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Casal Corintiano Vítima de Homofobia na Neo Química Arena: Um Dérbi Manchado pela Intolerância
Por Redação FuTimão em 01/08/2025 08:13
A celebração de uma vitória em um clássico contra o maior rival é um momento que todo torcedor anseia viver. Contudo, para Lucas Rabelo e Leonardo Maciel, torcedores do Corinthians, a noite da última quarta-feira, marcada pelo Dérbi na Neo Química Arena, transformou-se em uma experiência traumática. O que deveria ser um espetáculo de paixão pelo futebol, culminou em um episódio de homofobia que os forçou a abandonar o estádio antes mesmo do fim do primeiro tempo da partida, que o Timão venceu por 1 a 0.
O casal, que ocupava o setor leste superior do estádio, foi alvo de importunações por parte de outros torcedores do próprio Corinthians . A situação escalou para ameaças de morte, levando-os a buscar segurança e deixar o local no intervalo do jogo. A gravidade dos fatos motivou o registro de um boletim de ocorrência na quinta-feira, e agora a expectativa reside na identificação dos indivíduos envolvidos neste lamentável incidente.
A Escalada da Intolerância: Do Equívoco à Ameaça
Lucas Rabelo, em relato ao ge, detalhou a progressão da hostilidade:
"No fim do primeiro tempo, começaram a nos encarar de forma estranha achando que éramos torcedores do Palmeiras infiltrados. Mostramos fotos nossas no estádio, estávamos vibrando a cada lance, fazendo o poropopó com todo mundo e, claro, torcendo pelo Corinthians". A confusão inicial, porém, rapidamente deu lugar a uma agressão motivada por preconceito.
A percepção de que eram um casal foi o estopim para as ameaças. Lucas descreve o momento de tensão:
"No intervalo, saí para comprar uma pipoca e, quando estava voltando, meu namorado veio na minha direção nervoso e preocupado. Perguntei o que havia acontecido e ele me disse que tínhamos sido ameaçados de morte porque perceberam que éramos um casal. Falaram que iriam nos bater, nos dar soco na cara e que iriam nos matar ali mesmo no estádio". A atmosfera de festa se desfez, substituída pelo medo.
Desamparo e Abandono: A Busca Frustrada por Apoio
Apesar da gravidade das ameaças, o casal não praticou qualquer tipo de afeto público que pudesse ter sido "mal interpretado". Lucas enfatizou:
"Em nenhum momento fizemos coisa de casal, nos abraçando ou algo do tipo. Os caras perceberam e falaram para meu namorado que 'ali não era lugar para nós' e que 'bastava um soco que resolvia'. Ainda disseram que, pelo menos, ele tinha voz de homem, ao contrário de mim". A discriminação se manifestou de forma explícita e vexatória.
A tentativa de encontrar auxílio dentro do estádio foi infrutífera. Segundo Lucas, a busca por funcionários do clube, seguranças ou policiais no setor leste superior não obteve sucesso.
"O mesmo dinheiro que eles pagaram, nós pagamos também. Temos o direito de ver o Corinthians, assim como eles (agressores). Procuramos os funcionários, mas apenas encontramos dois bombeiros que não puderam nos ajudar. Meu namorado ficou com medo de causar tumulto e arrumar mais confusão e, por isso, fomos embora". A ausência de suporte adequado contribuiu para a sensação de vulnerabilidade e a decisão de deixar o local.
A Vitória Amarga: O Preço da Intolerância para o Torcedor
Enquanto Matheuzinho cruzava a bola com precisão para Memphis Depay cabecear e selar a vitória do Corinthians , Lucas e Leonardo já estavam a caminho de casa, no trem. O momento de euforia coletiva foi roubado deles pela intolerância, transformando uma conquista esportiva em uma memória dolorosa.
O impacto emocional foi profundo, maculando a alegria da vitória. Lucas reflete sobre as consequências:
"Nem consegui ficar feliz pelo Corinthians. Foi uma vitória que não teve emoção, pareceu que manchou. Não sei o quanto isso ainda ficará manchado. Será que vou poder ir ao estádio de novo? Será que vou me sentir seguro com meu namorado?". A experiência lançou dúvidas sobre a capacidade de desfrutar novamente do espetáculo do futebol com tranquilidade e segurança.
Justiça e Prevenção: O Papel do Corinthians na Busca por Respostas
O Corinthians , ao ser contatado, informou que procurou o casal para oferecer apoio, coletar informações sobre o local do ocorrido e avaliar as medidas cabíveis. O clube convidou Lucas e Leonardo para assistir ao próximo jogo, contra o Fortaleza, na Neo Química Arena.
Lucas Rabelo deixou claro seu objetivo com o boletim de ocorrência:
"Abrimos o boletim de ocorrência. Não vou processar o Corinthians, só quero que o clube ajude a identificar as pessoas que estavam ao meu lado para que elas sofram as sanções previstas na lei. Os assentos são marcados e há a biometria facial agora no estádio". A exigência é por justiça e pela responsabilização dos agressores, utilizando as ferramentas de segurança disponíveis no estádio para coibir tais atos e garantir que o futebol seja um ambiente verdadeiramente inclusivo para todos.
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