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Análise Tática: O Primeiro Mês de Dorival Júnior no Corinthians e Seus Impactos

Por Redação FuTimão em 29/05/2025 04:13

A chegada de Dorival Júnior ao comando técnico do Corinthians completou um ciclo de trinta dias, período marcado por uma intensa reestruturação tática e, inevitavelmente, por turbulências institucionais que culminaram na destituição do então presidente Augusto Melo. Neste intervalo, o experiente treinador não apenas implementou significativas alterações no esquema de jogo, mas também se dedicou a reabilitar jogadores que haviam perdido espaço sob a gestão anterior de Ramón Díaz, enquanto tentava mitigar o impacto do cenário político adverso sobre o desempenho do elenco. O balanço inicial revela nove compromissos disputados, com um retrospecto de cinco vitórias, dois empates e duas derrotas, incluindo uma inesperada eliminação na fase de grupos da Copa Sul-Americana, um revés que adicionou complexidade ao início de sua jornada.

Para um olhar mais detalhado sobre este primeiro mês, é imperativo dissecar os pilares que sustentaram as escolhas e o trabalho do novo comandante, em um contexto de transição e alta demanda. A seguir, uma análise aprofundada dos principais pontos que definem o alvorecer da era Dorival no Parque São Jorge.

A Nova Assinatura Tática do Timão

A transição de comando técnico no Corinthians trouxe consigo uma notável reformulação na identidade tática da equipe. Longe do losango que caracterizava a formação sob a batuta de Ramón Díaz ? um esquema que, diga-se de passagem, frequentemente era alvo de questionamentos pela sua fragilidade defensiva ?, Dorival Júnior rapidamente imprimiu sua própria marca. A preferência agora recai sobre o 4-1-4-1, um desenho que busca maior equilíbrio entre os setores e uma melhor ocupação dos espaços em campo.

Nesse novo arranjo, Maycon foi posicionado de forma mais recuada, atuando como um "camisa 5" que oferece proteção à linha defensiva. Em contrapartida, Raniele, que na era anterior desempenhava um papel mais conservador, passou a ser utilizado de maneira mais avançada, inclusive pisando na área adversária com maior frequência. Sobre essa mudança, o próprio treinador explicou: "? Ele tem coisas próximas de um meia que possa jogar mais a frente, não só como um volante posicionado. Ele tem coisas muito positivas do meio para frente que a gente possa aproveitar. É um jogador importante dentro do grupo ?".

Ainda neste contexto, Carrillo, que se destacou sob o comando de Ramón Díaz, tem sido escalado de forma mais aberta pela direita na linha de meio-campo. Yuri Alberto, por sua vez, muitas vezes se vê mais isolado no ataque, uma característica que ainda requer ajustes finos. Importante notar que o aguardado trio Garro -Memphis-Yuri Alberto, uma combinação que promete potencial ofensivo, ainda não pôde ser testado em conjunto devido à lesão do camisa 9, adiando sua estreia para após a pausa da Copa do Mundo.

Revalorização de Atletas no Elenco Alvinegro

Um dos méritos iniciais da gestão Dorival Júnior reside na capacidade de revitalizar jogadores que se encontravam em segundo plano ou em baixa performance. Em meio à intensa rotatividade imposta pelo calendário, o treinador concedeu novas oportunidades a atletas que haviam sido preteridos, transformando-os em peças-chave do seu esquema. Os casos de Maycon e Cacá são os mais ilustrativos dessa estratégia.

Maycon , por exemplo, recuperou a condição de titular em partidas cruciais, desempenhando um papel fundamental na contenção do meio-campo. Cacá, por sua vez, reencontrou seu espaço na defesa, contribuindo para a solidez do setor. Outro exemplo notável é Félix Torres. O zagueiro, que teve sua imagem marcada por expulsões em momentos decisivos, como na final do Paulistão e no confronto com o Racing-URU, foi reinventado pelo treinador. Dorival passou a escalar o equatoriano na função de lateral-direito, onde ele tem recebido elogios e se estabelecido como uma alternativa viável quando Matheuzinho não está em campo.

