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Corinthians: Reestruturação da Base, Custos, Contratos e Futuro dos Atletas
Por Redação FuTimão em 21/06/2025 00:52
A nova gestão do Sport Club Corinthians Paulista iniciou um processo de reavaliação e profunda reformulação em suas categorias de base. A medida, considerada imperativa, advém de um panorama herdado da administração anterior, chefiada por Augusto Melo, caracterizado por um inchaço significativo no número de jovens atletas e de colaboradores.
Carlos Roberto Auricchio, amplamente conhecido como Nenê do Posto, assumiu a liderança do setor no início de junho e, desde então, tem sido categórico ao descrever a conjuntura atual como "inviável". Sua visão, forjada por décadas de dedicação ao clube, aponta para a necessidade de intervenções drásticas para reequilibrar a estrutura.
A Trajetória de um Dedicado Corinthiano
Antes de mergulhar nos pormenores da situação, é fundamental compreender a credibilidade e o profundo vínculo de Carlos Roberto Auricchio com a instituição. Sua trajetória no Corinthians remonta a 1960, um testemunho de uma vida dedicada à paixão alvinegra. Ele próprio enfatiza sua persistência e o caráter voluntário de sua atuação ao longo de décadas.
Sou doente por esse esporte. Trabalhei quatro décadas como diretor e com vários presidentes diferentes, mas nunca o Corinthians pôs um pãozinho na minha mesa.
Essa declaração não apenas sublinha sua paixão inabalável, mas também confere peso às suas observações, posicionando-o como uma voz experiente e desinteressada, cujas críticas visam exclusivamente o bem-estar do clube.
O Cenário Alarmante da Base Corinthiana
Conforme explicitado por Nenê do Posto, a estrutura das categorias de base foi submetida a uma sobrecarga sem precedentes. A partir de 2024, houve a integração de 87 novos jogadores, com um foco particular em divisões intermediárias, como as equipes sub-16 e sub-18, que posteriormente foram agrupadas ao sub-20 B. Essa proliferação de talentos, muitas vezes sem um planejamento de integração adequado, gerou um colapso operacional.
Nosso intuito principal é dar uma enxugada. O problema vai do sub-7 ao sub-20. Os técnicos dividem o campo em três para caber todo mundo no treino.
A imagem de treinadores forçados a segmentar o campo de treinamento em múltiplos setores para acomodar o vasto contingente de atletas ilustra a dimensão do problema. Tal cenário compromete a qualidade do desenvolvimento individual e coletivo, transformando o que deveria ser um celeiro de talentos em um desafio logístico complexo.
O Inchaço Financeiro e de Recursos Humanos
A necessidade de "enxugar" a base não se restringe apenas ao número de jogadores. O quadro funcional também se viu superdimensionado, resultando em um significativo aumento dos gastos. Coordenadores de longa data, como Chicão e Batata, já foram desligados, e a diretoria estuda cortes adicionais para otimizar a estrutura.
Os números falam por si: o custo operacional mensal do departamento de base do Corinthians experimentou um salto vertiginoso, passando de aproximadamente R$ 700 mil em 2019 para cerca de R$ 1,6 milhão na atualidade. Esse incremento de mais de 100% em poucos anos é insustentável e reflete uma gestão de recursos que se tornou impraticável.
O departamento está inchado em todos os aspectos. Por isso o clube não aguenta.
A afirmação do diretor é um alerta sobre a saúde financeira do clube, que não pode suportar tal nível de despesa em um setor que, embora vital para o futuro, exige parcimônia e eficiência.
Desafios Contratuais e a Gestão de Talentos
Um dos maiores obstáculos identificados pela atual administração reside na natureza dos vínculos contratuais de muitos desses jovens atletas. Diversos jogadores possuem contratos profissionais, o que impõe cautela e estratégia para evitar custos desnecessários com rescisões. A prioridade é encontrar soluções amigáveis e economicamente viáveis.
Vou tentar convencê-los que é melhor sair de boa. Também iremos tentar colocar esses jogadores em algum clube.
A busca por realocar esses jogadores em outras agremiações é uma tática para mitigar o impacto financeiro. A urgência da situação é amplificada pela proximidade do prazo de inscrição para a Copa São Paulo de Futebol Júnior, agendada para setembro, o que exige decisões céleres sobre o elenco.
A Qualidade Técnica em Questão
Paradoxalmente, apesar do excesso numérico de atletas, há um reconhecimento explícito de uma carência técnica em certas categorias, o que levanta sérias questões sobre os critérios de seleção e desenvolvimento. O diretor aponta uma deficiência na qualidade de alguns jogadores, mesmo entre aqueles que deveriam ser a espinha dorsal das equipes de transição.
Nosso sub-20 jogou a última partida com três atacantes, dois de 17 anos e um de 15. Os que têm idade para a categoria não têm condições de jogar.
Esta observação crítica revela uma disparidade entre a idade dos atletas e sua capacidade de desempenho, indicando que a quantidade não se traduz em qualidade. O desafio, portanto, não é apenas reduzir o volume, mas também elevar o nível técnico e competitivo dos talentos que permanecerão no Parque São Jorge.
A reformulação em curso na base corintiana, liderada por Nenê do Posto, é um empreendimento complexo e multifacetado. Ela visa não apenas a contenção de despesas e a otimização de recursos humanos e materiais, mas, acima de tudo, a restauração da excelência e da eficácia de um dos pilares mais importantes do clube: a formação de seus futuros craques. O caminho é árduo, mas a clareza do diagnóstico e a determinação da nova diretoria sinalizam um compromisso sério com a recuperação e a sustentabilidade do setor.
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