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Corinthians e Flamengo: Gigantes do Futebol na Fórmula Superliga – Uma História Inusitada!

Por Redação FuTimão em 24/06/2025 12:13

Imagine os maiores clubes de futebol do mundo, conhecidos por suas conquistas em campo, competindo em uma arena completamente diferente: as pistas de corrida. Essa premissa, que à primeira vista pode soar como um enredo de ficção, foi a realidade da Fórmula Superliga, um campeonato internacional de automobilismo que, entre 2008 e 2011, reuniu escuderias representando gigantes do esporte bretão.

No centro dessa narrativa peculiar, dois ícones do futebol brasileiro, o Sport Club Corinthians Paulista e o Clube de Regatas do Flamengo, embarcaram nessa jornada de alta velocidade. Longe dos tradicionais gramados, esses clubes se aventuraram com carros monopostos, similares aos da Fórmula 1, em uma disputa global que prometia unir paixões e surpreender os aficionados.

A iniciativa visava capitalizar a imensa base de torcedores dos clubes para atrair um novo público para o esporte a motor, criando uma simbiose entre a velocidade das pistas e a rivalidade dos estádios.

A Convocação Inesperada: Do Campo para as Pistas

A ideia de levar clubes de futebol para o automobilismo parecia, de fato, inovadora. Inicialmente, o Flamengo foi o primeiro a receber o convite para a edição inaugural do certame. A organização, buscando expandir a representatividade sul-americana, sondou outras equipes, e embora a participação do Boca Juniors tenha sido ventilada, foi o Corinthians quem assegurou a segunda vaga brasileira na competição. A adesão dos clubes não foi apenas simbólica; era uma aposta ousada em um formato inédito.

A chegada do Timão ao grid foi recebida com a habitual confiança alvinegra. Naquela época, o então presidente do clube paulista, Andres Sanchez, não hesitou em expressar as ambições da equipe, refletindo a mentalidade vencedora que permeia o Corinthians :

"- Assim como foi com o Flamengo, fomos escolhidos e vamos fazer bonito. Como tudo no Corinthians, entraremos para ganhar o título."

Essa declaração, carregada de otimismo, estabelecia o tom para a participação corintiana. A temporada de estreia, em 2008, contou com a presença de dezoito equipes, abrangendo clubes da Europa, Ásia e, claro, da América do Sul. Nomes de peso como Liverpool e Milan estavam no grid, cada um com seus carros adornados pelas cores e escudos que os consagraram no futebol, proporcionando um espetáculo visualmente único para os espectadores.

Máquinas e Mestres: A Competição e Seus Protagonistas

A Fórmula Superliga se notabilizava por sua abordagem equitativa no que diz respeito aos veículos. Todos os carros eram tecnicamente idênticos, equipados com motores V12 que entregavam impressionantes 750 cavalos de potência. Essa padronização garantia que a diferença no desempenho fosse, em grande parte, atribuída à perícia dos pilotos e à estratégia das equipes, e não a vantagens tecnológicas inerentes ao equipamento. Além do prestígio de representar um clube de futebol, os competidores disputavam uma premiação considerável: um milhão de euros para os vencedores de cada prova, o que adicionava um incentivo financeiro significativo à disputa.

A escolha dos pilotos foi um capítulo à parte. O Flamengo, por exemplo, considerou diversos nomes para conduzir seu monoposto. Em um momento de descontração, o então vice-presidente de marketing, Ricardo Hinrichsen, chegou a brincar sobre a possibilidade de Rubens Barrichello, um nome de peso na Fórmula 1, não ser escalado por ser torcedor do Vasco. No fim, a responsabilidade de representar o Rubro-Negro coube a Tuka Rocha, piloto paulista que foi formalmente apresentado na Gávea, vestindo a camisa 7 personalizada do clube.

Pelo lado do Corinthians , a missão de pilotar o carro alvinegro foi entregue a Antonio Pizzonia. Com passagens por equipes de Fórmula 1 como Jaguar e Williams, Pizzonia trazia consigo a experiência necessária para o desafio, apesar da curiosidade de ser um torcedor declarado do São Paulo, rival histórico do Corinthians . Essa escolha sublinhava a busca por profissionais de alto nível, independentemente de suas preferências clubísticas no futebol.

