Corinthians: Futuro do Fielzone em Risco por Falhas na Biometria e Histórico Conturbado

O Sport Club Corinthians Paulista considera seriamente a descontinuidade do vínculo contratual com a Soccer Hospitality, empresa responsável pela administração do camarote Fielzone na Neo Química Arena. A insatisfação da diretoria corintiana deriva diretamente das reincidências nos problemas apresentados pelo sistema de reconhecimento facial operado pela companhia, que gerencia dois espaços no estádio, incluindo uma choperia.

A recente partida entre Corinthians e Red Bull Bragantino, que marcou a estreia da nova regulamentação da Lei Geral do Esporte (LGE) ? a qual exige biometria em estádios com capacidade superior a 20 mil torcedores ?, evidenciou a fragilidade do sistema. Embora a taxa geral de falhas no reconhecimento tenha sido inferior a 0,5% entre os 34.211 torcedores presentes em Itaquera no último domingo, apurações indicam que metade dessa porcentagem de erro, aproximadamente 0,2%, concentrou-se especificamente na entrada do Fielzone.

É crucial notar que as catracas do camarote empregam uma tecnologia distinta daquela utilizada pelo próprio Corinthians nos demais pontos de acesso ao estádio. Diante das inúmeras reclamações e da repercussão negativa gerada, a atual gestão interina do clube avalia a rescisão do acordo. O entendimento da diretoria é que a operadora não tem demonstrado capacidade de acompanhar a implementação e as exigências da nova tecnologia de acesso.

Impasse no Acesso: A Biometria Sob Escrutínio na Neo Química Arena

Em meio à controvérsia, o CEO da Soccer Hospitality, Leonardo Rizzo, utilizou suas redes sociais para expressar críticas contundentes à obrigatoriedade da biometria facial. Em uma publicação nos Stories de seu perfil no Instagram, logo após o incidente, o empresário questionou a viabilidade prática do sistema:

Alguém precisa tirar esse decreto. Reconhecimento facial no papel é perfeito. Na prática dá problema em todos os estádios. 'Ok' para evitar o cambismo, mas não funciona. Hoje estamos enfrentando problemas novamente pelo Brasil. Não temos tecnologia para isso. USA (EUA), a Meca do entretenimento, não existe isso. Leonardo Rizzo, CEO da Soccer Hospitality, em seu perfil do Instagram

A posição pública de Rizzo sublinha uma divergência fundamental entre a expectativa do clube em relação à eficiência da operação e a percepção da empresa sobre a maturidade da tecnologia em solo brasileiro. Até o momento desta publicação, a assessoria do Fielzone não se manifestou sobre o assunto, apesar de ter sido procurada pela reportagem.

Fielzone: Um Histórico de Atritos Além da Tecnologia

A atual tensão em torno dos problemas de biometria não é o primeiro ponto de atrito na relação entre o Corinthians e o Fielzone. O camarote já enfrentou um passivo financeiro milionário com o clube. Atrasos nos pagamentos, que se arrastavam desde 2023, persistiram durante os primeiros meses da gestão de Augusto Melo. Após um processo de confissão de dívida, a empresa passou a honrar seus compromissos mediante parcelamento.

Durante o período em que a dívida estava ativa, a 'Choperia Fielzone', localizada no quarto andar da Neo Química Arena, recebia uma quantidade de ingressos superior à prevista em contrato para o setor Oeste Inferior em jogos desde o ano passado. Aproximadamente 700 ingressos eram disponibilizados, superando em 300 o número contratual. Com a mudança na gestão do clube, o Fielzone voltou a receber o quantitativo de 500 ingressos, que são comercializados por valores que, em média, ultrapassam os R$ 750.

A soma dos problemas tecnológicos no acesso, a declaração pública do CEO da operadora e o histórico de pendências financeiras e irregularidades na distribuição de ingressos compõem um cenário complexo que coloca a continuidade da parceria sob escrutínio severo, evidenciando a determinação do Corinthians em buscar excelência e conformidade em suas operações na Arena.