Biometria Facial na Arena Corinthians: Foragidos Presos e Cambistas Bloqueados

A Neo Química Arena, palco das emoções corintianas, transformou-se em um modelo de segurança e integridade, graças à implementação de um avançado sistema de biometria facial. Em parceria com o programa "Muralha Paulista" do Governo do Estado, o clube integrou sua plataforma de reconhecimento à Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), marcando um novo capítulo na gestão de acesso e combate a ilícitos.

Os resultados iniciais dessa colaboração são notáveis. Em apenas duas partidas disputadas no estádio ? contra Bahia e Palmeiras, válidas pelo Campeonato Brasileiro ? oito indivíduos com mandados de prisão em aberto foram detidos. O Dérbi, em particular, registrou três dessas prisões, sendo duas por dívida de pensão alimentícia e uma por estelionato, todas efetuadas nas catracas de acesso à arena.

Essa eficácia é atribuída ao sistema de identificação facial, que está em pleno funcionamento na casa corintiana desde o retorno das atividades após a pausa da Copa do Mundo de Clubes, em julho. Mais de 395 mil cadastros com biometria facial já foram realizados, criando uma base robusta que permite a rápida identificação de pessoas com pendências judiciais. Vale ressaltar que o Allianz Parque, estádio do Palmeiras, também se beneficia do programa Muralha Paulista para detenções similares.

Tecnologia e Inteligência Contra Ilícitos

A iniciativa do Corinthians vai além do simples reconhecimento facial. O clube estabeleceu uma célula de inteligência interna, operando em conjunto com a SSP. Esta unidade é responsável pelo monitoramento detalhado de informações sobre compras de ingressos e cadastros de torcedores, visando uma abordagem proativa na segurança.

Por meio do cruzamento de dados, a célula de inteligência consegue identificar uma série de irregularidades, como o cambismo, a circulação de ingressos falsificados, divergências de CPFs e, crucialmente, impedir a entrada de indivíduos com pendências na Justiça. É um esforço contínuo para garantir que apenas torcedores legítimos e sem problemas legais acessem o estádio.

A efetividade dessas medidas é comprovada pelos números. O Corinthians reportou o bloqueio de 247 cadastros no programa Fiel Torcedor que utilizavam CPFs de pessoas já falecidas, além de 108 cadastros associados diretamente a cambistas. Esses dados demonstram a abrangência e o impacto da nova política de segurança.

O Combate ao Cambismo e o Alerta aos Torcedores

Apesar dos avanços tecnológicos, o cambismo persiste como um desafio. No clássico contra o Palmeiras, 142 torcedores foram impedidos de entrar na Arena por portarem ingressos adquiridos de cambistas. Situações como essas geram frustração e prejuízo para os fãs.

Marcelo Munhoes, diretor de Tecnologia do Corinthians , ilustrou a gravidade do problema: "Encontrei uma família que viajou por horas de Penapólis a São Paulo e não conseguiu entrar na arena. Eles compraram os ingressos pelo Facebook e, claro, eram ingressos falsos. Neste caso, havia até QR Code, o que não existe mais, já que o acesso agora é apenas pelo reconhecimento fácil." Ele fez um apelo veemente à conscientização: "O cambismo ainda se alimenta da ignorância das pessoas e daqueles que querem fazer o caminho supostamente mais fácil. É surreal! É importante alertar: compre apenas pela plataforma oficial do clube. Hoje vale a pena fazer o Fiel Torcedor e, além de descontos, garantir prioridade na compra."

A contínua implementação e aprimoramento dessas tecnologias de segurança e controle serão testadas novamente no próximo compromisso do Corinthians na Neo Química Arena: o jogo de volta das quartas de final da Copa do Brasil, contra o Athletico-PR, agendado para 10 de setembro, às 21h30 (de Brasília). A expectativa é que o sistema continue a garantir um ambiente mais seguro e justo para todos os frequentadores.