Corinthians: Auditoria Expõe Desvios de Materiais Nike e Demissão por Venda Clandestina

Uma minuciosa investigação interna no Sport Club Corinthians Paulista desvendou uma série de irregularidades na gestão de materiais esportivos fornecidos pela Nike. O processo culminou, entre outras ações, na recente decisão de desligar um funcionário envolvido na comercialização ilícita de produtos do clube.

O colaborador, que atuava no setor de limpeza do Parque São Jorge, foi identificado como peça central na ponta de um possível esquema de venda clandestina de itens oficiais. A auditoria revelou que as vendas ocorriam tanto nas dependências do clube quanto externamente, levantando sérias questões sobre o controle interno.

Para atestar a veracidade das denúncias, o relatório da auditoria detalha a aquisição de duas camisas em 10 de outubro, cada uma por R$ 150, totalizando R$ 300, pagos via Pix diretamente para a conta do funcionário. Três dias depois, em 13 de outubro, uma terceira camisa, modelo roxo da coleção 2025, foi comprada por R$ 180. A investigação confirmou a originalidade e a propriedade das três peças comercializadas, validando as acusações.

O Desfecho do Caso: Confissão e Desligamento

A gravidade dos indícios levou os auditores a informar o presidente Osmar Stabile em 14 de outubro. O presidente agiu prontamente, acionando as áreas competentes e confrontando o funcionário no Parque São Jorge. Confrontado, o profissional "reconheceu a participação no ato, confessando seu envolvimento no ocorrido", conforme registrado no relatório.

Após análise pelo departamento jurídico e subsequente deliberação da diretoria administrativa, o clube decidiu pela demissão do funcionário. A formalização do desligamento está prevista para esta quarta-feira, conforme noticiado inicialmente pelo UOL. O documento da auditoria, contudo, não aprofunda detalhes sobre a origem dos produtos que o funcionário vendia, sugerindo a existência de um esquema mais amplo.

Além do caso específico do funcionário, a auditoria encomendada pela presidência do Corinthians revelou uma gama de falhas estruturais na administração dos artigos esportivos da Nike. O relatório destaca, por exemplo, que a retirada de itens excedeu em quase 300% a cota anual contratual, indicando um descontrole significativo.

As Graves Irregularidades na Gestão de Materiais Esportivos do Timão

Paradoxalmente, enquanto há um excesso de materiais retirados, equipes das categorias de base e de outras modalidades esportivas são forçadas a utilizar uniformes em condições precárias ou, em alguns casos, nem sequer os recebem, evidenciando uma distribuição desigual e ineficiente. O relatório de auditoria classificou sete ocorrências como de alta gravidade, revelando a extensão dos problemas:

No centro de algumas dessas inconformidades está o vice-presidente Armando Mendonça, responsável pela gestão dos materiais. O documento aponta sua "retirada direta de itens sem registro formal ou autorização prévia", colocando-o em uma posição de destaque nas ações consideradas problemáticas.

Próximos Passos: O Conselho Deliberativo e a Apuração dos Fatos

Adicionalmente, o relatório descreve que Mendonça "demonstrou tom de preocupação em relação ao andamento dos trabalhos de auditoria" e empregou "expressões de natureza agressiva e alusões interpretadas como ameaças" em diálogos com Marcelo Munhoes, diretor de Tecnologia e líder da auditoria, indicando um ambiente de tensão durante o processo investigativo.

Diante das revelações, o presidente do Corinthians encaminhou o relatório para a avaliação das comissões do Conselho Deliberativo. Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho, direcionou a documentação à Comissão de Justiça, que será encarregada de apurar os fatos. O acompanhamento será feito por Leonardo Pantaleão, presidente da Comissão de Ética, para avaliar a necessidade de futuras intervenções disciplinares, garantindo a transparência e a responsabilização.