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Corinthians: O Preço da Inação na Janela de Transferências
Por Redação FuTimão em 03/09/2025 09:14
O Sport Club Corinthians Paulista concluiu o período de movimentações no mercado de atletas sem sucesso na tentativa de anular a restrição imposta pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) em 12 de agosto. Como resultado, o clube de Parque São Jorge finaliza a temporada de 2025 com um número extremamente reduzido de novas contratações: apenas o lateral-esquerdo Angileri, que chegou em fevereiro, e o atacante Vitinho, cujo registro foi efetuado um dia antes da oficialização da sanção.
Adicionalmente, houve a formalização da aquisição do zagueiro Cacá, que já defendia a equipe em 2024 por empréstimo do Tokushima Vortis, do Japão. Esta compra, entretanto, não se configura como um novo reforço no sentido tradicional, uma vez que estava contratualmente prevista como obrigatória caso determinadas metas fossem atingidas pelo atleta.
A gravidade da situação foi, de certa forma, reconhecida pelo próprio técnico Dorival Júnior, que, apesar de anteriormente ter expressado preocupação com a falta de adições ao plantel, demonstrou um pragmatismo notável diante do cenário. Após o empate em 1 a 1 com o Palmeiras, o treinador declarou:
Eu sei que até o final do ano não terei mais nenhum atleta. Tenho que aprender a conviver. O nosso elenco é enxuto e precisaremos improvisar ao longo da competição.
O Bloqueio da FIFA e Suas Implicações Imediatas
A interdição da FIFA decorre de uma pendência financeira de R$ 33 milhões com o Santos Laguna, do México, referente à aquisição do zagueiro Félix Torres. Com a incidência de juros, o montante devido já alcança a marca de aproximadamente R$ 40 milhões. O Corinthians buscou reverter a decisão junto à Corte Arbitral do Esporte (CAS), mas não obteve êxito em sua apelação.
Apesar do bloqueio já estabelecido, o departamento de futebol do clube chegou a conduzir negociações com quatro jogadores, incluindo o atacante Agustín Anello, do Boston River-URU. A expectativa, até a semana anterior ao fechamento da janela, era de que a punição pudesse ser revertida, o que justificaria essas tratativas.
O presidente Osmar Stábile, recentemente empossado após um período como interino, apresentou propostas ao Santos Laguna para quitar a dívida. A mais recente delas envolvia o pagamento de 70% do valor à vista, com o restante parcelado em duas vezes. Contudo, o clube mexicano rechaçou a oferta, alegando desconfiança na capacidade de cumprimento dos termos pela atual gestão corintiana.
Um Acúmulo de Débitos e a Posição dos Credores
A situação financeira delicada do Corinthians não se restringe apenas ao Santos Laguna. Outros processos e dívidas se acumulam, projetando um cenário de complexidade ainda maior para a diretoria. O Talleres-ARG, por exemplo, que negociou o meia Rodrigo Garro em 2024, exige o pagamento de US$ 4,3 milhões, o equivalente a R$ 23,3 milhões na cotação atual. Este caso também está sob análise da CAS, e, notavelmente, o clube argentino sequer se mostrou disposto a abrir um canal de negociação com o Corinthians .
A tabela a seguir detalha as principais pendências financeiras que afligem o clube:
| Credor | Valor Envolvido (R$) | Situação Atual |
|---|---|---|
| Santos Laguna (México) | Aprox. R$ 40 milhões | Gerou o atual "transfer ban" da FIFA |
| Talleres-ARG | R$ 23,3 milhões (US$ 4,3 mi) | Processo em tramitação na CAS, sem negociação |
| Matías Rojas | R$ 40 milhões | Processo judicial em andamento |
| Shakhtar Donetsk (Ucrânia) | R$ 6,3 milhões (? 1 mi) | Dívida referente ao empréstimo de Maycon |
O Horizonte de Três Janelas Restritas e o Caminho da Superação
Com a validade do "transfer ban" estipulada para três janelas de transferências, o Corinthians se vê na imperativa necessidade de solucionar os passivos pendentes tanto na Corte Arbitral do Esporte quanto nos demais tribunais desportivos. A falha em resolver essas questões pode resultar na prorrogação do bloqueio, mantendo o clube em uma posição de limitação severa no que tange à contratação de novos jogadores.
O desafio é imenso e exige não apenas uma gestão financeira rigorosa, mas também uma estratégia jurídica robusta para navegar pelos diversos litígios. O futuro do elenco e a competitividade do Corinthians nos próximos anos dependerão diretamente da capacidade da diretoria em desatar esses nós financeiros e burocráticos que hoje amarram o clube.
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