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Contrato Braziline: Entenda a Disputa que Desafia a Diretoria do Corinthians

Por Redação FuTimão em 18/07/2025 05:42

Um acordo de licenciamento, firmado entre o Sport Club Corinthians Paulista e a empresa Braziline em setembro de 2024, tornou-se o epicentro de um atrito significativo envolvendo o vice-presidente do clube, Armando Mendonça. Este contrato, que previa a produção de vestuário, tem gerado mais do que apenas produtos: ele tem provocado um racha interno na gestão alvinegra.

A marca de roupas, conforme os termos iniciais, já efetuou o repasse de R$ 1 milhão ao clube, dividido em quatro parcelas de R$ 250 mil, referentes à Garantia Mínima. No entanto, a despeito dos pagamentos, nenhum dos itens desenvolvidos pela empresa até o momento obteve a aprovação necessária para serem comercializados.

Relatos obtidos por apuração indicam que os setores de marketing, licenciamento e lojas do Corinthians identificaram uma série de deficiências nas peças. Entre as falhas apontadas estão acabamento inadequado, costuras defeituosas e a aplicação incorreta do escudo. A coleção apresentada sequer alcançou a etapa final de validação, que inclui a submissão à Nike, parceira técnica do clube.

Adicionalmente, vozes do mercado têxtil, consultadas pela reportagem, ecoam experiências desfavoráveis com a Braziline. Foram citadas vendas de itens sem o selo de autenticidade, discrepâncias entre os produtos aprovados e os efetivamente entregues, além de um histórico de reclamações constantes por parte dos consumidores.

O Caminho da Rescisão e a Intervenção da Vice-Presidência

Diante desse cenário, em janeiro de 2025, o departamento de marketing do Corinthians convocou uma reunião com os representantes da Braziline e formalizou a notificação de encerramento do vínculo, utilizando a cláusula contratual de aviso prévio de 90 dias. Àquela altura, um parecer jurídico interno corroborou a rescisão, indicando que o Corinthians não incorreria em qualquer ônus financeiro com o rompimento da parceria.

Contudo, fontes internas do clube revelaram que o processo de desvinculação foi abruptamente interrompido por determinação do vice-presidente Armando Mendonça. Ele teria sugerido que o Corinthians autorizasse a comercialização de parte dos produtos antes do término oficial da colaboração. Tal posicionamento transformou o debate em uma questão de embate político, com Mendonça obstaculizando o rompimento e, de certa forma, "desafiando" os departamentos responsáveis. Como consequência, os pagamentos de garantia por parte da empresa prosseguiram nos meses seguintes.

Quando questionado sobre o andamento da rescisão, o Corinthians , por meio de nota, comunicou que a decisão final caberia ao presidente Osmar Stabile.

A empresa foi contratada durante a gestão Augusto Melo. A checagem reputacional foi realizada pelo compliance, que sinalizou positivamente para o andamento do contrato à época. Sobre a questão de avaliação de operação e qualidade dos produtos, essa foi de responsabilidade do profissional Ricardo Cobra, colaborador do clube à época como responsável do departamento. A rescisão com a Braziline não foi concluída por essa gestão porque, após a saída do presidente afastado, o clube, através dos departamentos jurídico e de marketing, realizou nova avaliação para que uma decisão pudesse ser tomada pelo presidente Osmar Stabile. O Corinthians fará o que for melhor para seus interesses sem deixar de cumprir com suas obrigações e responsabilidades.

A Versão da Braziline e o Dilema do Reembolso

A Braziline, por sua vez, quando procurada, afirmou não ter recebido qualquer comunicação oficial do Corinthians sobre o encerramento do contrato. Carlo Nunes Mossi, diretor de negócios da Braziline, expressou surpresa com a situação:

A Braziline não recebeu nenhum comunicado do Corinthians a este respeito. Ficamos surpresos com esta pergunta, pois no início de 2024 a Braziline foi procurada pelo Corinthians para licenciamento. A negociação durou 9 meses e envolveu a apresentação de produtos, análises e projeções comerciais e financeiras. Depois de tudo aprovado, assinamos o contrato em setembro de 2024. Realmente, já pagamos R$ 1 milhão de garantia mínima, fizemos grandes investimentos para suportar o negócio e, diante disso, estamos tentando evitar a judicialização, principalmente em face do atual momento do clube.

