Corinthians SAF: Rejeição, Modelo Green Bay e Futuro do Clube

O futuro do Sport Club Corinthians Paulista tem sido palco de intensos debates, especialmente no que tange à sua estrutura administrativa e financeira. Em meio a um cenário econômico desafiador, a possibilidade de o clube adotar o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) ganhou força nos bastidores, mas enfrenta forte resistência por parte de importantes setores da instituição.

Rejeição à SAF: Um Muro no Parque São Jorge

A ideia de transformar o Corinthians em SAF esbarra em um obstáculo considerável: a oposição ferrenha de membros do Conselho Deliberativo e da Gaviões da Fiel, a principal torcida organizada do clube. Essa resistência reflete a preocupação com a perda de controle e a descaracterização da identidade do clube, fundado em 1910 por operários e historicamente ligado à sua base de torcedores.

O presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr., expressou sua ?????????????? posição contra a SAF de forma inequívoca: "SAF nunca", declarou em entrevista, sinalizando que a manutenção do modelo associativo é uma prioridade para a atual gestão. Segundo Tuma, o foco está em aprimorar o modelo existente, buscando formas de incluir os sócios-torcedores nas decisões do clube por meio de uma reforma estatutária.

Paulo Roberto Bastos Pedro, membro do CORI (Conselho de Orientação), compartilha da mesma visão, argumentando que "O que gera o esgotamento do modelo associativo é a gestão. Virar SAF não vai mudar nada. Sou advogado que lida com falências e sei que uma SAF mal gerida vira falência". Essa declaração ressalta a importância de uma gestão eficiente e transparente, independentemente do modelo administrativo adotado.

Foto: (Ettore Chiereguini/AGIF)

Modelo Green Bay Packers: Uma Alternativa Viável?

Em meio à discussão sobre a SAF, surgiu a proposta de o Corinthians se inspirar no modelo do Green Bay Packers, time da NFL (liga de futebol americano). Nesse modelo, a franquia é administrada como uma empresa, mas tem como proprietários os próprios torcedores, que adquirem cotas de participação.

A ideia em discussão no Corinthians seria separar o futebol do social e vender cotas de participação aos torcedores, como uma cooperativa. Essa proposta, ainda em fase inicial de estudos, busca conciliar a gestão profissional do clube com a manutenção do controle por parte da torcida. No entanto, assim como a SAF, o modelo Green Bay Packers enfrenta resistência dentro do clube.

Gaviões da Fiel: Defesa da Identidade Corinthiana

A Gaviões da Fiel, principal torcida organizada do Corinthians , tem se posicionado de forma contundente contra a SAF. O presidente da torcida, Alexandre Domênico Pereira, o Alê, afirmou que "Falam de SAF e somos totalmente contra. Se tiver um trabalho sério, o Corinthians jamais pode colocar em pauta. Um Corinthians que foi fundado em 1910, por operários, é inconcebível. Mudança de estatuto, sim, que é primordial".

Essa declaração demonstra a preocupação da torcida com a preservação da história e da identidade do clube, que sempre esteve ligado à sua base de torcedores. A Gaviões da Fiel defende a modernização do estatuto do clube como forma de fortalecer o modelo associativo e garantir a participação da torcida nas decisões.

Apesar da rejeição à SAF, a discussão sobre o futuro do Corinthians ganhou força após a reprovação das contas do primeiro ano da gestão Augusto Melo pelo Conselho Deliberativo. A reprovação, que já havia sido recomendada pelo Conselho Fiscal e pelo Conselho de Orientação (CORI), evidenciou a necessidade de o clube buscar alternativas para sanar suas finanças e garantir sua sustentabilidade.

Em suma, o debate sobre o futuro do Corinthians está longe de ser concluído. A rejeição à SAF e as discussões sobre o modelo Green Bay Packers demonstram a complexidade da questão e a necessidade de se encontrar um caminho que concilie a gestão profissional do clube com a preservação de sua história e identidade. O desafio é grande, mas a paixão da torcida corintiana é um combustível poderoso para superar os obstáculos e construir um futuro vitorioso para o clube.