- FuTimão
- Corinthians: Conselho Revela Investigacoes, Projeta 'Padrão Flamengo' e Desafios Internos
Corinthians: Conselho Revela Investigacoes, Projeta 'Padrão Flamengo' e Desafios Internos
Por Redação FuTimão em 01/08/2025 18:34
Em um pronunciamento que reverberou intensamente no cenário esportivo, Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, expressou publicamente a aspiração do clube em alcançar um nível de excelência comparável ao do Flamengo. A declaração, proferida durante uma coletiva de imprensa no Parque São Jorge, surge em um momento de profunda efervescência política e administrativa na instituição.
A fala de Tuma Júnior, que durou mais de uma hora, abordou uma gama diversificada de temas cruciais para o futuro alvinegro: desde a tão debatida reforma estatutária, passando pelas investigações sobre o suposto uso indevido de recursos do clube por ex-presidentes, até o andamento do processo de impeachment contra Augusto Melo e as pendências financeiras de torcidas organizadas com o Timão.
A frase que mais capturou a atenção do público e da imprensa foi dita ao final de sua explanação, ao discorrer sobre a urgência de reerguer o Corinthians a uma posição de destaque no futebol brasileiro. Tuma Júnior foi enfático ao afirmar: "A gente quer ser um Flamengo, e vamos ser!". O comentário reflete um desejo de superação e uma busca por um modelo de gestão e performance que inspire confiança e resultados.
A Ambição Corinthiana: Rumo ao Patamar de Gigante
A intenção de "renascer das cinzas" e "voar com águia" é um clamor por uma guinada decisiva, especialmente diante do iminente processo de impeachment que pode destituir o atual presidente, Augusto Melo. Tuma Júnior prometeu agilidade na convocação de uma reunião do Conselho Deliberativo para a escolha de um novo líder, caso o impeachment se concretize no próximo sábado, dia 9, durante a assembleia de sócios.
A celeridade no processo sucessório, conforme garantiu o presidente do Conselho, visa minimizar a instabilidade e permitir que o clube retome sua trajetória com maior foco e direcionamento. A transição, se ocorrer, é vista como um passo fundamental para virar a página e iniciar uma nova fase.
Paralelamente à questão da governança, as denúncias de que ex-presidentes, como Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves, teriam utilizado verbas corintianas para despesas pessoais, estão sob o escrutínio da comissão jurídica do Conselho. Tuma Júnior assegurou que esses casos serão minuciosamente investigados, destacando a complexidade e a prioridade dessas apurações internas.
Transparência e Responsabilização: O Foco do Conselho
O presidente do Conselho enfatizou a existência de duas comissões de ética atuando, uma focada em uma invasão recente e outra dedicada a diversas outras pendências que, segundo ele, se encontravam paralisadas. "Os casos vão andar paralelamente, mas o caso do cartão o Conselho apura infração estatutária, não crime. O cartão não tem regulamento, o estatuto não prevê nada. Vamos apurar tudo, quem vai julgar é o Conselho. Temos que apurar, chamar o financeiro, entender quem pode ter cartão", explicou Tuma Júnior, diferenciando a competência do Conselho da esfera criminal.
Ele também antecipou que recomendará à diretoria executiva o fim do uso de cartões corporativos, uma medida que visa aprimorar o controle financeiro e evitar futuras controvérsias. A postura do Conselho é de total abertura para investigar todas as movimentações, buscando clareza e responsabilização.
Questionado sobre a possibilidade de levar denúncias à Polícia, Tuma Júnior esclareceu que essa atribuição não compete ao Conselho Deliberativo. "Sobre o Boletim de Ocorrência, não compete ao Conselho Deliberativo fazer. Por que vou fazer B.O. de apropriação indébita? O Andrés mandou ofício para mim, disse que tinha uma despesa no nome dele e que não foi avisado. Ele chegou e pagou. Poderia se esconder. Isso é confissão? Não sei se é. Não sei se é apropriação indébita. Não estou defendendo, mas estou dizendo que não é caso do Conselho Deliberativo fazer B.O. Não sei se o crime está configurado, quem vai dizer se está configurado é o Ministério Público. Não me cobraram para caramba no caso do Augusto de esperar inquérito? Como vamos ter um presidente réu com o clube como assistente de acusação? Como isso? O Corinthians não apura crime, apura infração estatutária", ponderou.
A Complexidade das Apurações Internas
O presidente do Conselho ressaltou a cautela necessária em tais processos, afirmando que "Demanda muito entendimento, o clube está fazendo isso para avaliar se vale ou não fazer o B.O. O doutor Pantaleão tem sido importante, sabe o que está fazendo, está apurando. Não podemos assassinar a reputação das pessoas." Essa abordagem indica um compromisso com a justiça e a devida apuração dos fatos antes de qualquer conclusão precipitada.
A pressão exercida por parte da torcida para uma reforma estatutária foi outro ponto abordado, com Tuma Júnior revelando as dificuldades e resistências inerentes a essa pauta. "Não teve impacto algum. Sempre foi algo muito difícil. Quanto mais pressão faz, mais medo. Imagina quando eles (organizadas) tiverem poder de decisão. Aquela invasão que teve há um mês, quando trancaram o portão, tinha criança aqui dentro. O pessoal vem aqui, amedronta a gente e ainda vai votar? Essa pressão provoca medo. Tem prazo estatutário para tudo. Falo com bastante franqueza. Tem muita gente que não quer reforma. O ex-presidente, por exemplo, não fez nenhuma proposta na reforma. Procurei três vezes, mas ele nunca disse. Ele (Augusto) nunca disse: 'acho importante o Fiel torcedor votar'", disse Tuma Júnior, evidenciando as complexas dinâmicas internas.
A primeira proposta para que torcedores do Fiel Torcedor tivessem poder de voto, surpreendentemente, partiu dos vitalícios, segundo Tuma Júnior. "A primeira proposta escrita de colocar os torcedores do Fiel Torcedor para votar, sabe de quem foi? Dos vitalícios. Eles tiveram coragem de propor. Tem muita narrativa que não é verdade, mas tudo bem. O atraso nos serviu em algumas coisas. Temos que criar uma regra de pagamento de ressarcimento", detalhou, sugerindo que o tempo pode ter permitido amadurecer certas ideias.
O Custo da Desorganização: Ingressos e Influência Externa
Uma das revelações mais contundentes diz respeito à distribuição de ingressos. Tuma Júnior expôs um "absurdo de distribuição de ingressos de forma equivocada, irregular e até ilegal". Os números apresentados são alarmantes e indicam uma perda significativa de receita para o clube, além de alimentar o cambismo.
Categoria de Irregularidade | Quantidade de Ingressos | Observação |
---|---|---|
Distribuição Irregular Detectada | 8.200 | Fora do sistema Fiel Torcedor |
Cortesias Cortadas (Jogo vs. Palmeiras) | 1.040 | |
Ingressos Excluídos do Fiel Torcedor | ~4.000 | |
Outros Ingressos de Várias Áreas | 2.500 | |
Fiel Zone a Mais (Fora do Contrato) | 300 | |
Distribuição de Ingressos em Camarotes (Sem Contrato) | 500 | |
Total Estimado de Perda por Jogo | R$ 1 milhão (A grosso modo) |
"A gente supõe que tinha uma rede de cambismo antes desse trabalho hercúleo que foi feito. Imagina com esses sete mil ingressos que estavam alimentando rede de cambismo o quanto esses caras estavam ganhando?! Nós não estamos passando a limpo? É para passar a limpo tudo. Na época do Andrés, ele deu R$ 3 milhões para a torcida, que não pagou até hoje. Quer dar benefício para alguém, não é o presidente que tem que fazer isso. Senão, vira esquema. Quer fazer as coisas? É institucionalmente. Presidente quer dar presente, facilidade, cortesia? Passa no Conselho, no Cori, no Conselho Fiscal", criticou, defendendo a institucionalização de qualquer benefício ou cortesia para evitar desvios e garantir a transparência.
Gestões Sob o Escrutínio: Passado e Presente
Tuma Júnior também abordou a suposta proteção a Andrés Sanchez e as críticas à atual gestão. "Nem o Andrés, que eu fiquei no pé 16 anos, fui na Justiça contra ele. Hoje falam que eu sou cria da Renovação e Transparência. Sabe o que tenho de similaridade com a Renovação e Transparência? As iniciais: RT. Mas ele sempre me respeitou. Eu nunca sofri com a Renovação e Transparência o que senti na gestão do Augusto Melo. Eu deixei de ser candidato a presidente para unir a oposição. Se eu imaginasse que com um dia de mandato ele iria roubar o Corinthians , eu jamais desistiria da minha candidatura. E estou vendo ainda a possibilidade de ele voltar. Se ele voltar, sabe o que vai acontecer? Temos seis impeachments ainda para votar. Aí vai ser: afasta, volta, afasta, volta. Ou a gente vira a página dia 9, ou esquece, fecha isso aqui e vamos embora. Vocês deveriam apurar uma reunião que teve ontem muito grave, a pedido dele... Não vou falar mais senão não chego em casa hoje", desabafou, revelando uma profunda decepção com a atual gestão.
A situação de Augusto Melo foi novamente posta em xeque, com Tuma Júnior questionando a disparidade de tratamento entre as acusações. "A polícia disse que o cara (Augusto) roubou, o Ministério Público pediu que ele fosse réu e a Justiça aceitou a denúncia. Quando o presidente vai devolver os R$ 40 milhões que o Ministério Público exige que ele devolva para o clube. Estamos cobrando o cara que deve R$ 10 mil (Andrés) e o cara que deve R$ 40 milhões não? O cara que construiu o estádio vai ser expulso e o cara que é sócio do Alex Cassundé é presidente?", questionou, levantando sérias dúvidas sobre a equidade nas apurações.
Sobre as notas de empresa de fachada na gestão Duilio, Tuma Júnior foi direto: "Se você tiver a nota, leva no jurídico que eles vão fazer o B.O. Ninguém vai encobrir nada aqui, se tiver a nota lá e não existe mercado, certamente vão abrir. Pode entregar para mim que eu levo. Ficou de fora nessa apuração do Ministério Público algo que vocês do ge noticiaram. Vocês noticiaram que o COAF apontou o uso de cartão do clube, ele viu movimentações atípicas no uso do cartão do Corinthians . Não vi nada sobre isso, vou levar ao Ministério Público isso. Eu não posso investigar, quando eu for para o Ministério Público, farei questão de levar essa notícia de vocês, que é grave."
O Futuro Institucional: SAF e a Necessidade de Reforma Profunda
Por fim, a discussão sobre a migração para o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) foi abordada com ceticismo. Tuma Júnior expressou a convicção de que um estatuto, por si só, não será suficiente para sanar todos os problemas do clube. "Não vamos conseguir fazer um estatuto que abarque todos os problemas que temos. Tem que vir uma lei federal para proteger o clube, obrigar os dirigentes a apresentar contas. As decisões são políticas. Aqui é luta política. Não queriam reformar o estatuto para não mexer na eleição. Se não vier uma lei, não vamos conseguir mudar nada. A SAFiel tem interesses, deram dinheiro para a campanha do ex-presidente. O Corinthians não vai ser SAF. SAF é modelo de sucesso? Me fala duas aí. O Corinthians não nasceu para ser entreposto de empresário, tem sido usado, mas não nasceu para isso. Espero que o Corinthians renasça no próximo sábado", concluiu, ressaltando a natureza política das decisões e a esperança de uma verdadeira renovação para o Corinthians .
Curtiu esse post?
Participe e suba no rank de membros