A Sólida Recuperação Defensiva da Equipe

A fragilidade defensiva foi, sem dúvida, um dos calcanhares de Aquiles da gestão anterior, culminando na saída de Ramón Díaz. Nesse primeiro recorte de trabalho, Dorival Júnior conseguiu apresentar uma notável melhora no quesito. Em nove partidas, a equipe sofreu apenas seis gols, uma média inferior a um por jogo, o que representa um avanço significativo em comparação com o período anterior.

Para ilustrar a discrepância no desempenho defensivo, a tabela a seguir compara os números da equipe sob os dois últimos comandos:

Período Jogos Disputados Gols Sofridos Média de Gols Sofridos por Jogo
Com Dorival Júnior 9 6 0.67
Com Ramón Díaz (2025) 29 33 1.14

Essa estatística demonstra um claro progresso na organização e na efetividade do sistema defensivo, um pilar fundamental para a estabilidade da equipe em campo.

O Desafio da Gestão do Tempo e o Calendário Apertado

O primeiro mês de Dorival Júnior no Corinthians foi marcado por um ritmo frenético de jogos, com a equipe entrando em campo a cada três dias, em média. Essa sequência apertada impôs um desafio considerável à comissão técnica, que teve pouquíssimo tempo para realizar treinamentos táticos e físicos no CT com o elenco completo à disposição. Estima-se que o treinador contou com menos de dez sessões de treino com todos os atletas. Diante dessa realidade, a equipe técnica tem recorrido intensivamente à análise de vídeos como uma ferramenta crucial para acelerar o processo de assimilação tática e aprimorar a organização em campo.

A expectativa é que o cenário comece a mudar após o próximo compromisso contra o Vitória, quando o Campeonato Brasileiro será interrompido para a realização da Data Fifa de junho. Esse período de pausa, tão aguardado, finalmente proporcionará a Dorival o tempo necessário para implementar suas ideias com maior profundidade e realizar os ajustes finos que a equipe demanda.

A Estratégia de Rotação para a Vitalidade do Grupo

Desde sua chegada, Dorival Júnior adotou uma política clara de rotação de elenco , não repetindo uma única escalação nas nove partidas disputadas. A razão para essa abordagem é pragmática e foca na priorização da condição física dos jogadores. O treinador tem sido enfático ao afirmar que dificilmente sacrificaria o bem-estar físico de um atleta em meio a uma sequência tão desgastante de jogos, citando como exemplo a atuação abaixo do esperado na goleada sofrida para o Flamengo, que ocorreu em um período de pouca variação na formação.

Em suas próprias palavras, Dorival salientou a importância de ter um time recuperado em campo: "? O principal é ter uma equipe recuperada em campo. Se entrássemos com uma equipe cansada com o Inter, provavelmente não teríamos o resultado que alcançamos. Fisicamente não alcançamos os resultados que queríamos ?". Essa filosofia de gestão de elenco , embora por vezes possa gerar questionamentos sobre a busca por entrosamento, é vista como essencial para manter a vitalidade e a competitividade do grupo em um calendário tão exigente, buscando evitar o desgaste excessivo que poderia comprometer o desempenho a longo prazo.

Em suma, o primeiro mês de Dorival Júnior no Corinthians revela um treinador que, apesar dos desafios impostos pelo contexto político e pelo calendário apertado, demonstra clareza em sua visão tática e habilidade na gestão de elenco . As mudanças implementadas, a recuperação de jogadores e a melhora defensiva são sinais promissores, indicando que, mesmo em meio à turbulência, há um plano de trabalho sendo executado com seriedade e foco na reconstrução da equipe.

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Mariana

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Comentado em 29/05/2025 09:02 Com essa defesa melhorando, temos que ter fé! Vamos em frente, Corinthians!
Juliana

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Comentado em 29/05/2025 07:31 Eu tô achando que o Dorival vai fazer a gente brilhar de novo! Bora buscar vitórias!
Gabriel

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Comentado em 29/05/2025 05:51 Vai Corinthians! Mudança boa com Dorival!
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