como "Japa", um membro da cúpula do PCC, com a FFP Agency Ltda, que representa atletas de destaque na Série A e na seleção brasileira. Japa foi encontrado morto em maio de 2023.
As investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) revelaram que Japa participou das negociações de Du Queiroz e Igor Formiga com o Corinthians em 2021. Nenhum dos atletas permanece no clube atualmente.
De acordo com o MP, embora os clubes e atletas não estejam diretamente envolvidos com o PCC, os agenciadores sim, o que demonstra a capilaridade e o poder de influência da organização criminosa no cenário esportivo.
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