Corinthians Vence Derby: A Decisividade Alvinegra em Foco na Copa do Brasil

Poucos observadores contestariam a atual superioridade organizacional do Palmeiras. Contudo, a capacidade de desequilíbrio proporcionada pelos atacantes do Corinthians, aliada à profundidade de opções no setor, provou ser o diferencial. Se um deles vacilou, o outro não perdoou. Com um gol decisivo de Memphis Depay na reta final do clássico, um período em que o Timão já não ostentava superioridade em campo, a vitória alvinegra foi selada nesta quarta-feira, em um confronto pela Copa do Brasil.

Na etapa inicial, Yuri Alberto desperdiçou uma penalidade máxima, justamente no auge da pressão corintiana e do domínio que a equipe da casa exerceu sobre o Palmeiras por pouco mais de trinta minutos. O Verdão, por sua vez, conseguiu reequilibrar as forças na parte final do primeiro tempo, criando boas oportunidades e retornando melhor do intervalo. No entanto, sucumbiu ao talento do atacante holandês nos instantes derradeiros. Para adicionar mais um lance de emoção, Maurício ainda teve um gol anulado por uma questão de centímetros de impedimento logo em seguida.

Estratégias e Escalações Iniciais

Pela primeira vez desde sua chegada ao clube, o técnico Dorival Junior teve à disposição o trio conhecido como ?GYM?. Garro atuou como o articulador central, posicionado atrás da dupla de ataque formada por Memphis Depay e Yuri Alberto . A equipe adotou a formação 4-3-1-2, uma variação do losango já empregado sob a gestão de Ramon Diaz. A linha defensiva central foi composta por Gustavo Henrique e André Ramalho. Do lado palmeirense, Abel Ferreira optou por manter a base da equipe que vinha escalando regularmente, com Ramon Sosa posicionado a partir da ponta-esquerda.

A atmosfera efervescente de um Derby eliminatório atingiu seu ápice no primeiro tempo em Itaquera. O confronto, que inicialmente se mostrou travado e com múltiplas paralisações, revelou-se de bom nível técnico, marcado por diferentes momentos de ascendência de ambas as equipes ao longo dos cinquenta minutos iniciais. O Corinthians manteve a superioridade por um período mais extenso e chegou a perder um pênalti com Yuri Alberto , mas o Palmeiras soube reagir e equilibrar as ações.

A Dinâmica Tática do Primeiro Tempo

O Timão conseguiu desvencilhar-se da marcação por encaixes e perseguições do Verdão através de uma notável mobilidade. Raniele, por exemplo, projetava-se à frente, enquanto Carrillo arrastava Lucas Evangelista. Garro , com seus movimentos, forçava Aníbal Moreno a segui-lo para longe de sua zona de origem. No ataque, Yuri Alberto e Memphis Depay buscavam distanciar Piquerez e, alternadamente, Gómez ou Fuchs, desorganizando a linha defensiva palmeirense.

Foi dessa forma que a equipe mandante conseguiu projetar-se no campo adversário, impulsionada pela volúpia de Matheuzinho pela direita, que se desvencilhava de Ramon Sosa para exercer influência no ataque. O lateral foi o responsável pelo cruzamento que resultou no pênalti sofrido por Memphis Depay, cometido por Gustavo Gómez logo aos quinze minutos. Weverton, no entanto, realizou uma grande defesa, e na sequência, o arqueiro alviverde foi novamente exigido em um belo chute de Memphis da entrada da área.

Apesar do domínio exercido, faltou ao Corinthians maior eficiência na conclusão dos ataques durante o período em que controlou as ações. Yuri Alberto , por exemplo, teve uma finalização bloqueada por Piquerez na área após outra boa jogada de Garro , um dos destaques da etapa inicial. Outro pilar da imposição corintiana foi a marcação agressiva no campo adversário, seja ao subir o bloco e impedir a troca de passes do Palmeiras, seja nas eficientes pressões pós-perda da posse de bola.

O Ajuste e a Resposta Palmeirense

A partir dos trinta minutos, a equipe começou a apresentar um declínio físico, comprometendo a execução dessa estratégia, e o Verdão encontrou meios de levar perigo. Bruno Fuchs se destacou, distribuindo ótimos passes para Facundo Torres e Maurício, que flutuavam nas costas do meio-campo alvinegro. Vitor Roque finalizou por cima do gol em uma dessas jogadas, e André Ramalho realizou um corte providencial sobre a linha, salvando um gol praticamente certo de Giay.

Gustavo Henrique também teve uma atuação sólida ao bloquear arremates de Maurício e Sosa a poucos metros da meta, enquanto Piquerez passou a participar mais ativamente no campo ofensivo. Memphis Depay, por sua vez, apresentou uma queda de rendimento ao longo da primeira etapa, deixando de oferecer a qualidade esperada ao Timão próximo à área adversária. Yuri Alberto , ainda em processo de recuperação de seu ritmo ideal, alternava momentos de brilho e dificuldade nos intensos duelos que travava.

O Segundo Tempo e o Golpe Decisivo

No retorno para a segunda etapa, o Palmeiras conseguiu aumentar seu tempo de posse de bola, reflexo da menor capacidade corintiana de pressionar a bola no campo adversário com a mesma frequência. O Timão voltou a oscilar nesse aspecto e, consequentemente, correu riscos. Facundo e Ramon Sosa assustaram em chutes da entrada da área, enquanto o Verdão transitava com maior fluidez na intermediária e conectava seu quarteto ofensivo, com Vitor Roque passando a dar mais trabalho à defesa alvinegra.

A primeira substituição do jogo só ocorreu na metade da segunda etapa, com a saída de Carrillo para a entrada de Breno Bidon. O clássico, então, voltou a ficar travado, marcado por múltiplas paralisações e reclamações com a arbitragem. Abel Ferreira só realizou suas primeiras alterações após os trinta minutos, e uma delas foi forçada: Bruno Fuchs sentiu a posterior da coxa e foi substituído por Micael. A essa altura, o controle do jogo por parte do Palmeiras já não era tão evidente.

Logo em seguida, uma cobrança rápida de falta de Garro pela direita encontrou Matheuzinho posicionado ao lado da grande área. O cruzamento preciso do lateral teve como destino a cabeça de Memphis Depay, que, com um giro nas costas de Gustavo Gómez, colocou o Corinthians em vantagem. A resposta palmeirense veio cinco minutos depois: Maurício concluiu para a rede após uma escorada de Gómez em bola alçada na área, mas o zagueiro foi flagrado em posição de impedimento. Já com Allan e Flaco López nos lugares de Sosa e Roque, o Palmeiras não conseguiu exercer uma pressão efetiva em busca do empate. O Corinthians , por sua vez, ainda teve boas situações de contragolpe, mas não criou chances reais e conseguiu manter a vitória crucial.