A devolução do R$ 1 milhão à Braziline, referente à Garantia Mínima desembolsada no início do acordo, também se tornou um foco de discórdia entre os departamentos e o vice-presidente. Na ótica de Mendonça, o Corinthians deveria reembolsar a garantia para concretizar o encerramento da parceria de forma amigável. O tema foi pauta em uma reunião entre todas as áreas na semana anterior.

Posteriormente, o vice-presidente notificou o departamento de marketing, estabelecendo o prazo de 17 de julho para a confirmação da viabilidade de reembolso do valor milionário. O marketing, em resposta, manifestou-se apto a antecipar receitas de outras parcerias para restituir integralmente o valor já pago da garantia. Contudo, o sentimento predominante entre os funcionários é de que a rescisão contraria a vontade do vice.

Ricardo Cobra: Um Nome que Permanece na Pauta

O Corinthians , em nova nota, declarou que o presidente Stabile não tinha conhecimento da suposta insistência de Mendonça, tendo tomado ciência do assunto apenas na semana corrente, após a reunião entre os departamentos. O clube reiterou:

A participação do vice-presidente Armando Mendonça na condução do caso junto aos pares jurídico e de marketing do clube aconteceu na intenção de buscar a melhor solução, respeitando o que fora deliberado pelos departamentos responsáveis. O presidente Osmar Stabile tomou conhecimento do tema nesta semana e pediu celeridade para a solução do caso. O presidente também desconhece a suposta insistência do vice-presidente Armando Mendonça e aguarda o parecer final dos profissionais envolvidos para tomar a melhor decisão para o Corinthians.

A complexidade da situação se estende também a Ricardo Cobra, ex-prestador de serviços do Corinthians e figura central na intermediação do contrato com a Braziline. Cobra atuou no clube no início da gestão Augusto Melo e, segundo relatos, intermediou todos os contratos, recebendo comissões mesmo em acordos nos quais não teve participação direta. As condições de seu contrato, inclusive, geraram questionamentos no Conselho Deliberativo, principalmente pela ausência de formalização e pelo volume de comissões acumuladas.

A proximidade entre Cobra e Armando Mendonça também provoca desconforto em parte da diretoria. Cobra foi desligado do clube em agosto de 2024, após pressões internas e repercussão negativa na imprensa. Apesar de sua saída, ele continua a receber pelas intermediações realizadas. Somente no caso da Braziline, ele tem o potencial de faturar até R$ 550 mil, dos quais R$ 75 mil já teriam sido pagos. Sua participação segue sob críticas, especialmente diante dos problemas identificados nos contratos firmados durante sua gestão. O Timão confirmou que o ex-prestador de serviços continua a ser comissionado:

Contratado e desligado durante a gestão Augusto Melo, Ricardo Cobra possuía em contrato cláusulas que garantem o recebimento de comissionamento enquanto perdurarem os contratos das empresas que auxiliou na intermediação.

Qualidade em Debate e o Futuro do Acordo

Em sua defesa, a Braziline ressalta seu pioneirismo e experiência no licenciamento de produtos de futebol, atuando há mais de três décadas. A empresa afirma ser licenciada pelos maiores clubes do Brasil e do mundo, com constantes renovações contratuais e total transparência, o que considera sua principal credencial. Carlo Nunes Mossi, diretor de negócios, reforça:

Nossos produtos estão nas melhores e maiores lojas do Brasil. A qualidade não é subjetiva, mas um dado técnico: nosso índice de devolução é inferior a 1%. Logo, este questionamento não condiz com a verdade, é pura especulação.

A situação, portanto, permanece em aberto, com posições divergentes e um palco de negociações e tensões nos corredores do Parque São Jorge. A decisão final do presidente Osmar Stabile será crucial para definir o desfecho de um contrato que expôs as complexas dinâmicas de poder e as exigências de gestão no Corinthians .

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