Augusto Melo no Corinthians: Sucessos Financeiros e Alegações de Perseguição

À frente do Sport Club Corinthians Paulista, o presidente Augusto Melo tem se desdobrado em meio a um turbilhão de polêmicas e acusações. Em um cenário de intensa disputa política e midiática, o dirigente não apenas defende a integridade de sua gestão, mas também apresenta um balanço de conquistas financeiras e esportivas que, segundo ele, marcam um novo capítulo na história do clube. A narrativa de Melo se divide entre o resgate econômico do time e a incessante luta contra o que ele descreve como uma implacável perseguição pessoal e institucional.

A Nova Visão Financeira do Corinthians

Ao assumir a presidência, o cenário financeiro herdado pelo Corinthians era de notável gravidade, uma realidade que a nova administração se propôs a enfrentar e reverter. Apesar dos desafios iniciais, a gestão de Augusto Melo se orgulha de ter mantido uma política de preços acessíveis, um feito inédito para o torcedor corintiano. A decisão de congelar os valores dos ingressos por um ano, e também as mensalidades e títulos do clube social por um período de um ano e meio, foi estratégica: visava lotar a Arena, amplificar a visibilidade para os parceiros comerciais e, consequentemente, justificar patrocínios mais robustos.

Essa abordagem, focada em valorizar a presença do torcedor e a exposição da marca, culminou em um incremento significativo nas receitas de patrocínio e na valorização dos ativos do clube. O Corinthians , sob sua liderança, renegociou contratos, transformando cifras modestas em valores expressivos, evidenciando o poder de sua marca como uma vitrine de alcance nacional e internacional. Essa estratégia não só fortaleceu o caixa do clube, mas também reafirmou sua posição de destaque no cenário esportivo brasileiro.

A visão de Melo para o clube se estendeu à gestão de seus ativos mais valiosos: os atletas. A recusa de ofertas substanciais, totalizando mais de 100 milhões de euros por quatro jogadores, demonstra uma confiança na valorização futura do elenco. Um exemplo emblemático é a negociação de Wesley, que teve uma proposta inicial de 8 milhões de euros recusada. Com uma aposta na evolução do jovem talento, o jogador foi posteriormente vendido por 25 milhões de euros, gerando um lucro considerável para o clube. Essa abordagem, que prioriza a visão de longo prazo sobre ganhos imediatos, tem sido um pilar na construção de um elenco robusto e valioso.

O Retorno do Torcedor e a Liderança em Audiência

Os resultados da gestão não se limitam apenas às cifras e contratos. No ano anterior, o Corinthians registrou uma arrecadação inferior à de seu rival, o Flamengo, em direitos de transmissão televisiva. Contudo, as projeções para os próximos cinco anos indicam uma inversão desse quadro, com o clube paulista se consolidando como o maior recebedor de direitos de TV no futebol brasileiro. Essa projeção é um reflexo direto da comprovada audiência recorde do Corinthians , atestando sua inquestionável popularidade e o engajamento de sua torcida.

Com recordes de receita e público, o Corinthians tem assistido ao retorno de sua massa torcedora à Arena, que agora desfruta de um time competitivo e atrativo. A gestão se orgulha de ter um superávit de 9,5 milhões de reais e uma dívida real de balanço de 88 milhões, além de um ativo em atletas que supera os 700 milhões de reais, um patamar nunca antes alcançado pelo clube. Este cenário financeiro equilibrado, somado à manutenção de um elenco de alto nível, tem sido fundamental para resgatar a alegria e o orgulho do corintiano.

A Denúncia de Perseguição e a Defesa Pessoal

Em contrapartida às conquistas anunciadas, o mandatário corintiano refutou categoricamente qualquer vínculo com o submundo do crime organizado, classificando tais insinuações como parte de uma orquestrada campanha de difamação. Segundo ele, essa estratégia de descredibilização não é recente, remontando ao período eleitoral, e inclui ameaças veladas, vigilância constante e tentativas reiteradas de invalidar sua candidatura e, posteriormente, sua administração.

?Na nossa gestão, não. Eles tentam criar essa narrativa em cima de mim. Eu tenho quase 45 anos de Corinthians, por isso que eu ganhei com quase 70%. Quem era o Augusto na mídia? Quem era o Augusto pra tirar uma dinastia poderosa, com uma máquina na mão, depois de 17 anos? Ganhei com quase 70%. Eu nunca tive problema com ninguém, nem ética, nem discussão. Sou um cara que tem um carisma muito grande, estou no clube desde moleque, sempre joguei futebol, que era o meu forte, sempre tive uma amizade muito boa, nunca tive problema com a polícia, nunca tive nada?, afirmou.

Com quase meio século de história no Corinthians , Augusto Melo argumenta que sua ascensão à presidência, quebrando uma hegemonia de 17 anos, naturalmente gerou resistências. Ele se apresenta como um indivíduo de conduta ilibada, sem histórico de conflitos éticos ou problemas com a justiça, credenciais que, segundo ele, justificam a expressiva votação que o levou ao cargo. A tentativa de impugnar sua candidatura já sinalizava, para ele, o receio de seus oponentes diante de sua força e popularidade dentro do clube.

?A partir do momento que me candidatei, e isso já vem desde a campanha, todos tentaram já impugnar a minha campanha, pois sabiam da minha força no clube. Não conseguiram, venci a eleição e continuaram com essa narrativa de crime organizado", completou.

Vigilância, Ameaças e a Luta Pela Integridade

A gravidade da situação, conforme relatado por Melo, transcende as disputas políticas. Ele revela que, para dissipar qualquer dúvida sobre sua probidade, submeteu-se voluntariamente à quebra de seus sigilos bancário e telefônico. Contudo, a vigilância sobre sua vida pessoal se intensificou, tornando-se uma rotina desde o período eleitoral, motivada por inúmeras ameaças que o levaram, inclusive, a adotar medidas extremas de segurança pessoal.

?Eu que quebrei meu sigilo bancário, meu sigilo telefônico já é, pois sou monitorado desde a eleição, pois tive várias ameaças, a ponto de andar de colete à prova de balas, a ponto da minha filha não poder descer para passear com o cachorro na rua. Foram muitas situações que tivemos que passar para chegarmos onde chegamos.?

O presidente descreve um cenário de sufocamento, tanto financeiro, na fase inicial de sua gestão, quanto emocional, atualmente, visando forçá-lo a desistir. No entanto, ele reitera sua inabalável determinação, fundamentada na convicção de sua inocência e na transparência de sua vida. A persistência de sua personalidade e essência, talvez incômodas para alguns, são, para ele, a prova de que não possui qualquer tipo de ligação questionável.

?Me sufocaram financeiramente dentro do clube e eu consegui driblar para montar o elenco. Hoje me sufocam emocionalmente, eu e minha família, para que a gente possa desistir. Não vamos desistir, porque não devemos nada, minha vida é limpa, por isso que eu sempre bati de frente. Não mudei minha personalidade, minha essência, e talvez seja isso que incomode. Então não tenho nenhum tipo de ligação com ninguém.?

A saga de Augusto Melo no Corinthians é, portanto, um complexo enredo que mistura a reestruturação financeira de um gigante do futebol com uma acirrada batalha contra acusações e perseguições. Sua postura de enfrentamento e a defesa intransigente de sua gestão e reputação prometem manter o cenário político corintiano sob os holofotes por um longo tempo.