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Corinthians Feminino: Tamires e Zanotti Cobram Calendário e Estrutura

Por Redação FuTimão em 01/08/2025 16:13

A equipe feminina do Corinthians se encontra diante de uma fase intensa da temporada, marcada por um volume significativo de deslocamentos e a participação simultânea em diversas competições. Neste cenário desafiador, figuras emblemáticas do elenco alvinegro, como Tamires e Gabi Zanotti, oferecem uma visão crítica e aprofundada sobre o atual estágio de desenvolvimento da modalidade, apontando os entraves que persistem mesmo em meio à sua crescente visibilidade.

No ano de 2025, o time já enfrentou a Supercopa, conquistando o vice-campeonato, e ainda tem um horizonte repleto de desafios, incluindo as fases decisivas do Campeonato Brasileiro, o Campeonato Paulista (em andamento desde março), a terceira etapa da Copa do Brasil e a Copa Libertadores. Essa agenda sobrecarregada, embora celebre a evolução do esporte, também expõe lacunas estruturais que impedem o pleno potencial das atletas e da competição.

O Ritmo Exaustivo da Agenda de Competições

Gabi Zanotti, em declaração ao ge, sublinha a notável progressão da modalidade nos últimos anos, mas não hesita em apontar a necessidade de aprimoramento no planejamento:

Tivemos uma evolução significativa na modalidade nos últimos anos, acredito que por conta de visibilidade e profissionalismo também de quem está por trás do futebol feminino. Ainda precisamos de um calendário melhor elaborado

A meio-campista também reflete sobre a ineficácia de um calendário meramente preenchido, se não for bem elaborado, destacando a disparidade entre o encerramento de uma temporada e o início da seguinte:

O Corinthians está disputando todas as competições e, na temporada passada, nosso último jogo foi no final de novembro para voltarmos em março. Um período muito longo sem competição. Não adianta o calendário cheio se não é bem elaborado, temos 12 meses no ano

Essa descontinuidade, com um longo hiato de inatividade, contrasta com a maratona de jogos acumulados nos meses de atividade, gerando um desequilíbrio que impacta diretamente a preparação física e o ritmo de jogo das atletas.

A Odisseia Logística e o Desgaste Atlético

Até o dia 15 de agosto, data que marca o retorno das quartas de final do Campeonato Brasileiro Feminino, o Corinthians enfrentará uma sequência de viagens extensas e compromissos cruciais. A equipe terá de se desdobrar entre diferentes estados e competições, com pouco tempo de recuperação entre os confrontos. A logística imposta aos clubes e atletas é um dos pontos mais criticados pelas jogadoras, que apontam para um tratamento desigual em relação ao futebol masculino.

Confira a sequência de jogos e deslocamentos do Corinthians Feminino:

Data Prevista Competição Adversário Local Observação
Próximo dia 3 Paulista Palmeiras - Desfalcado por Copa América
Após dia 3 Copa do Brasil Cruzeiro Belo Horizonte, MG Jogo eliminatório
Após Cruzeiro Brasileirão (ida) Bahia Aracaju, SE (Batistão) -
Após Bahia Paulista Ferroviária Araraquara Clássico
15 de agosto Brasileirão (volta) - Pacaembu (estudo) -

Tamires expressa sua frustração com a repetição de problemas e a falta de soluções concretas:

Hoje, está acontecendo essa questão do calendário, mas outro dia é um novo problema. A resposta é sempre "não tem o que ser feito", precisamos repensar algumas coisas. Fica para as atletas cobrarem todas as vezes de ter uma mudança. Podemos evitar situações dessa forma para esse segundo semestre e, no próximo ano, pensar realmente na estrutura do campeonato, no calendário, estádios, tudo de uma forma adequada. Estamos há menos de dois anos de uma Copa do mundo no nosso país, é algo relevante

A lateral também detalha o impacto direto de uma logística inadequada no desempenho e na segurança das atletas:

Queremos ter cada vez mais calendário, mas vamos fazer de uma forma justa, sabe? Não tem condições pegarmos um ônibus e fazer uma viagem de 8 a 9 horas um dia antes da disputa da Copa do Brasil contra o Cruzeiro. Isso depois de ter jogado um clássico e indo para um campeonato que é um jogo, se perder está fora. Infelizmente, vem acontecendo

O Dilema dos Palcos: A Questão dos Estádios

A discussão sobre o calendário se entrelaça com a problemática dos locais de jogo. A indisponibilidade da Neo Química Arena para a partida de volta do Campeonato Brasileiro Feminino, devido à realização da NFL no Brasil, força o Corinthians a buscar alternativas como o Pacaembu. Este é um sintoma de um problema maior: a dificuldade de o futebol feminino ocupar os grandes palcos do esporte.

Recentemente, o Bahia, por exemplo, definiu o Batistão, em Aracaju, Sergipe, como palco do confronto de ida, distante de sua sede. Com a exceção de Ferroviária e São Paulo, que utilizaram a Fonte Luminosa e o Morumbi, respectivamente, a maioria das equipes femininas ainda não tem acesso regular aos estádios principais de seus clubes ou cidades, o que levanta questionamentos sobre o real investimento e valorização da modalidade.

Gabi Zanotti critica veementemente a situação do Bahia, considerando-a inaceitável para uma fase tão relevante da competição:

Esse episódio do Bahia, em uma fase tão importante da competição e inédita, não conseguir mandar o jogo dentro do seu estado, pra mim, é inadmissível. Acho que não deveria ser aceito. Se queremos realmente melhorar, não pode acontecer

A camisa 10 do Corinthians também expressa a indignação com a falta de consideração para com os torcedores, que enfrentam a constante mudança de locais e horários:

É uma falta de respeito com o nosso torcedor. O jogo contra o Bahia já estava marcado. E quem comprou passagem? Quem arca com esses custos? Se o torcedor quiser se programar, consegue pegar o calendário do futebol masculino e assistir a 30ª rodada. Infelizmente, o futebol feminino muda a cada sete dias o local, horário do jogo... isso é uma falta de respeito com quem está sempre acompanhando

Outros confrontos das quartas de final do Brasileirão Feminino também ilustram essa realidade: Bragantino e Cruzeiro jogarão no Canindé, em São Paulo, e no Independência, em Belo Horizonte. Já Flamengo e Palmeiras se enfrentarão no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, e na Arena Barueri. As quartas de final serão disputadas a partir de 9 de agosto, com encerramento previsto para o dia 17 do mesmo mês.

As cobranças de Tamires e Gabi Zanotti transcendem as necessidades imediatas do Corinthians ; elas representam um clamor por uma reestruturação profunda no futebol feminino brasileiro. Com a Copa do Mundo se aproximando em solo nacional, a urgência de um calendário mais coerente, uma logística eficiente e o acesso a estruturas adequadas tornam-se imperativos para que a modalidade possa, de fato, alcançar seu potencial máximo e oferecer o espetáculo que suas atletas e torcedores merecem.

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Paulo

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Comentado em 01/08/2025 19:21 Vai Corinthians Feminino, força que a vitória vem!
Juliana

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Comentado em 01/08/2025 17:51 Slk, as meninas tão na pegada mesmo, mas esse calendário aí tá meio tosco, tem que melhorar!
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