Corinthians: Estratégia nos Bastidores para Reverter Proibição das Torcidas Organizadas na Neo Química Arena

A atmosfera vibrante, outrora marca registrada da Neo Química Arena, tem sido notavelmente mitigada. A diretoria do Sport Club Corinthians Paulista, em uma sinergia com as lideranças das facções organizadas, empreende um esforço nos bastidores com o propósito de agendar um encontro crucial. O objetivo é dialogar diretamente com representantes da Federação Paulista de Futebol (FPF), do Ministério Público (MP) e da Polícia Militar do Estado de São Paulo, visando uma revisão da atual restrição imposta.

A iniciativa central dessa articulação é apresentar uma proposta que contemple a supressão total ou, no mínimo, uma significativa atenuação da proibição que atualmente impede a entrada de faixas, bandeiras e instrumentos musicais nas partidas disputadas em Itaquera. Essa medida, percebida como um entrave à efervescência da arquibancada, tem sido um ponto de atenção para o clube e seus torcedores.

O Impacto da Restrição no Desempenho e na Atmosfera

Atualmente, um total de seis grupos de torcedores organizados do Corinthians está impedido de acessar os estádios paulistas até o término do ano de 2025. Essa sanção foi oficializada em abril, poucos dias após a decisão do Campeonato Paulista, episódio em que artefatos pirotécnicos, como sinalizadores e fogos de artifício, foram detonados nas bancadas do estádio alvinegro.

A penalidade foi imposta pela Federação Paulista, seguindo uma recomendação do Juizado Especial Criminal (Jecrim) e com o aval do Ministério Público. No Parque São Jorge, existe um consenso de que essa imposição tem prejudicado o desempenho da equipe comandada por Dorival Júnior em campo, uma vez que dificultou a criação de um ambiente de pressão e hostilidade aos adversários nos confrontos disputados na Neo Química Arena.

A ausência dos elementos que compõem o espetáculo à parte da torcida organizada ? o colorido das faixas e bandeiras, o ritmo dos instrumentos ? é sentida como um fator que diminui a intensidade do apoio e, consequentemente, a capacidade de intimidação ao oponente. A diretoria corintiana compreende que o fervor da Fiel é um componente tático essencial, e sua limitação impacta diretamente a performance do time.

As torcidas organizadas do Corinthians que se encontram sob esta proibição são:

A Estratégia para a Reversão da Medida

Nas semanas recentes, integrantes da cúpula corintiana iniciaram uma movimentação estratégica nos bastidores, buscando uma reaproximação com a Federação Paulista. O objetivo é propor contrapartidas que viabilizem, de maneira progressiva, a liberação da entrada de faixas, bandeiras e instrumentos musicais. A apuração indica que a tática conjunta do clube e das organizadas será a proposição de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

O TAC, instrumento jurídico, configura-se como um acordo extrajudicial estabelecido com o Ministério Público. Por meio dele, a parte infratora assume a responsabilidade pelas suas ações passadas, comprometendo-se a agir em conformidade com a legislação e a abster-se de reincidir na infração. Este mecanismo é visto como a via mais promissora para a negociação com as autoridades.

Em contato com a nossa redação, o advogado Renan Bohus, representante da Gaviões da Fiel, argumentou que a entidade não teve a oportunidade de apresentar sua defesa antes da oficialização da proibição. Ele enfatizou a busca pelo diálogo com as autoridades competentes.

? É importante esclarecer que não foi respeitado o direito prévio às organizadas de apresentar defesa antes da decisão. Estamos tentando diálogo com as autoridades, com o 2º Batalhão de Choque, delegacias e FPF para tentarmos solucionar o mais rápido possível ? explicou o advogado da maior torcida organizada do Corinthians.

Posicionamento das Autoridades e Próximos Passos

A nossa reportagem também buscou o posicionamento do Ministério Público, que informou não ter sido contatado formalmente pelo clube até o momento. Por sua vez, a Federação Paulista de Futebol, por meio de nota, esclareceu que sua atuação se limitou a acatar as recomendações do MP e da Polícia Militar. A FPF reiterou que a condução de quaisquer tratativas para a revisão da medida deve ser feita diretamente com os órgãos que a recomendaram.

"A Federação Paulista de Futebol editou a Portaria nº 093/2025, publicada em 2 de abril, atendendo a recomendação do Ministério Público do Estado de São Paulo que determinou a proibição da entrada de torcidas organizadas do Sport Club Corinthians Paulista em praças desportivas até o fim de 2025. A FPF atendeu à recomendação feita pelas autoridades competentes. Eventuais tratativas sobre a revisão da medida devem ser conduzidas diretamente com o Ministério Público e a Polícia Militar, responsáveis por sua recomendação".

O caminho para a plena restauração do ambiente da Neo Química Arena é complexo e exige habilidade diplomática. A diretoria corintiana, ciente da importância do apoio irrestrito de sua torcida, segue empenhada em desatar os nós burocráticos e legais que hoje silenciam parte do fervor que faz do Corinthians um clube único.