Turbulência no Parque São Jorge: Desafios e Decisões Cruciais no Corinthians em Abril

Abril Decisivo no Corinthians: Um Mês de Provações

O mês de abril se configura como um período de avaliação intensa para a administração de Augusto Melo à frente do Sport Club Corinthians Paulista. Diversas questões complexas que envolvem a diretoria deverão alcançar momentos decisivos até o término deste mês.

Entre os obstáculos mais recentes enfrentados pela cúpula alvinegra, destacam-se as acusações de comercialização irregular de ingressos, que implicam em possíveis desvios no programa Fiel Torcedor.

Conforme informações obtidas, tanto funcionários quanto ex-colaboradores do clube foram chamados a depor perante a Polícia Civil, a fim de prestar esclarecimentos sobre o caso. O delegado Marcel Madruga, da 4ª Delegacia de Polícia de Crimes Cibernéticos (DCCIBER), é o responsável pela condução da investigação desde o final do ano anterior.

A Polícia Civil esclarece que há um inquérito policial instaurado em novembro de 2024 pela 4ª Delegacia de Polícia de Lavagem e Ocultação de Ativos Ilícitos por Meios Eletrônicos da DCCIBER. As partes contribuem para a investigação, que ocorre sob segredo de Justiça.

Apuração Interna e o Caso Fiel Torcedor

Simultaneamente à investigação policial, as Comissões de Marketing e Justiça coordenam uma análise interna no clube, com a participação ativa do Cori (Conselho de Orientação), que exerce o papel de principal órgão fiscalizador do clube. Espera-se que um parecer investigativo seja emitido nas próximas semanas.

A reportagem apurou que Marcelo Munhoes, ex-chefe de tecnologia do Timão e autor da queixa, apresentou documentos e fez a denúncia formal a respeito de irregularidades no programa de sócios-torcedores, no dia 3 de abril, em reunião.

Munhoes demonstrou conhecimento profundo em sua explanação e apresentou argumentos sólidos, acompanhados de documentos que evidenciam uma situação extremamente grave relacionada ao programa Fiel Torcedor, entre outros aspectos ainda a serem apurados. Prosseguirão com a apuração do tema, internamente, com a adoção das providências cabíveis, sendo um compromisso inegociável agir com total transparência.

Vinicius Manfredi, superintendente de marketing, e Lúcio Blanco, gerente de arrecadação da Neo Química Arena, também foram ouvidos. Segundo apurado, ambos apresentaram a mesma explicação que o departamento jurídico do Corinthians forneceu à polícia, justificando que 12 mil ingressos não são destinados ao Fiel Torcedor, mas sim ao departamento de futebol, concessionários, parceiros comerciais, patrocinadores, entre outros. Os acordos e contratos limitam a 34 mil bilhetes os destinados a mensalistas por partida.

Finanças Sob Escrutínio e Dívida Crescente

A situação financeira do clube tem gerado grande apreensão entre os membros do Conselho Deliberativo. Desde meados do ano anterior, a prática de elaborar balancetes mensais, comum em gestões anteriores, foi interrompida.

A entrega dos documentos necessários ao Cori, inicialmente prevista para 31 de março, também não foi cumprida pela atual gestão. O novo prazo estabelecido pelos diretores se encerra hoje, às 18h.

A análise prévia referente a 2024 revela um aumento preocupante da dívida, o que intensifica a tensão, especialmente considerando que o Conselho Deliberativo votará as contas no dia 28 de abril. A reprovação das contas poderia levar à destituição imediata da diretoria.

Embora a dívida tenha ultrapassado a marca de R$ 700 milhões, conforme divulgado, o Corinthians contesta esse valor, afirmando que os débitos apresentados pelo departamento financeiro são inferiores, girando em torno de R$ 400 milhões.

Investigação do Patrocínio da Vai de Bet e Impeachment

O inquérito que investiga possíveis irregularidades na intermediação do contrato de patrocínio de R$ 360 milhões com a Vai de Bet está em fase final, após quase um ano de depoimentos e investigações conduzidas pela 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) em São Paulo.

No dia 16 de abril, o presidente Augusto Melo prestará depoimento como investigado no caso. Além dele, Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo, e Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing, também serão ouvidos nos dias 14 e 15, respectivamente.

O avanço da investigação policial ocorre em um momento delicado, durante o processo de possível afastamento do presidente alvinegro. A reunião do Conselho Deliberativo, que decidiria sobre o tema, foi adiada pela segunda vez em 20 de janeiro deste ano.

Conexões Perigosas e Rompimento do Contrato

Embora a conclusão da investigação esteja próxima, alguns pontos cruciais já foram elucidados pela polícia. O delegado Tiago Correia revelou que as empresas de fachada envolvidas no acordo de patrocínio possuem ligações com a facção criminosa PCC.

Todas as empresas ligadas direta ou indiretamente a pessoas ao litoral (de Peruíbe) são empresas relacionadas à organização criminosa PCC.

Em março do ano passado, o Corinthians realizou dois depósitos de R$ 700 mil cada para empresas de Alex Cassundé, sendo que a Rede Social Media Design Ltda, responsável pela intermediação do patrocínio, pertence ao empresário.

De acordo com a polícia, a maior parte desse montante foi desviada para contas bancárias de três empresas de fachada, registradas em nome de "laranjas".

Uma das transferências da Rede Social Media Design Ltda, no valor de R$ 580 mil, foi destinada à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, que também recebeu mais R$ 462 mil.

Em entrevista, a sócia da empresa, Edna Oliveira dos Santos, relatou que vive em condições precárias em uma comunidade em Peruíbe, sustentando seus três filhos pequenos com o auxílio do programa Bolsa Família.

Em junho do ano passado, a Vai de Bet optou por rescindir o contrato com o Corinthians , acionando a cláusula anticorrupção presente no acordo.

O Corinthians alegou que "dívidas herdadas de gestões passadas" impactarão o balanço de 2024, conforme o comunicado divulgado:

Adiantamos que o balanço de 2024 do Corinthians apresentará: