Corinthians: COAF Investiga Origem de R$ 20 Milhões Pagos à PixBet - Detalhes Exclusivos

O Sport Club Corinthians Paulista, uma das agremiações esportivas mais tradicionais do Brasil, encontra-se novamente no centro de uma complexa teia de questionamentos financeiros. Desta vez, o foco recai sobre a procedência de um vultoso pagamento efetuado pelo clube à sua antiga patrocinadora, a PixBet. Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) sugerem que uma parcela significativa desses recursos pode ter se originado de uma entidade empresarial com um histórico de movimentações financeiras consideradas duvidosas, levantando sérias indagações sobre a transparência das operações.

A situação adquire contornos ainda mais preocupantes ao se considerar o contexto de instabilidade que há tempos permeia as finanças do clube alvinegro. As revelações do COAF adicionam uma camada de complexidade a um cenário já intrincado, demandando uma análise criteriosa das transações e dos envolvidos.

As Pendências Financeiras e o Litígio com a PixBet

Para compreender a relevância da recente investigação, é fundamental revisitar o histórico de disputas entre o Corinthians e a PixBet. Em outubro do ano passado, o clube paulista viu suas contas serem alvo de uma determinação judicial de penhora no valor de R$ 21,4 milhões. A medida foi uma consequência direta do descumprimento de um acordo prévio firmado com a casa de apostas, que anteriormente figurava como patrocinadora principal.

O imbróglio teve início em fevereiro, quando o Corinthians havia se comprometido a saldar uma dívida total de R$ 40,1 milhões à PixBet, acrescidos de R$ 4 milhões destinados aos honorários advocatícios da empresa. No entanto, segundo a própria PixBet, o clube honrou apenas as sete primeiras parcelas deste compromisso, que incluíam uma entrada inicial de R$ 6 milhões e seis pagamentos subsequentes de R$ 3,1 milhões cada. A falha no pagamento da parcela programada para 16 de setembro de 2023 foi o estopim que levou a PixBet a buscar novamente a intervenção da Justiça, culminando na penhora mencionada.

Foto: (Divulgação)

A Nova Parceria e a Necessária Rescisão Contratual

O cenário se transformou com a chegada da VaideBet, uma nova e robusta parceria de patrocínio anunciada pelo Corinthians em 7 de janeiro de 2024. A formalização deste novo acordo, contudo, impôs ao clube a necessidade de rescindir o vínculo anterior com a PixBet. O contrato com a antiga patrocinadora, válido até 2025, previa uma cláusula de exclusividade no segmento de apostas esportivas, o que impossibilitava a coexistência das duas marcas no uniforme.

Além da cláusula de exclusividade, a PixBet exigia a restituição de uma parte do montante que havia sido pago de forma antecipada ao Corinthians . No final de 2022, a empresa havia se comprometido a desembolsar R$ 30 milhões para o clube em duas parcelas: uma à vista e a outra em janeiro de 2023. A saída da marca do uniforme corintiano, em virtude do acordo com a VaideBet, naturalmente desencadeou a cobrança da multa por quebra de contrato e a devolução de valores.

A Intervenção do COAF: Rastreando a Origem dos Fundos

É neste ponto que a investigação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) se insere, revelando uma dimensão potencialmente mais complexa. A análise financeira conduzida pelo órgão sobre as transações do Corinthians indicou que uma parcela dos valores utilizados para quitar a obrigação com a PixBet pode ter tido uma origem questionável, proveniente de uma empresa sob suspeita de "ocultar recursos financeiros".

O COAF, em seu relatório, expressa claramente a natureza da suspeita:

"Suspeita-se que a empresa analisada poderia estar movimentando recursos de terceiros, com possível ocultação/dissimulação de recursos e outros ilícitos financeiros que possam se relacionar."

Esta declaração ressalta a gravidade das observações do órgão de controle, apontando para a possibilidade de operações destinadas a mascarar a verdadeira fonte e destino dos recursos, ou a identidade dos responsáveis por essas movimentações.

OTSAFE: O Centro das Suspeitas e os Fluxos Financeiros Incomuns

A empresa identificada pelo COAF como possível remetente dos fundos suspeitos é a OTSAFE, sediada em Curitiba (PR). A suspeita é de que a OTSAFE teria sido a responsável por transferir R$ 20 milhões para o Corinthians , especificamente para o pagamento da multa rescisória à PixBet. O COAF notou que a OTSAFE, apesar de operar em apenas três salas no centro da capital paranaense, realizou transações financeiras "com valores bem acima do faturamento da empresa", um indicativo de atividade financeira atípica que levanta bandeiras vermelhas para as autoridades de controle.

A investigação do órgão também revelou uma conexão intrigante: a OTSAFE mantém transações com a ZenetPay, que é a empresa responsável pela gestão de sites de apostas, incluindo a VaideBet, a nova patrocinadora do Corinthians . Essa ligação, embora não seja, por si só, uma prova de irregularidade, adiciona uma camada de complexidade e demanda maior escrutínio sobre o fluxo de capitais entre as partes envolvidas.

De acordo com as análises do COAF, o Corinthians teria recebido os R$ 20 milhões em quatro distintas operações via Pix, todas efetuadas no dia 8 de janeiro de 2024. A distribuição dos valores, conforme detalhado pelo órgão, foi a seguinte:

O Cenário de Incertezas e as Próximas Etapas

As revelações do COAF inserem o Corinthians em um novo epicentro de investigações, com implicações que podem ir além das questões contratuais e financeiras. A menção de "ocultação/dissimulação de recursos e outros ilícitos financeiros" por parte do órgão de controle sugere a seriedade das suspeitas e a necessidade de uma apuração aprofundada por parte das autoridades competentes.

Para o clube, a situação exige máxima transparência e colaboração com os órgãos investigativos. A reputação e a credibilidade da instituição estão em jogo, e a capacidade de esclarecer a origem e o destino de cada centavo será crucial para navegar este período de incerteza e reafirmar seu compromisso com a integridade.