Corinthians e Nike: Revelado o Contrato Milionário e o Retorno da Camisa Listrada

A Complexa Renovação Contratual entre Corinthians e Nike

O Sport Club Corinthians Paulista, uma das maiores agremiações do futebol nacional, encontra-se em um momento crucial de sua relação com a Nike, sua fornecedora de material esportivo. A recente renovação do vínculo, acionada de forma unilateral pela companhia americana, levanta questionamentos sobre a autonomia do clube e as implicações financeiras de um acordo que se estende até 2029.

A Fisia, representante da Nike no Brasil desde 2020, formalizou sua intenção de estender a parceria. Em dezembro do ano passado, precisamente no dia 16, uma carta registrada foi enviada ao clube, seguida por um e-mail em 19 de dezembro, buscando um novo arranjo contratual. Contudo, diante da aparente falta de resposta da gestão de Augusto Melo, a empresa exerceu uma cláusula de renovação automática, conforme estipulado no contrato preexistente.

Esta medida unilateral da Nike, que garantiu a continuidade do fornecimento por mais cinco anos, evitou um cenário de litígio que poderia ser extremamente custoso e desfavorável ao Corinthians . O contrato em vigor estabelece que qualquer disputa entre as partes deve ser dirimida no Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio Brasil-Canadá, uma das instituições de maior custo no país em termos de taxas processuais.

Para enfrentar tal embate legal, a diretoria alvinegra seria compelida a contratar um escritório de advocacia especializado, gerando despesas vultosas mesmo antes de qualquer veredito. Especialistas indicam que, dadas as condições contratuais atuais e o aparente descumprimento por parte do clube, a probabilidade de uma derrota corintiana seria alta, com um prejuízo estimado na casa dos R$ 100 milhões. A assinatura da extensão, portanto, representa um alívio financeiro e jurídico para o Timão, que, neste momento, não pode se dar ao luxo de assumir riscos desnecessários.

O Dilema das Luvas: Nike vs. Adidas no Cenário Alvinegro

No centro das negociações, um ponto de discórdia relevante surgiu: a questão das "luvas". Enquanto a Adidas, concorrente da Nike, apresentou uma proposta de R$ 100 milhões a título de luvas, a Nike adotou uma abordagem distinta. A empresa americana concordou em disponibilizar o montante, porém, sob a forma de adiantamento, com valores corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A oferta da Adidas, com o pagamento de luvas, representava um atrativo financeiro imediato e um diferencial competitivo significativo. Contudo, a diretoria do Corinthians , após ponderações, concluiu que o benefício financeiro direto da proposta da Adidas não compensaria os riscos inerentes a uma disputa judicial com a Nike, especialmente considerando a renovação unilateral já acionada e o cenário jurídico complexo que se apresentava.

A prioridade, nesse contexto, parece ter sido a estabilidade e a segurança jurídica, em detrimento de um ganho financeiro pontual que poderia acarretar em perdas muito maiores no futuro. A nota oficial divulgada pela diretoria alvinegra no final de maio apenas reforçou o compromisso já existente com a fornecedora de material esportivo, solidificando o vínculo.

O Retorno Triunfal da Camisa Listrada: Mais que um Uniforme, uma Declaração

Em meio às complexidades contratuais, uma notícia promete aquecer o coração dos torcedores corintianos: a volta do icônico uniforme listrado como segundo kit a partir de 2026. Produzido pela Nike, o modelo predominantemente preto com listras brancas é mais do que uma peça de vestuário; é um símbolo de resistência e tradição que remonta a mais de um século da história do clube.

A estreia dessa vestimenta histórica ocorreu há 110 anos, em 1915, marcando uma vitória do Timão sobre o Caçapavense por 2 a 1. Sua criação, contudo, não foi meramente estética. O uniforme listrado nasceu como um ato de protesto contra a Liga Paulista e a Associação Paulista de Football, que, na época, impediram o Corinthians de participar de seus campeonatos. A exclusão, segundo o próprio clube, estava intrinsecamente ligada à sua postura pioneira na luta pela inclusão de minorias e pela democratização do futebol brasileiro.

A camisa listrada também esteve presente em um dos capítulos mais gloriosos da saga corintiana. Foi com ela que, em 1977, a equipe de Basílio, em um Morumbi lotado, superou a Ponte Preta, conquistando o Campeonato Paulista e pondo fim a um doloroso jejum de quase 23 anos sem um título expressivo. A imagem daquele gol e da celebração é eternizada na memória alvinegra.

O retorno deste padrão em 2026 não é apenas uma escolha de design, mas um resgate de valores e de uma rica herança. É um lembrete de que o Corinthians , em sua essência, sempre foi um clube do povo, forjado na luta e na superação, e que sua identidade visual carrega consigo a força de sua história.