Contrato milionário: Augusto Melo deixa Corinthians sob nuvem de suspeitas

A administração interina do Sport Club Corinthians Paulista, agora sob a liderança de Osmar Stabile, depara-se com desafios significativos, entre eles, a análise minuciosa do legado deixado pela gestão recém-afastada. Uma das primeiras e mais notáveis ações da nova cúpula foi a exoneração de diversos membros da diretoria anterior, incluindo Marcos Boccatto, que desempenhava a função de superintendente de novos negócios. Contudo, o desligamento de Boccatto revelou uma situação intrigante que lança sombras sobre os derradeiros momentos da presidência de Augusto Melo.

O Desligamento Controverso e Seus Efeitos

Revelações recentes, inicialmente divulgadas pela Gazeta Esportiva, indicam que poucas horas antes de seu desligamento oficial da presidência corintiana, ocorrido em 26 de maio, Augusto Melo firmou um aditivo contratual que hoje gera grande apreensão e questionamentos nos corredores do Parque São Jorge. Este documento, assinado por Melo e pelo próprio Marcos Boccatto no exato dia em que o Conselho Deliberativo chancelou o impedimento do então mandatário, elevou dramaticamente a cláusula de rescisão do superintendente. O valor, que antes se situava em R$ 25 mil, foi triplicado, atingindo a cifra de aproximadamente R$ 75 mil.

A assinatura deste aditivo não foi um ato isolado, contando com a presença de duas testemunhas. Foram elas: Dayna Nassif Barossi, que atuava como assessora direta de Melo, e Adalberto Garcia Gregui, figura responsável pela gestão operacional da Neo Química Arena. A rapidez e o timing da assinatura, coincidindo com o processo de afastamento de Melo, são elementos que naturalmente levantam questionamentos sobre as motivações por trás de tal movimento.

Detalhes do Aditivo Questionável

O aspecto mais perturbador deste aditivo é a aparente ausência de uma análise prévia pelo departamento jurídico do próprio clube. Tal omissão, em um contrato que envolve valores e implicações financeiras, levanta sérias dúvidas quanto à sua validade legal e à intenção por trás de um ato tão significativo, realizado no "apagar das luzes" de uma administração prestes a ser destituída. A urgência e a falta de transparência na tramitação deste documento são pontos que merecem rigorosa investigação por parte das instâncias internas do Corinthians .

A figura de Marcos Boccatto, por sua vez, não é estranha aos holofotes das controvérsias recentes que assolaram o clube. Seu nome já havia emergido nas investigações relacionadas ao "Caso VaideBet", onde, segundo apurações, ele teria desempenhado um papel na intermediação de recursos para a campanha eleitoral de Augusto Melo, supostamente com o auxílio de agências de jogadores. Um inquérito da Polícia Civil chegou a apontar sua atuação em conjunto com indivíduos próximos à antiga presidência, o que, em tese, poderia configurar a prática de tráfico de influência.

Conexões Perigosas e Investigações em Curso

Diante desses indícios, a diretoria interina pondera a abertura de uma ampla investigação interna para mapear e analisar outros possíveis aditivos contratuais firmados por Augusto Melo em seus momentos finais no comando. Casos paralelos, como o da empresa RF Segurança e Serviços, que obteve contratos para operar tanto no Parque São Jorge quanto na Neo Química Arena, também estão sob o crivo da nova gestão, buscando identificar quaisquer irregularidades ou favorecimentos que possam ter ocorrido.

Ao serem questionados sobre o assunto, Augusto Melo e Dayna Barossi optaram por invocar a proteção da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), recusando-se a tecer comentários adicionais sobre a questão. "Não tenho nada a me manifestar", afirmou Dayna. O Sport Club Corinthians Paulista, por sua vez, tem mantido uma postura de cautela, abstendo-se de pronunciamentos oficiais até o momento em que as apurações internas possam avançar e trazer maior clareza.

O Silêncio da Antiga Gestão e os Próximos Passos

A diretoria interina, contudo, demonstra determinação em escrutinar cada documento e decisão da gestão anterior, visando blindar o clube de futuras instabilidades jurídicas e administrativas. O objetivo primordial é restaurar a confiança de sua vasta e apaixonada torcida, garantindo que a integridade e a transparência prevaleçam na administração do Alvinegro. Os próximos meses serão cruciais para a elucidação desses fatos e para a definição dos rumos que o Corinthians tomará em sua busca por estabilidade e sucesso.