Corinthians: Dorival Júnior e as Mudanças Cruciais em Um Turno – Análise Detalhada

Naquela noite de abril, o Maracanã testemunhou um revés contundente: um 4 a 0 aplicado pelo Flamengo sobre o Corinthians, marcando a estreia, ainda que das tribunas, de Dorival Júnior. Agora, um turno completo do Campeonato Brasileiro se passou, e o mesmo técnico dirige a equipe à beira do gramado da Neo Química Arena. A questão que se impõe é: o que, de fato, se alterou desde então?

O Desempenho Contraditório no Campeonato Brasileiro

Apesar da passagem de um período significativo, o aproveitamento do Corinthians no Brasileirão sob a batuta de Dorival Júnior permanece aquém do ideal. O registro aponta para cinco vitórias, sete empates e seis derrotas, culminando em um aproveitamento de apenas 40,7%. Tal desempenho mantém a equipe em uma posição intermediária na tabela de classificação, sem a almejada ascensão.

Entre junho e julho, o coletivo alvinegro atravessou sua fase mais delicada na competição nacional. Nesse intervalo, a equipe obteve apenas uma vitória, acompanhada por quatro empates e duas derrotas, evidenciando uma notável inconsistência.

A Trajetória Impecável na Copa do Brasil

Em contraste com a performance no Campeonato Brasileiro, a jornada do Corinthians na Copa do Brasil se desenhou de maneira completamente distinta e amplamente vitoriosa. A equipe alcançou as semifinais do torneio, onde terá o Cruzeiro como adversário, demonstrando uma capacidade de superação e foco notáveis.

Desde sua entrada na terceira fase da competição, o time de Dorival Júnior acumulou uma sequência de triunfos incontestáveis. Eliminou o Novorizontino, o Palmeiras e, mais recentemente, o Athletico, consolidando uma campanha exemplar.

Um aspecto ainda mais impressionante é a solidez defensiva exibida. O Corinthians não sofreu gols em nenhum de seus confrontos na Copa do Brasil. As vitórias sobre o Novorizontino foram ambas por 1 a 0, o Palmeiras foi superado por 1 a 0 e 2 a 0, e o Athletico foi despachado com triunfos por 1 a 0 e 2 a 0, sublinhando a eficiência do sistema defensivo.

Evolução Tática e Adaptações de Elenco

Apesar de seu discurso público focar na simplicidade e na execução do "arroz com feijão", Dorival Júnior não se furtou a experimentar diferentes arranjos táticos. Sua passagem pelo Corinthians teve início com um 4-3-3, evoluiu para um 4-4-2 e, mais recentemente, tem se consolidado em um 3-5-2, que se transforma em um 5-4-1 em momentos de contenção defensiva.

Essas modificações táticas vieram acompanhadas de adaptações individuais. Angileri, por exemplo, um lateral-esquerdo de origem, foi reposicionado para atuar como zagueiro. No setor de criação, Breno Bidon emergiu como o principal substituto de Garro na função de armador, especialmente após a saída de Igor Coronado. O próprio técnico já expressou que não visualiza o camisa 27 como um volante, posição que o atleta historicamente ocupou.

Desafios e Contratempos: Lesões e Ausência de Reforços

A estabilidade do elenco foi severamente comprometida por uma onda de contusões ao longo dos últimos cinco meses. Dorival Júnior viu uma parcela considerável de seus atletas enfrentar problemas físicos, incluindo nomes como Memphis, Yuri Alberto, Garro , Carrillo, Matheuzinho, José Martínez, Raniele, Gustavo Henrique, Charles e Hugo, o que certamente dificultou a manutenção de uma base consistente.

Paralelamente, a equipe lidou com a ausência de reforços significativos. Com a exceção de Vitinho, que chegou sem custos, o Corinthians não realizou contratações na última janela de transferências. A escassez de recursos financeiros foi agravada por um "transfer ban" imposto pela dívida com o Santos Laguna, do México, referente à aquisição de Félix Torres. O treinador, conforme manifestado, esperava contar com, no mínimo, quatro novas peças para qualificar o plantel.

Em um panorama de contrastes, enquanto a equipe alvinegra experimenta a glória e a consistência na Copa do Brasil, o cenário na Copa Sul-Americana foi de decepção. O Corinthians não conseguiu sequer avançar da primeira fase na competição continental, cedendo as vagas no mata-mata para Huracán e América de Cali, demonstrando uma inaptidão em outra frente internacional.