Resultados e Desempenho: O Legado nas Pistas

Apesar da pompa e das expectativas, o desempenho inicial das equipes brasileiras na Fórmula Superliga não refletiu o domínio que costumam exercer nos gramados. Na temporada de estreia, em 2008, o Flamengo encerrou o campeonato na décima sexta posição geral, tendo como melhor resultado um segundo lugar em uma das corridas disputadas em Donington Park. O Corinthians obteve um desempenho ligeiramente superior, finalizando em nono lugar no geral, com um segundo lugar em Jerez, na Espanha, como seu ponto alto. O título da temporada inaugural ficou com a equipe chinesa do Beijing Guoan.

Em 2009, o Flamengo buscou reforçar sua performance com a contratação de Enrique Bernoldi, ex-piloto da F1 pela equipe Arrows. Contudo, a mudança não alterou significativamente a posição da equipe, que novamente ficou na décima sexta colocação. O Corinthians , por sua vez, demonstrou uma leve melhora, concluindo a temporada em oitavo lugar. O campeão daquele ano foi o Liverpool, que levou o troféu para a Inglaterra.

A participação de equipes brasileiras na Fórmula Superliga perdurou até 2010. Naquele ano, o Flamengo optou por uma rotação de pilotos estrangeiros, com o inglês Duncan Tappy, o francês Franck Perera e o espanhol Andy Soucek revezando-se ao volante. O Corinthians , por sua vez, foi representado pelo holandês Robert Doornbos, outro ex-piloto de Fórmula 1 com passagens por Minardi e RBR. Essa temporada marcou uma melhora para o Rubro-Negro, que ascendeu para a sexta posição geral, enquanto o Timão finalizou em décimo segundo. O título da temporada de 2010 foi conquistado pelo Anderlecht, da Bélgica.

Abaixo, um resumo do desempenho das equipes brasileiras na Fórmula Superliga:

Temporada Equipe Posição Final Melhor Resultado Piloto(s) Principal(is) Vencedor da Temporada
2008 Flamengo 16º 2º em Donington Tuka Rocha Beijing Guoan
Corinthians 2º em Jerez Antonio Pizzonia
2009 Flamengo 16º - Enrique Bernoldi Liverpool
Corinthians - Antonio Pizzonia
2010 Flamengo - Duncan Tappy, Franck Perera, Andy Soucek Anderlecht
Corinthians 12º - Robert Doornbos

O Declínio de uma Visão: O Fim da Superliga

A Fórmula Superliga, apesar de sua proposta inovadora, enfrentou desafios que culminaram em seu encerramento precoce. Em 2011, a competição passou por uma mudança significativa de formato após o término do contrato com seu principal patrocinador. A nova abordagem previa que os carros representariam países, e não mais clubes de futebol. Foi nesse contexto que uma "equipe Brasil" foi formada, novamente com Antonio Pizzonia no cockpit.

Contudo, essa transição não ocorreu sem atritos. Um desenho preliminar do carro da equipe Brasil, que curiosamente apresentava o escudo do Corinthians e tinha o verde como cor predominante, gerou certo desconforto, dada a rivalidade clubística e a identificação do Corinthians com as cores preta e branca. Esse episódio ilustra as complexidades de se tentar fundir identidades tão fortes como as dos clubes de futebol em um novo contexto.

A última temporada da Fórmula Superliga foi marcada por uma série de problemas organizacionais. Pistas que não estavam prontas para receber as corridas e o cancelamento de eventos, incluindo duas provas no Brasil, minaram a credibilidade do campeonato. De nove etapas planejadas, apenas duas foram efetivamente realizadas, evidenciando uma desorganização insustentável. Diante de tantos obstáculos, a Fórmula Superliga, que prometia ser um marco na intersecção entre futebol e automobilismo, encerrou suas atividades no final de 2011, deixando para trás uma história curiosa e um exemplo de como a inovação no esporte pode ser tanto promissora quanto desafiadora.

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Patrícia

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Comentado em 24/06/2025 15:22 Sempre foi brabo, mesmo fora do futebol.
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Comentado em 24/06/2025 13:52 Vai Corinthians! Se a gente já manda no futebol, imagina se tivesse mais foco nessa Fórmula Superliga, hein kkkk!
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