Corinthians: Soldado Abre o Jogo Sobre Ban e a Virada de Dorival com a Base

O Corinthians assegurou sua vaga nas semifinais da Copa do Brasil, um momento de alívio e celebração que, no entanto, não ofuscou as persistentes questões estruturais do clube. Após o triunfo sobre o Athletico-PR, Fabinho Soldado, o executivo de futebol do Alvinegro, veio a público para abordar dois temas cruciais: o impedimento de registrar novos atletas, popularmente conhecido como transfer ban, e a performance do técnico Dorival Júnior em um cenário de escassez.

As Amarras do Transfer Ban: Limites Financeiros e o Cenário do Mercado

O principal obstáculo, conforme detalhado por Soldado, reside na ausência de uma resolução para a pendência financeira com o Santos Laguna, do México, referente à aquisição do zagueiro Félix Torres. Enquanto essa dívida não for quitada, o clube do Parque São Jorge permanece impossibilitado de efetivar novos registros de jogadores. Essa restrição impactou severamente a janela de transferências, resultando na contratação solitária do atacante Vitinho, que chegou ao clube como agente livre, e frustrando o desejo por mais reforços, compartilhado tanto por Soldado quanto por Dorival Júnior.

A complexidade da situação foi resumida pelo executivo, que enfatizou os esforços da diretoria e os limites impostos à instituição:

?Existem departamentos competentes tratando disso. O presidente Osmar tem liderado tudo isso pessoalmente. Fez um esforço enorme. É ter tranquilidade e aguardar. Se não foi pago, foi realmente porque o Corinthians chegou ao seu limite.?

Essa declaração sublinha a severidade das restrições financeiras que o Corinthians enfrenta, sugerindo que a incapacidade de saldar a dívida não decorre de inação, mas de um esgotamento de recursos.

Foto: ( Rodrigo Coca / Ag. Corinthians)

A Resposta de Dorival Júnior: Base e Adaptação em Tempos de Restrição

Diante das adversidades impostas pelo mercado limitado, o foco se volta para a capacidade de gestão do atual comandante técnico. Fabinho Soldado confirmou que o técnico havia, de fato, solicitado novas peças para o elenco, um pedido que ressoava com a própria visão do executivo. Contudo, a impossibilidade de concretizar tais movimentos levou a uma postura pragmática, como explicitado por Soldado:

?O Dorival pediu contratações. Eu pessoalmente conversei com ele, eu também queria, mas, já que não foi possível, todos nós temos esse entendimento. O que estamos fazendo agora é trabalhar com muito entusiasmo com aquilo que tem.?

Essa fala revela a aceitação da realidade e a determinação em extrair o máximo do grupo disponível.

A defesa de Fabinho Soldado ao trabalho de Dorival Júnior foi veemente, ressaltando a habilidade do treinador em encontrar soluções criativas mesmo com um elenco enxuto. O executivo fez questão de elogiar a forma como o técnico tem integrado e desenvolvido os jovens talentos oriundos das categorias de base, o aclamado "Terrão". Essa estratégia já colhe frutos notáveis, com o jovem atacante Gui Negão emergindo como um dos principais destaques recentes, acumulando quatro gols nos últimos cinco confrontos. Além dele, a retomada de Kayke e o trabalho com outros atletas da base, que em breve devem ganhar mais oportunidades, exemplificam a filosofia de Dorival de valorizar os ativos internos do clube.

Legado e Perspectivas: O Impacto do Treinador na Trajetória Alvinegra

O reconhecimento ao empenho do técnico transcende os resultados imediatos, focando na sua dedicação e entendimento da cultura corintiana. Soldado expressou sua admiração pela capacidade de Dorival de trabalhar dentro da estrutura existente, mesmo diante dos pedidos por reforços:

?Gostaria de parabenizar o trabalho que o Dorival está fazendo. Não foi por causa de passar por essa fase. Mesmo nos momentos mais difíceis, sempre entendi que é um treinador que consegue trabalhar com a estrutura do clube. Ele falou e pediu as contratações, mas, mesmo assim, trabalhou com o que tinha. Está evoluindo com os jogadores que aqui estão. Trabalha com os jogadores de base. Já lançou alguns jogadores, no caso do Gui, e deu uma retomada para o Kayke. Existem outros jogadores que está trabalhando e já já vão ser lançados.?

A sinergia entre o treinador e a instituição foi um ponto alto na fala do executivo, que vislumbra um futuro de fortalecimento a partir dessa parceria, destacando o comprometimento diário do técnico:

?Estou muito entusiasmado e feliz com o trabalho do Dorival. Chega muito cedo ao CT, sai muito tarde, muito empenhado. Eu acho que ele merece todo o nosso respeito. Já entendeu o que é trabalhar no Corinthians, já vestiu a camisa. Espero, junto com o trabalho do Dorival e com os atletas que aqui estão, cada vez mais a gente se fortalecer.?

Em pouco mais de quatro meses à frente do comando técnico, Dorival Júnior demonstra um aproveitamento sólido, com um total de 25 partidas. Sua gestão, em um contexto de limitações, é digna de nota.

Com a classificação garantida, o Corinthians agora aguarda o desfecho do confronto entre Cruzeiro e Atlético-MG para conhecer seu adversário nas semifinais da Copa do Brasil. A equipe mineira da Raposa obteve uma vantagem significativa na primeira partida, vencendo por 2 a 0 fora de casa, e decidirá a vaga diante de sua torcida. O clássico mineiro está marcado para esta quarta-feira, às 19h30 (horário de Brasília), no Mineirão. As semifinais, por sua vez, ainda não possuem datas definidas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas a previsão é que ocorram somente em dezembro.